Diversão e Arte

Simbolistas franceses são tema de leitura: Chico Alvim recita Baudelaire

Encontro na Aliança Francesa celebra simbolistas

Severino Francisco
postado em 08/11/2018 06:30

Francisco Alvim lerá poemas de Baudelaire, uma de suas maiores influências

Os simbolistas franceses Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud e Valéry são os protagonistas do projeto Poesia do Mundo, em quinta edição. Eles serão lidos, hoje, a partir das 19h, na Aliança Francesa (708 Sul), pelo Coletivo Malingéia, formado por Malu Verdi, Francisco Alvim, Angélica Torres L. e Maria Maia. Os professores Guillaume Perche e Nina trindade farão as leituras em francês. Em sintonia com o sarau de poesia francesa, o artista plástico Léo Tavares apresenta a mostra Não só com imagens: ;Venham ouvir e conversar ; o que nos salvará é a arte;, convoca a poeta Maria Lúcia Verdi, coordenadora do projeto.

A escolha dos simbolistas franceses está em sintonia com as grandes indagações do mundo globalizado: a decadência e o mistério. Claro que trata-se de uma decadência e um mistério de uma outra ordem: ;Eles lidavam com um mistério de dimensão filosófica, mas, atualmente, está ligado à tecnologia. O simbolismo é um movimento muito rico, a negação da sociedade passa a ser uma reflexão. Esperamos a presença de pessoas jovens;.

O movimento simbolista surgiu como uma reação ao parnasianismo e ao romantismo, que imperavam no século 19, com Vitor Hugo e Lamartine. Enquanto as duas vertentes literárias enfatizavam a pintura do real, o simbolismo foi muito influenciado pela chegada do Oriente à França, com a cultura hindu, a cabala e o budismo: ;É toda uma onda de informação que estava chegando;, comenta Maria Lúcia Verdi. ;Daí a importância de desvelar o segredo nos poemas. É uma poesia hermética capaz de dialogar com públicos muito diferentes, sejam com os adultos ou com os mais jovens;.

O decadentismo, outro aspecto importante da poesia simbolista, era uma reação contra o caos da sociedade capitalista, as cidades crescendo desordenadamente: ;Era uma vontade de afirmar uma outra coisa;, comenta Maria Lúcia Verdi. ;Essa outra coisa tem a ver com uma volta ao mistério. A questão filosófica do nada. Se negou a existência de Deus. Baudelaire dizia que a grande invenção do homem foi inventar Deus. É uma missão do poeta defender essas gloriosas mentiras. Todos eles se unem em torno da música. O fato que está detrás de minha construção não é explicado muito. É uma música para encantar. As pessoas terão dificuldade de compreender, mas ficarão fascinadas. A poesia simbolista propõe uma aventura de compreensão;.

Maria Lúcia Verdi enfatiza que a poesia simbolista não é conhecida pela maioria das pessoas de cultura média: ;Rimbaud é mais conhecido pelo relacionamento homossexual com Verlaine do que propriamente pela obra poética. Baudelaire é mais conhecido. Mallarmé foi divulgado pelas traduções dos irmãos Campos, mais pelo poema Um lance de dados. Mas não se conhece nada outras coisas importantes que ele produziu. Nós queremos despertar a curiosidade das pessoas para enfrentar as dificuldades da leitura e tentar decifrar o segredo da poesia;.

Maria Lúcia criou o coletivo a partir dos nomes dos participantes. Chamou Chico Alvim porque ele é um grande leitor da poesia de Baudelaire: ;É um privilégio e uma alegria ter o Chico Alvim em Brasília;. Angélica Torres foi escolhida para ler Mallarmé pelo cuidado com a palavra. E a condição de outsider de Maria Maia a credenciou para ler O barco bêbado, de Rimbaud: ;Venham ouvir e conversar ; o que nos salvará é a arte;, convoca a poeta Maria Lúcia Verdi, coordenadora do projeto.



Projeto Poesia do Mundo

Poesia simbolista francesa, com leituras de Francisco Alvim, Maria Lúcia Verdi, Angélica Torres e Maria Maia. Hoje, às 19h, na Aliança Francesa (708 Sul).

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