Diversão e Arte

Artistas de Brasília celebram parceria da cena musical da cidade em EP

Plano sequência Vol. 1 é um projeto que reúne João Pedreira, Aiure, Transquarto e YPU

Adriana Izel
postado em 14/11/2018 06:05
As três gravações que integram o EP foram feitas na Casacájá, espécie de espaço cultural
O ator, produtor e cantor João Pedreira se lançou oficialmente no mundo da música há um ano, quando deu os primeiros passos na carreira ao lado da Orquestra Mineral e também passou a integrar o selo Fubá, do estúdio Phabrik. Neste ano, divulgou o primeiro álbum do projeto solo, o disco Água na peneira. Porém, sempre sentiu que sua trajetória na música era algo mais coletivo. ;Comecei a pensar qual seria o próximo passo do selo e do meu trabalho dentro da cena musical e autoral de Brasília;, explica.

A partir desses questionamentos, veio a ideia do projeto Plano sequência, que acabou se tornando em um EP com três gravações de João Pedreira em parceria com outros nomes da cena da cidade, as bandas instrumentais Aiure, Transquarto e YPU. ;Pensei que pudesse ser interessante dar um próximo passo pensando essa conectividade com outros artistas que acompanho, que são meus amigos. Então nesses bastidores de amizade entre artistas fiz contato com a Aiure e pintou uma composição nova;, lembra.

Mar de si, gravada e composta com o trio Lucas Pacífico (guitarra), Renan Magão (bateria) e Gabriela Ila (piano), foi a canção que deu origem ao Plano sequência Vol. 1.. Mas, inicialmente, a faixa seria um single único a ser lançado de forma separada. No meio disso tudo, João Pedreira teve contato com a banda Transquarto, outro projeto instrumental, e sentiu que poderia fazer um single com o grupo também.

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Versão final


Foi apenas durante a produção dos singles que veio a ideia final de um EP, já que Gustavo Halfeld, do duo YPU, era um dos produtores ao lado de Pedro Albuquerque e Thiago Kapassa. A partir daí o projeto avançou ainda mais. Além dos singles, vieram os vídeos que foram gravados na Casacájá, espaço cultural também idealizado e comandado por Halfeld ao lado de Ayla, vocalista da YPU. ;Pensamos, vamos fazer essa gravação ao vivo, com a paisagem da casa aproveitar para filmar. Quisemos entregar um projeto completo. Cada música com uma banda diferente e um vídeo;, explica João Pedreira.

Integrantes das bandas Aiure, Transquarto, YPU e João Pedreira se juntaram no projeto musical

Dessa forma, Plano sequência Vol. 1 ganhou forma com três canções e vídeos já divulgados nas plataformas digitais desde o início do mês: Mar de si (João Pedreira e Aiure), Vazio de lua (João Pedreira e Transquarto) e Vendaval (João Pedreira e YPU). O projeto tem produção do selo Fubá e realização da Casacájá. ;Acho que acabei sendo por trás dos bastidores uma espécide de produtor executivo falando artisticamente;, completa o músico, que fez a produção executiva e artística com Dinho Lacerda, baterista da Orquestra Mineral.

O show de lançamento do EP ocorreu em 1; de novembro na Cervejaria Criolina. A intenção agora é fazer parcerias em apresentações. ;Queremos seguir com o Plano sequência mesclando em nossos shows;, adianta. João Pedreira e sua banda fazem show na sexta-feira na abertura da apresentação do grupo Francisco, el hombre, a partir das 19h, também na Cervejaria Criolina (SOF Sul).

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Duas perguntas / João Pedreira


Como começou a sua carreira musical?
A ideia do projeto começou em 2016, que foi um ano muito difícil e duro para gente da cultura. Vivi as ocupações no Ministério da Cultura (Funarte) e na UnB. Sou formado em teatro e estava finalizando meu curto de artes cênicas. Todo esse processo de 2016 me fez atravessar um momento de compor, de começar a gravar coisas minhas. No começo de 2017, iniciei o projeto solo com EPs que lancei na internet. Eu estava fazendo muitos shows em saraus, festas e espaços no Entorno. Toquei em muitas ocupações. Eu tenho essa comunicação popular, já que venho do teatro e tenho esse caráter performático. Fui amadurecendo isso ao longo do tempo. Até que voltei e montei a ideia da banda, primeiro como um quarteto, que me acompanha, e estreou em outubro do ano passado. A partir daí fiz uma temporada no Canteiro Central e entramos 2018 com a ideia de show. De janeiro a maio, fiquei num processo total de gravar, mixar, masterizar. Ali por abril e maio rolaram os singles até que lancei meu disco e fui de encontro ao processo do Plano sequência. Eu quis desmistificar essa ideia de carreira solo, porque meu trabalho tem uma carga muito coletiva. Em Brasília vemos que há uma dificuldade de olhar para a outra pessoa.

Temos visto esse movimento de união e parceria entre as bandas da cidade. Plano sequência também é influenciado por isso?
Brasília já viveu várias modas, no sentido de que já foi a capital do rock. E o gênero, como um todo, precisou se ressignificar e entranhar em outros gêneros, trazer outras referências. Brasília está saindo desse momento de capital do rock e encontrando todas as vertentes possíveis do cerrado. Esse senso mais popular, de se encontrar de fato nas reuniões, passando pelo Entorno e Plano Piloto, posso chamar isso de micropolítica. Se a gente não se mobiliza minimamente, toda essa cultura que se sente vibrar não aconteceria. Existe sim uma força muito grande cultural. É uma cidade que foi criada para ser porta-voz da cultura. Estamos nos unindo e o Plano sequência é o resultado do que a gente estimula, é resultado de algo de artistas de agora.

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