Robson G. Rodrigues*
postado em 25/10/2018 06:30
Michael Myers, um dos vilões mais lembrados da história de Hollywood, volta a empolgar público e crítica 40 anos após o primeiro filme Halloween. A nova sequência do serial killer mascarado bateu recorde de estreia entre os filmes da franquia nos Estados Unidos e vem conquistando boas avaliações dos críticos. Com US$ 77,5 milhões arrecadados no lançamento, é a segunda maior bilheteria americana para filmes de terror. Perde apenas para It: a coisa (2017), que acumulou US$ 123 milhões no primeiro fim de semana. Chega ao Brasil às vésperas das comemorações de 31 de outubro, data em que fãs de filmes do gênero se reúnem para maratonas.
Entre continuações e remakes, essa é a 11; produção da série Halloween. David Gordon Green, habitual diretor de dramas e comédias, faz sua estreia nos filmes de horror. Ele resgata o título ignorando todas as sequências feitas depois do clássico de John Carpenter. É o primeiro filme da franquia em nove anos.
O novo Halloween se passa 40 anos após os fatos do primeiro longa. No original, o psicopata Michael Myers foge na véspera do dia das bruxas do hospício onde esteve preso por 15 anos pelo assassinato da irmã. Com o rosto coberto por uma máscara e um macacão, ele aterroriza a cidade natal que nunca se esqueceu dele ; e, passadas décadas, ainda se lembra.
A então colegial Laurie Strode (Jamie Lee Curtis de volta ao papel que a tornou famosa) sobreviveu à noite de massacre e sofreu todos os anos que se seguiram, marcada pelo trauma. O desejo de vingança um pelo outro se acirrou com o tempo e aumenta o anseio pelo acerto de contas entre vítima e serial killer. Novamente às soltas, no halloween, como não podia deixar de ser, Michael Myers (James Jude Courtney substitui ) retoma o banho de sangue no caminho até Laura, que se sente preparada para o reencontro.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Fora de Hollywood
Quatro dramas figuram entre as estreias de produções da semana feitas fora de Hollywood. São eles o francês Meu anjo, o português A fábrica de nada (foto), o brasileiro A cabeça de Gumercindo Saraiva e o venezuelano Tamara.
Em Meu anjo, a pequena Elli mora com a relapsa mãe Marl;ne em uma pequena cidade de Riviera Francesa. Interessada na vida noturna, Marl;ne abandona Elli em certa ocasião por conta de um rapaz que acabara de conhecer e deixa a menina à deriva. Fábrica de nada, de Pedro Pinho, relata a luta de um grupo para manter o emprego de funcionários de uma fábrica de elevadores que está prestes a fechar. As máquinas são levadas embora sem que os trabalhadores consigam travar a ação. Eles então se organizam para impedir o pior. A ida de Francisco Saraiva acompanhado por cinco cavaleiros em busca da cabeça do pai, o caudilho revolucionário Gumercindo Saraiva, é mote do filme A cabeça de Gumercindo Saraiva, do cineasta gaúcho Tabajara Ruas. Baseado no livro homônimo do próprio Ruas com Elmar Bones, a trama se passa na Revolução Federalista que marcou o sul do Brasil no fim do século 19.
Asiáticos em cena
A comédia romântica moderna Podres de ricos encheu plateias por onde por onde passou e caiu nas graças do público. Em tempos de reivindicações por representatividade nas telas, o longa conta com elenco inteiramente composto por atores descendentes ou nativos de países asiáticos. O filme norte-americano arrecadou mais de US$ 231 milhões ao redor do mundo desde que estreou lá fora. O sucesso nas bilheterias e a boa recepção da crítica geraram até mesmo especulação de continuação para o filme lançado em agosto nos Estados Unidos.
Dirigido por Jon M. Chu (G.I. Joe: Retaliação), Podres de ricos é adaptação do livro Asiáticos podres de ricos, de Kevin Kwa. A trama é centrada no casal Rachel Chu (Constance Wu), uma professora de economia nos Estados Unidos, e Nick Young (Henry Golding), cujo melhor amigo se casará em Singapura. Quando viajam para a cidade asiática, ela descobre que seu namorado é um dos herdeiros mais cobiçados por lá e que terá problemas com a sogra (Michelle Yeoh).
