Diversão e Arte

Claudio Valentinetti autografa biografia de Rita Hayworth no Cine Brasília

O crítico estará na próxima quarta-feira no Cine Brasília para falar sobre o livro 'Cinema, dança e paixão'

Severino Francisco
postado em 17/11/2018 07:00
Rita Hayworth em Gilda: imortalizada pela figura de mulher sensual e, ao mesmo tempo, fatal
Nos anos 1940, ela foi fotografada de bíquini em cima de uma suposta bomba atômica. Era uma época em que o cinema hollywoodiano não escancarava a nudez, só insinuava. Mas, com o charme, a sensualidade, o carisma e o talento, ela se transformou em um símbolo sexual. Era desejada pelos homens e invejada pelas mulheres: ;Os homens dormem com Gilda e acordam com Rita;, dizia Rita Hayworth, a atriz de Gilda, A dama de Xangai, Salomé e Sangue e areia.

Rita Hayworty é a personagem da biografia Cinema, dança e paixão (Ed. Artdigiland), de autoria do crítico Claudio Valentinetti, a ser autografada na próxima quarta-feira, às 19h, no Cine Brasília. Claudio é jornalista, ensaísta, crítico e tradutor. Escreveu livros sobre Eduardo Coutinho, Glauber Rocha, Othon Bastos e Joaquim Pedro Andrade, entre outros.

Por que escolheu Rita Hayworth para uma biografia?
Escolhi a Rita porque, além de ser um fenômeno como atriz, ela teve sorte de representar um tipo de mulher dos anos 1930 e 1940, que acabou fotografada de biquini em cima da imagem de uma bomba atômica. A figura da personagem Gilda, de cabelo ruivo, dançarina, era a imagem do que a mulher da época queria ser. Estávamos em plena Segunda Guerra Mundial. O mundo queria pensar em coisas lindas. Rita encarnava o sonho americano, as esperanças, o desejo de turbinação do mundo. A coisa peculiar é que os homens adoravam. Ela dizia que os homens vão deitar com Gilda e acordam com Rita.

O que fascinava em Rita?
Era uma mulher sexy, linda, extraordinária. As mulheres também gostavam dela. Se reconheciam na simplicidade de fundo. Era uma mulher absolutamente normal. Veio de uma família de origem andaluza, que era toda de dançarinos. Nos cinco maridos e inúmeros casos amorosos, sempre procurou a tranquilidade de uma casa burguesa, os filhos, os jardins. Era a encarnação da bomba do sexo, mas queria encarnar o American Way of life.

A dança era um talento importante na performance dela como atriz?
Sim, isso se vê em vários filmes. