Diversão e Arte

Karol Conka lança novo disco sobre negritude, empoderamento e sexualidade

Conhecida no cenário rap, Karol Conka resolveu explorar mais ritmos no álbum 'Ambulante'

Adriana Izel
postado em 10/11/2018 06:45
Rapper Karol Conka reassume protagonismo na música com o lançamento de 'Ambulante', disco em que fala de empoderamento, negritude e sexualidade com base em suas experiências

;Quer falar de superação? Muito prazer, sou a própria. Uma em um milhão, original, sem cópia;. É assim que a curitibana Karol Conka se define na faixa Kaça, música que abre o novo álbum da rapper, o disco Ambulante, lançado na sexta-feira (9/11) nas plataformas digitais, e que já havia sido cantada pela artista em participação especial em show de Emicida em outubro no Festival Melanina, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, no Eixo Monumental.

Começar o material com Kaça mostra um pouco da atmosfera do disco, que passeia por temas atuais e fazem parte do discurso constante da artista como sexualidade, gueto, negritude e empoderamento feminino. ;Além de passar informação, tento passar minhas experiências e meu aprendizado pra frente em forma de música. Eu produzo minhas músicas na intenção de levar conforto, força e experiência para as pessoas. Acho legal quando alguém se identifica com as minhas músicas e vem me dizer isso;, revela Karol Conka em entrevista ao Correio.

Essa fala de Karol Conka está bem explícita na faixa Vida que vale, a terceira do disco, quando a rapper rima: ;Minhas frases mudam vidas/ Porque eu pus minha vida em casa frase/ Eu escrevo para cicatrizar feridas/ E te mostrar que é a vida que vale;.

A volta por cima e superação também são outros discursos que Karol Conka faz questão de valorizar neste álbum. Os temas estão em faixas, como Kaça, Bem sucedida, Vida que vale e Desapego, em que ela canta: ;Tudo que ficou pra trás/ Não se faz presente/ Não me serve mais/ O que me move, me satisfaz/ O que não me derruba,/ Me dá forças;. E ela explica o motivo dessa escolha: ;Acho que esse é um disco que tem tudo a ver com o momento em que estamos vivendo no Brasil. Eu fiz o álbum imaginando que pudéssemos passar por uma necessidade de fugir do caos. Esse álbum representa isso pra mim e quero que represente isso para o público, que é uma válvula de escape. E, mesmo fugindo do caos, a consciência é algo permanente;.

Por ser uma artista que se tornou uma figura e uma referência na luta e no empoderamento feminino e negro no Brasil, a rapper diz que faz questão de se manter frequentemente em contato com novos pensamentos. ;Procuro sempre me cercar de pessoas admiráveis, de me nutrir de cultura, porque acho para ser referência é preciso ter uma bagagem. Eu procuro sempre me reinventar, desde sempre, independentemente de ser artista. Vivo em constante movimento de evolução. Não teria graça se não fosse assim, se a gente não evoluísse a cada dia. Tenho essa força de vontade de evoluir;, classifica.

Novos ritmos

Conhecida no cenário rap, Karol Conka resolveu explorar mais ritmos em Ambulante. Além do gênero que a apresentou para o país, a artista rima e canta ao som do trap, do samba, do pop e até do pagode baiano, que é lembrado na faixa Bem sucedida, quando a cantora lembra o refrão da faixa ;piripompom piripompom; sucesso no início dos anos 2000.

;Esse álbum foi produzido de maneira bem natural. Eu escuto muito a diversos ritmos. Junto com o Boss in Drama, que é o produtor do álbum, foi muito fácil transitar por esses lugares. Ele tem essa sensibilidade de captar minha essência. Mas não foi algo premeditado;, completa.

Além da produção de Boss in Drama, parceiro antigo de Karol Conka, com quem ela já fez uma turnê pelo Brasil e gravou faixas como Toda doida, Farofei e Lista VIP, Ambulante tem coprodução da própria rapper. ;É comum eu sempre palpitar nos trabalhos, participo de tudo que rola. Mas nesse álbum mergulhei mais intensamente, eu o coproduzi. Assim como no meu primeiro e no segundo, eu escolhi os temas e foi tudo de maneira bem natural. Era de acordo com o meu humor do dia, por isso é tão diverso;, afirma.

Por ser um disco mais dançante, Karol Conka deve mudar a forma de fazer o show para as próximas apresentações com o repertório de Ambulante. ;Acrescentei uma banda e a dinâmica do show está bem interessante;, adianta. Sobre um retorno à capital federal, ela diz estar ansiosa. ;Acho Brasília um dos lugares mais descolados. As pessoas, além de livres, são muito interessadas na arte. Acho muito legal o movimento da cultura que rola aí. Gosto de estar presente em Brasília, me sinto conectada e atualizada. Amo que o público participa comigo do começo ao fim;, conta.

No ar desde o ano passado à frente do Superbonita, do canal GNT, Karol Conka afirma que adora a oportunidade de estar na televisão ao mesmo tempo em que se dedica à carreira musical. ;É uma experiência muito legal. É o tipo de experiência que me nutre, me faz explorar outros lados meus. Acho bacana quando o público reconhece esse lado plural;, revela.

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