Diversão e Arte

Festival chinês tem cineasta brasileira

Daniela Thomas é uma das diretoras do longa-metragem 'Half the sky', filme composto por cinco histórias centradas em personagens femininas

Carlos Helí de Almeida - Especial para o Correio
postado em 16/10/2018 07:19
'Half the sky' é composto por cinco histórias centradas em personagens femininas

Pingyao (China) ; Concebido como plataforma para o cinema independente chinês, o Festival Internacional de Pingyao (PYFF) chega a sua segunda edição reafirmando o compromisso de aproximar realizadores e as plateias do Ocidente e do Oriente. A maratona chinesa começou na última quinta-feira e segue até o dia 20. O ponto alto dos primeiros dias de festival foi a exibição de Half the sky, longa-metragem composto por cinco histórias centradas em personagens femininas, dirigidas por cinco diretoras ; uma delas é a brasileira Daniela Thomas, autora de obras recentes como Vazante e O banquete.

Codirigido pela russa Elizaveta Stishova, a indiana Ashwiny Iyer Tiwari, a chinesa Liu Yulin e a sul-africana Sara Blecher, Half the sky é o segundo título de uma série de filmes inspirados nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e coproduzido por Jia Zhangke, prestigiado cineasta chinês e idealizador do festival.

O evento ocorre anualmente dentro das antigas muralhas da cidade Pingayo, com quase 3 mil anos de história e considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, na província de Shanxi, onde Zhangke rodou a maior parte de seus filmes.

A criação de um festival como o PYIF ganha força num momento em que o governo chinês investe pesadamente no parque industrial cinematográfico, construindo estúdios de cinema, ampliando o circuito de salas de exibição, além do estímulo à criação de festivais ; o de Macau, no litoral sul do país, chega este ano à terceira edição, em dezembro. Esses esforços, no entanto, priorizam a produção, a promoção e a exibição de filmes comerciais. Hoje, a China é o terceiro maior mercado de cinema do mundo, ficando atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos.

"A maior parte dos filmes nacionais e estrangeiros que podem ser exibidos aqui na China são grandes produções, feitas por grandes companhias. A ideia de Pingayo é poder aproximar não somente o pequeno realizador e o público local do cinema independente que é feito aqui, como também colocá-los em contato com o cinema independente que é feito lá fora", explica Zhangke, autor de As montanhas se separam (2015), visto por 1,2 milhão de espectadores chineses. "Um evento de cinema como este serve para aproximar modos de feitura e de olhares, estimular essa troca", diz.

Zhangke tem como braço direito o curador artístico Marco Mueller, um ítalo-suíço que esteve à frente de outras contentas cinematográficas de prestígio internacional, como a de Veneza, a de Locarno e a de Roma. Os dois trabalham em conjunto com um time de conselheiros que inclui o russo Aleksandr Sokurov, o francês Olivier P;re, o chinês Johnnie To, o americano James Schamus e o brasileiro Walter Salles, autor do documentário Jia Zhangke ; Um homem de Fenyang (2015), sobre o colega chinês.

'The wind guardians', animação dirigida por Liu Kuo, também é destaque na mostra chinesa

Pacote

Também com o mesmo tom feminista de Half of sky, Lust stories, outro filme com quatro histórias sobre mulheres é destaque no festival. O filme é dirigido por Anurag Kashyap, Zoya Akhtar, dibakar Banerjee e Karan Johar. Os dois fazem parte do pacote de títulos exibidos em sessões de gala, fora de concurso.

As outras produções que merecerão tapete vermelho especial são Wild life, do americano Paul Dano, e Red flowers and green leaves, dos chineses Liu Miaomiao e Hu Weijie. The wind guardians, animação dirigida por Liu Kuo, e Throw down (2004), do conterrâneo Johnnie To, ganharão apresentações especiais.

Mas a principal atração do Festival de Pingayo são suas mostras competitivas, que reúnem títulos nacionais e estrangeiros. A Hidden Dragons, dedicada a filmes de gênero inovadores, este ano será disputada por Los silêncios, da brasileira Beatriz Seigner, vencedora do prêmio de direção do Festival de Brasília deste ano; Em liberté, do francês Pierre Salvadori; Vulkan, do ucraniano Roman Bondarchuk; Kraben rahu, do tailandês Phuttiphong Aroonpheng; Cities of las things, do taiuanês Ho Wi-ding, e When love blossoms, do chinês Ye Jiangtian.

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