Ronayre Nunes
postado em 21/09/2018 14:15
O espetáculo de rua O camelô e o coronel levará diversão ; e uma dose de conscientização ; ao público, neste sábado (22/9) e domingo (23), às 17h, no Paranoá. A peça, que aborda como as promessas de eleições são danosas (e frequentes), especialmente na periferia, ficará em cartaz até o próximo dia 29. No elenco do grupo Teatro Mesmo estarão Jefferson Leão, Elder de Paula, Januário Jr. (também diretor e idealizador), Letícia Lins, Arthur Matos e Taty Alves. A entrada é franca.
[SAIBAMAIS]Na história, o público poderá acompanhar a história de um coronel (Paula) que tenta se reeleger pela oitava vez, só que agora precisa lidar com a dialética presença de um camelô muito esperto, que chega à cidade sem pretensões de cair nas armações do político. A apresentação teve estreia em 2012, para retornar em 2016 e seguir até os dias de hoje.
;O enredo gira em torno de uma disputa de comunicação entre o camelô e o coronel. O coronel quer se reeleger pela oitava vez e para isso conta com o serviço de um camelô, mas o coronel não cumpre as promessas ao empregado, então fica um fingindo que trabalha e outro fingindo que paga. A gente brinca muito com essas discussões que estão acontecendo no mundo político;, explica Januário Jr, natural do Rio Grande do Norte e morador do Paranoá sobre a apresentação ao Correio.
;A peça fala sobre a questão da política, as promessas que não são cumpridas. É uma questão atual, tem uma veia educativa, a proposta é falar dessas campanhas fajutas, que o candidato vai na comunidade promete mundos e fundos e não faz nada, a justificativa é exatamente essa;, comenta o ator Jefferson Leão.
Formiguinhas da arte
Trabalhando com a formação de público teatral, o pessoal do Teatro Mesmo aposta que a mensagem de O camelô e o coronel amplia os limites do teatro, muito fechado no contexto do Plano Piloto. ;O projeto foi pensado para divulgar, principalmente o teatro de rua, com formação de plateia. A peça foi pensada para circular aqui mesmo. Essas apresentações a gente já fez em alguns lugares no Paranoá, e a gente está tendo uma recepção incrível. Estamos indo até a área rural. A ideia é que a arte também precisa ir além do Plano. A gente que produz tem de contemplar a nossa quebrada, e acho que aqui merece ter desde orquestra a cinema, todas as artes;, explica Januário.
O argumento é legitimado pelo ator, que ainda aponta a mensagem de defesa política como uma forma de entretenimento: ;Além de trazer a cultura, a mensagem também alerta a população de que não adianta votar em candidatos que prometem muito, mas não fazem nada. Chega um candidato nessas localidades e fazem muito comício para prometer tanta coisa, e a gente ver essa realidade que acontece aqui nesse período;.
O espetáculo, que terá mais um fim de semana de exibição, ainda não está com os dias contados, pelo menos de acordo com Januário. ;Depois do dia 29 é provável que a gente dê um tempo, mas depois, penso em como ir em outros lugares com ele sim;, sugere o diretor, que ainda completa sobre a importância cultural da obra: ;É só importante lembrar que a cultura do país é isso, arte na rua. Essa questão é independente de qualquer governo que esteja administrando, é fundamental que pensem na cultura, e façam a cultura fluir por diversos lugares e diversos agentes, então pensar em apoio para isso é fundamental, é importante entender que a cultura é mais barata que a ignorância;.
* Estagiário sob supervisão de Adriana Izel
Serviço
O camelô e o coronel
Neste sábado (22), às 17h, no Paranoá Parque (Q. 4 , cj 7, lt 1), e no domingo (23) no Cedep (Q. 9 do Paranoá), também às 17h. Entrada franca. Classificação indicativa livre