Ronayre Nunes
postado em 22/10/2018 08:20
O tempo em que as séries mais divertidas do momento estavam restritas à televisão está cada vez mais no passado. Atualmente, as opções de streaming estão propondo uma linha própria de produção, se tornando alternativa às clássicas emissoras. Opções gratuitas, e que estão até mesmo nas redes sociais, apontam que as séries saíram da caixinha para ampliar o público e a produção.
"Que (o streaming) aumenta a concorrência é certo. Isso, inclusive, pode ser quantificável. Se hoje uma emissora consegue um bom nível de audiência, com 15 milhões de pessoas, antes ela tinha 40 milhões. O número de novas produções também vem aumentando com novos serviços, mas também não sei se isso altera tanto o conteúdo na tevê", sugere Rodrigo Seabra, autor do livro Renascença: A série de TV no século XXI, sobre como a programação das emissoras reagem ao avanço do streaming.
Seabra criou em seu livro a teoria da "renascença da TV" defendendo o argumento de que o século 21 levou às telinhas séries com um novo patamar de qualidade: "O conteúdo ficou muito melhor. Em todos os sentidos: técnico, enredo, narrativa. Determinadas séries levantaram, e muito, o grau de qualidade, o que colocou as outras emissoras em um patamar de busca para alcançar tal qualidade". Atualmente, o resultado dessa turbinada nas séries permite um aumento de audiência.
As mais recentes empreitadas nesse sentido são a produção original do Facebook, pelo Facebook Watch, e do YouTube. No Brasil, o serviço do primeiro chegou há pouco mais de dois meses, enquanto o segundo já trabalha com séries há um pouco mais de tempo, mas se prepara para lançar a mais ousada promessa: a série Origin, em novembro.
"Origin talvez seja uma das maiores produções do ano para o YouTube e, pelo que já pude ver em um evento em Nova York, parece ser uma grande produção. Com isso, essa vertente de produção do YouTube vai crescer. Eles podem chegar a competir com a Netflix, mesmo reforçando que a estrutura da Netflix atualmente ainda é melhor", adianta Michel Arouca, editor do portal Séries Maniacos, sobre a linguagem mais próxima das superproduções, mesmo nas plataformas de streaming.
Mais tempo
Sobre o conteúdo original do Facebook, Mauro Bedaque, líder de parcerias de entretenimento da rede social para a América Latina, lembra que até agora a experiência tem mostrado resultados: "Em números, apenas para se ter uma ideia, a série Sorry for your loss já conta com mais de 3,8 milhões de visualizações em seu primeiro episódio. O tempo total gasto assistindo a vídeos no Facebook Watch aumentou em 14 vezes desde o início de 2018, e um terço das pessoas que assistem a pelo menos um minuto de vídeo no Watch hoje devem retornar e assistir a pelo menos um minuto de vídeo amanhã".
Entretanto, essa produção não pretende se solidificar como carro-chefe da rede social, mas sim, funcionar como uma espécie de incentivo para que mais criadores independentes sejam atraídos à plataforma com foco na conexão entre pessoas. "Vamos continuar investindo em alguns programas originais com apelo global com essa mesma finalidade, mas o financiamento é apenas uma das maneiras pelas quais podemos trazer ótimos conteúdos para o Watch. Vamos focar realmente em dar suporte a uma ampla gama de conteúdo de vídeo de criadores e publishers em todo o mundo, ajudando nossos parceiros a obter sucesso com seus (próprios) vídeos", completa Bedaque.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader