Diversão e Arte

Galeria exibe obras de artistas selecionados no Transborda Brasília

A Pilastra é uma galeria totalmente fora do eixo. Localizada no Guará, próximo a um setor de oficinas, tem como proposta receber artistas menos conhecidos e engajados em obras experimentais e ligadas ao universo LGBT

Nahima Maciel
postado em 03/11/2018 06:30
A obra de Diego Bresani que não pôde ser exposta na Caixa chega agora à galeria A Pilastra

A terceira edição do Transborda Brasília ; Prêmio de Arte Contemporânea ganha uma versão estendida na galeria A Pilastra, que recebe obras inéditas dos 12 artistas selecionados depois de realizar uma série de oficinas em parceria com os organizadores do prêmio.

A Pilastra é uma galeria totalmente fora do eixo. Localizada no Guará, próximo a um setor de oficinas, tem como proposta receber artistas menos conhecidos e engajados em obras experimentais e ligadas ao universo LGBT. ;Era uma oportunidade de mostrar outros trabalhos dos artistas;, explica Virgínia Manfrinato, coordenadora do Transborda. A exposição também marca o lançamento do catálogo do prêmio.

Todos os trabalhos expostos são inéditos, incluindo o de Diego Bresani, selecionado pelo júri formado por Marília Panitz (DF), Guga Carvalho (PI), Clarissa Diniz (PE/RJ), Agnaldo Farias (SP) e Lisette Lagnado (SP) para a exposição realizada na Caixa Cultural em agosto e impedido de ser exposto por causa da legislação eleitoral.

Na obra My sweet president, Bresani retoma um episódio ocorrido no Instagram para compor uma instalação. Em 2014, ele fez uma foto do então deputado Jair Bolsonaro a pedido de uma revista. Três anos depois, a foto acabou publicada e o filho do deputado, Eduardo Bolsonaro, não gostou do resultado. Eduardo divulgou a foto no Instagram seguida de um print do perfil do autor, Diego Bresani, que acabou por sofrer perseguições e ameaça de morte. Depois de consultar um advogado e ficar três dias sem sair de casa, com medo, o artista decidiu transformar o episódio em uma instalação.

Bresani reuniu os prints dos ataques em temas como homofobia, esquerdopatia e críticas a sua aparência física e os imprimiu em escala aumentada. ;Queria ver o tamanho que essas mensagens de ódio podiam ocupar, queria tirar do plano digital para o material para ver como é poderoso;, explica o artista, que fez painéis de 3x2m e acrescentou a foto que gerou os ataques. O trabalho não pôde ser mostrado na primeira exposição por causa do apoio da Caixa ao prêmio: a legislação eleitoral impede a exibição de fotos de candidatos por órgãos públicos porque podem ser consideradas propaganda.

Obras inéditas

A obra foi montada em uma galeria privada apenas para ser exibida para a comissão curadora e não chegou a ser apresentada ao público durante a primeira exposição do prêmio. ;A parceria com A Pilastra foi uma oportunidade boa de mostrar o trabalho do Diego;, diz Virgínia. Ela explica que, como a obra de Bresani nunca foi exposta, todos os trabalhos são inéditos e diferentes daqueles selecionados pela comissão do prêmio. ;Mas são dos mesmos artistas e dentro das pesquisas que eles já vinham fazendo;, explica.

Para Virgínia, era importante fazer uma segunda exposição do Transborda fora do Plano Piloto, já que uma das ambições do prêmio é mapear a produção de Brasília e das cidades do entorno. ;A gente queria muito sair do plano e o espaço físico do Pilastra é muito bom;, diz. ;Precisamos expandir ainda mais o prêmio e, a cada edição, a gente vai aumentando o alcance. Vamos conseguir atingir o entorno.;

Transborda Brasília ; Prêmio de Arte Contemporânea 2018
Lançamento do catálogo e mostra dos artistas selecionados. Visitação até 10 de novembro, de segunda a sábado, das 14h às 21h, na galeria A Pilastra (QE 40, Conjunto D, Lote 30, Ap. 101 - Guará II)

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