Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Artistas de som e imagem se destacam nas baladas de Brasília

Em agosto, Brasília recebeu o VJ Torna 2018. O evento, maior da categoria em todo o mundo, ocorreu no Panteão da Pátria



Tanto na noite agitada quanto em eventos corporativos, exposições ou peças de teatro, a figura do VJ é cada vez mais reconhecida, apesar de não ter surgido ontem. Os video jockeys (operadores de vídeo, em tradução para o português) são responsáveis por manipular vídeos ou qualquer outro tipo de material que possa compor uma performance visual, feita ao vivo. A prática ajuda a incrementar a experiência do espectador em harmonia com o som do ambiente e, numa capital cheia de grandes monumentos, tem conquistado um espaço cada vez mais consistente.

Em agosto, Brasília recebeu o VJ Torna 2018. O evento, maior da categoria em todo o mundo, ocorreu no Panteão da Pátria. Em batalhas de video mapping, ou seja, de projeções em superfícies arquitetônicas, 20 VJs coloriram a capital nas noites dos dias 24 e 25 de agosto. Entre os cinco premiados, três mulheres. A vencedora foi a brasiliense Graziela Paes, VJ Grazzi, num trabalho recheado de muita representatividade feminina e que reverenciou nomes como Elza Soares e Marielle Franco.

;Foi muito engraçado porque eu nem ia competir, eu não gosto de competição;, relembra Grazzi. Em parceria com o amigo Mattheus Macedo, com quem fez faculdade de cinema, ela venceu três batalhas, chegou à final e levou o prêmio. ;Só tinha homem no júri, só tinha homem dando workshop, a grande maioria dos participantes eram homens;, ela conta. ;Eu estar lá, mostrando que é possível e que, caramba, a gente pode, foi muito incrível.;

Com 26 anos e dois na profissão de VJ, Grazzi produzia eventos quando entrou em contato com outros colegas, ;Aprendi olhando, aprendi indo com eles aos eventos, eles me mostrando algumas coisas;. É fácil observar a união entre os profissionais da área, que se ajudam de maneira exemplar. Entre os principais mentores de Grazzi, ela ressaltou os VJs Bruno Boca, Artur Pessoa e Oga Júlia.

Durante a Copa do Mundo de 2002, no Japão, Bruno começou a observar o que era feito fora do Brasil em animações. A partir daí, descobriu que atuava no mesmo sentido no país e embarcou na carreira. Formado em desenho industrial, passou por quase todas as capitais brasileiras, acompanhou a turnê dos Melhores do Mundo e atuou em inúmeras festas. ;A minha pira é conseguir zerar Brasília e projetar em todos os monumentos e palácios, faltam poucos;, ele revela com muito bom humor. Ele já projetou em diversos monumentos do Eixo Monumental.

Para Oga Julia, brasiliense que agora mora em Miami e trabalha na área desde 2013, o trabalho de um VJ vai muito além da parte técnica: ;Pensamos em imagens em movimento, criamos e ilustramos sons, então acho um grande privilégio poder atuar como VJ, seja no teatro, em concertos musicais, eventos corporativos ou casamentos;.

Antropólogo de formação, Artur Pessoa encontrou na videotecagem o que queria fazer da vida. Desde 2012, ele ilustra eventos de todo tipo desde então. ;A resposta do público é incrível, tenho o hábito de escrever e interagir com o que está acontecendo em festas, por exemplo, já escrevi pedidos de namoro e até de casamento;, ele descreve. Artur já passou por eventos como Na Praia, Favela Sounds, Festa Surreal, Festival Chave do Centro (em SP) e no DVD dos brasilienses da banda Scalene.


O veterano Renato Reyzek, com treze anos de profissão, passou oito anos no projeto 5uinto e depois ampliou sua atuação. Para ele, houve um grande boom depois que o mundo voltou os olhos a grandes projeções, como as aberturas das Olimpíadas. ;A cena de Brasília está bem evoluída, com bastante VJs novos trazendo muita mudança e muita diversidade;, ele observa. Reyzek olha para a nova geração de profissionais com confiança: ;Me sinto como professor dessa nova turma, tenho muito orgulho, procuro sempre ajudar a desenvolver recursos e caminhos.;

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco