Agência Estado
postado em 25/10/2018 10:12
A Livraria Cultura entrou com pedido de recuperação judicial, segundo comunicado distribuído nesta quarta-feira (24/10) a editoras e credores da companhia. Mesmo depois de receber uma injeção de cerca de R$ 130 milhões para encerrar as operações da rede francesa Fnac no país, a companhia não conseguiu solucionar seus problemas financeiros e teve de recorrer à proteção da Justiça.A empresa foi criada por Eva Herz, em 1947, e hoje está em sua terceira geração de administradores.
Em comunicado ao mercado, ela disse que "com essa medida visamos normalizar, em curto espaço de tempo, compromissos firmados com nossos fornecedores, preservando a saúde da empresa criada por Eva Herz em 1947, a manutenção de empregos e gerando mais estímulo para crescer".
Nos últimos meses, a empresa deixou de pagar seus fornecedores, ou atrasar os pagamentos. Quando conseguia negociar prazos maiores com as editoras, não podia cumprir os acordos. Comenta-se que recentemente a empresa chegou a oferecer eletrônicos vendidos na loja como forma de pagamento. Algumas editoras chegaram a suspender o fornecimento de livros para a Cultura para evitar prejuízos maiores.
Leia o comunicado da Livraria Cultura na íntegra
"As incertezas do cenário econômico brasileiro e, dentro dela, a crise do mercado editorial, que encolheu 40% desde 2014, fez com que a Livraria Cultura passasse a enfrentar dificuldades, também. Infelizmente, após quatro anos de recessão, o cenário geral no País não apresenta sinais claros de melhoria.
Diante disso, a Livraria Cultura iniciou, há três meses, um duro programa de ajustes: eliminamos lojas de baixo resultado; redimensionamos o quadro de funcionários; cortamos despesas de toda ordem; fizemos uma revisão profunda do planejamento de curto e médio prazos.
Optamos também pela recuperação judicial da Livraria Cultura, cujo pedido está sendo apresentado hoje aos órgãos competentes. Com essa medida visamos normalizar, em curto espaço de tempo, compromissos firmados com nossos fornecedores, preservando a saúde da empresa criada por Eva Herz em 1947, a manutenção de empregos e gerando mais estímulo para crescer.
Já somos hoje uma empresa mais enxuta, eficiente e preparada para enfrentar os desafios do varejo na era do e-commerce. Queremos atuar de forma agressiva nos canais digitais e, ao mesmo tempo, iremos manter poucas, mas ótimas lojas físicas pelo País. Estamos 100% sintonizados à ideia de que elas, as nossas lojas, não vendem apenas produtos e serviços. Vendem experiências que transformam a vida do cliente.
Estamos confiantes: acreditamos que a Livraria Cultura deu a largada para os próximos 70 anos."