Diversão e Arte

Artistas de som e imagem se destacam nas baladas de Brasília

Em agosto, Brasília recebeu o VJ Torna 2018. O evento, maior da categoria em todo o mundo, ocorreu no Panteão da Pátria

Mariah Aquino*
postado em 25/09/2018 06:46
Projeção da VJ brasiliense Grazzi, no evento VJ Torna 2018

Tanto na noite agitada quanto em eventos corporativos, exposições ou peças de teatro, a figura do VJ é cada vez mais reconhecida, apesar de não ter surgido ontem. Os video jockeys (operadores de vídeo, em tradução para o português) são responsáveis por manipular vídeos ou qualquer outro tipo de material que possa compor uma performance visual, feita ao vivo. A prática ajuda a incrementar a experiência do espectador em harmonia com o som do ambiente e, numa capital cheia de grandes monumentos, tem conquistado um espaço cada vez mais consistente.

Em agosto, Brasília recebeu o VJ Torna 2018. O evento, maior da categoria em todo o mundo, ocorreu no Panteão da Pátria. Em batalhas de video mapping, ou seja, de projeções em superfícies arquitetônicas, 20 VJs coloriram a capital nas noites dos dias 24 e 25 de agosto. Entre os cinco premiados, três mulheres. A vencedora foi a brasiliense Graziela Paes, VJ Grazzi, num trabalho recheado de muita representatividade feminina e que reverenciou nomes como Elza Soares e Marielle Franco.

;Foi muito engraçado porque eu nem ia competir, eu não gosto de competição;, relembra Grazzi. Em parceria com o amigo Mattheus Macedo, com quem fez faculdade de cinema, ela venceu três batalhas, chegou à final e levou o prêmio. ;Só tinha homem no júri, só tinha homem dando workshop, a grande maioria dos participantes eram homens;, ela conta. ;Eu estar lá, mostrando que é possível e que, caramba, a gente pode, foi muito incrível.;

Com 26 anos e dois na profissão de VJ, Grazzi produzia eventos quando entrou em contato com outros colegas, ;Aprendi olhando, aprendi indo com eles aos eventos, eles me mostrando algumas coisas;. É fácil observar a união entre os profissionais da área, que se ajudam de maneira exemplar. Entre os principais mentores de Grazzi, ela ressaltou os VJs Bruno Boca, Artur Pessoa e Oga Júlia.

Durante a Copa do Mundo de 2002, no Japão, Bruno começou a observar o que era feito fora do Brasil em animações. A partir daí, descobriu que atuava no mesmo sentido no país e embarcou na carreira. Formado em desenho industrial, passou por quase todas as capitais brasileiras, acompanhou a turnê dos Melhores do Mundo e atuou em inúmeras festas. ;A minha pira é conseguir zerar Brasília e projetar em todos os monumentos e palácios, faltam poucos;, ele revela com muito bom humor. Ele já projetou em diversos monumentos do Eixo Monumental.
Oga Julia também participou da competição internacional que movimentou Brasília no último mês de agosto

Para Oga Julia, brasiliense que agora mora em Miami e trabalha na área desde 2013, o trabalho de um VJ vai muito além da parte técnica: ;Pensamos em imagens em movimento, criamos e ilustramos sons, então acho um grande privilégio poder atuar como VJ, seja no teatro, em concertos musicais, eventos corporativos ou casamentos;.

Antropólogo de formação, Artur Pessoa encontrou na videotecagem o que queria fazer da vida. Desde 2012, ele ilustra eventos de todo tipo desde então. ;A resposta do público é incrível, tenho o hábito de escrever e interagir com o que está acontecendo em festas, por exemplo, já escrevi pedidos de namoro e até de casamento;, ele descreve. Artur já passou por eventos como Na Praia, Favela Sounds, Festa Surreal, Festival Chave do Centro (em SP) e no DVD dos brasilienses da banda Scalene.
Artur Pessoa já passou por projetos como o 'Na Praia', o 'Favela Sounds' e a festa Surreal

O veterano Renato Reyzek, com treze anos de profissão, passou oito anos no projeto 5uinto e depois ampliou sua atuação. Para ele, houve um grande boom depois que o mundo voltou os olhos a grandes projeções, como as aberturas das Olimpíadas. ;A cena de Brasília está bem evoluída, com bastante VJs novos trazendo muita mudança e muita diversidade;, ele observa. Reyzek olha para a nova geração de profissionais com confiança: ;Me sinto como professor dessa nova turma, tenho muito orgulho, procuro sempre ajudar a desenvolver recursos e caminhos.;

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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