Gênero e política
A primeira deputada transexual eleita na Venezuela tem o drama contado na cinebiografia Tamara, dirigida por Elia K. Schneider (Punto y Raya). Tamara Adrian se tornou membro da Assembleia Nacional em 2016 e usa da força política para militar em favor de causas LGBTQ%2b no país que enfrenta forte crise econômica e humanitária.
Tamara é interpretada por Fernández antes e depois da conturbada transição aos 39 anos tratada no filme. Antes de se revelar mulher transexual, Tomás Adrián (Luis Fernández) foi um advogado bem-sucedido, professor universitário e pai de dois filhos. Ele, ou melhor, ela nunca se reconheceu no próprio corpo e olhava para a esposa não com o desejo de tê-la, mas de sê-la. Convicta de que queria ser olhada como uma mulher, passou a tomar hormônios e, em 2002, obteve a redesignação de gênero e se aprofundou na causa de minorias.
Qual a motivação para contar a história de Tamara?
Os temas relacionados aos direitos humanos me interessam bastante porque sou filha de sobrevivente do holocausto alemão. E meus trabalhos vêm sendo muito voltados para esses assuntos. A minoria trans é muito estigmatizada, muito vulnerável e sem direitos humanos. Existe avanço na América Latina para o tema, mas ainda não existe uma legislação que de fato apoie essa comunidade.Também para mostrar como as trans são mulheres lutadoras. Primeiro lutam contra si mesmas para aceitar quem são. Depois vem a luta contra a sociedade, contra a estigmatização, contra a violência e contra as violações de direitos humanos que sofrem principalmente em países como a Venezuela.
Existem grupos que reivindicam a escalada de atores transsexuais nesses papéis. Você selecionou um homem cis para interpretar uma mulher transexual. Como se deu sua escolha para o papel?
Para selecionar o ator, uma das coisas que mais levei em conta não foi seu físico ou sua atuação, o que mais me interessou foi colocar alguém que conseguisse se identificar interiormente com seus papéis masculinos e femininos. E o Luis Fernández, que já é um ator muito conhecido na Venezuela, não precisou de esforço para entrar nos dois papéis. Eu não queria fazer caricaturas de homens e de mulheres, versões sensacionalistas. Esse é um problema muito sério.
Como você percebe a recepção do filme na Venezuela?
Apesar dos problemas enfrentados no país, o filme foi uma das maiores bilheterias na Venezuela , onde se tornou um dos filmes mais assistidos em 2016. Além disso, fez com que os assuntos pertinentes à comunidade LGBT fossem mais discutidos. Principalmente pessoas dessa comunidade tiveram interesse no filme e falar sobre o filme. Muita gente pediu para exibi-lo em fóruns e todo tipo de evento.
Você chegou a conhecer Tamara pessoalmente?
Sim. Era uma advogada muito respeitada e inteligente. Uma deputada que faz oposição ao governo venezuelano. Eu tenho muito interesse pela vida dela. É uma mulher inspiradora que representa mudanças. É uma motivação para superar obstáculos da vida e para a inclusão do que é diferente, do que não é convencional.
Ação estrelada
A estreia de Fúria em alto mar lavará às telas elenco estrelar. Estão reunidos em cena o astro escocês Gerard Butler (O fantasma da ópera, P.S. Eu te amo e 300), o veterano Gary Oldman (vencedor do Oscar por O destino de uma nação) e o rapper Common (O procurado). No suspense sobre águas, o capitao Joe Glass (Butler) está em missão de resgate nas profundezas do Oceano Ártico quando descobre a ameaça de um golpe que pode desestabilizar a ordem mundial.
A missão dele se torna mais perigosa quando o presidente da Rússia (Alexander Diachenko) é sequestrado e os Estados Unidos precisam unir força com a antiga nação rival para evitar problemas maiores. Um grupo de elite da marinha norte-americana então entra em águas inimigas e se alia a russos para impedir a chegada de uma Terceira Guerra Mundial. O filme dirigido por Donovan Marsh (Spud) é baseado no livro Firing Point, de George Wallace e Don Keith.