Agência Estado
postado em 01/10/2018 09:38
O cantor francês Charles Aznavour morreu aos 94 anos, informaram nesta segunda-feira (1/10), jornais locais na França. Dono de uma carreira com números superlativos, ele compôs mais de mil músicas, gravou mais de 100 álbuns, vendeu 200 milhões de discos e fez mais de 60 filmes.
Chamado de "Frank Sinatra da França", o artista de ascendência armênia nasceu numa família de artistas em 22 de maio de 1924. Aos 9 anos, já estava atuando no palco. Chamava-se, então, Shanour Vaginagh Aznavourian. Tinha uma bela voz, mas talvez não se tivesse tornado mito sem a ajuda de uma madrinha.
Na verdade, de uma amante. A lendária Edith Piaf ouviu-o cantar, sentiu-se arrebatada por sua virilidade e o integrou ao seu show, levando-o em turnê pela França, até os EUA.
Rebatizado Charles Aznavour, tornou-se o cantor e compositor do amor. Poliglota, cantou - e compôs - os próprios sucessos em várias línguas. Que c;Est Triste Venise, ou Com;e triste Venezia, How sad venice can be. Elle/She. E muitas outras.
Sua amizade com outros artistas rendeu parcerias. Elvis Costello fez uma versão de She para a comédia romântica Um lugar chamado nothing hill. Plácido Domingo gravou a versão de Aznavour para Ave Maria. E cantaram com ele Fred Astaire, Bing Crosby, Ray Charles e Liza Minnelli.
Apesar da pequena estatura, 1,60m, era um gigante no palco. O mito ultrapassou-o e, no Japão, como Char Aznable, virou personagem de uma famosa animé de ficção científica, Mobile suit guindam. No cinema, fez um pequeno papel em O testamento de Orfeu, de Jean Cocteau, e estrelou Atirem no pianista, policial de François Truffaut adaptado do escritor David Goodis, ambos em 1960.
No mesmo ano, A passagem do Reno, de André Cayatte, venceu o Leão de Ouro em Veneza, derrotando Rocco e seus irmãos, de Luchino Visconti. Outros filmes importantes: Thomas l;Imposteur, de Georges Franju; Vidas em jogo/Folies Bourgeoises, de Claude Chabrol; O tambor, de Volker Schlondoreff; e Ararat, de Atom Egoyan.
Aznavour foi sempre ligado ao Canadá e à causa de Quebec Livre. Tem a ver com sua origem armênia. Em 1988, quando um grande terremoto destruiu Erevan, criou a Fundação Aznavour para a Armênia. Tornou-se embaixador honorário do país. Recebeu a Legion d;Honneur na França, o título de Herói Honorário da Armêrnia e o MIDEM Lifetime Achievement Award.
Recebeu também o Leão de Ouro honorário em Veneza pela trilha de Morrer de amor (André Cayatte), um César (Oscar francês) honorário e o prêmio de carreira do Festival do Cairo. Apresentou-se diversas vezes no Brasil.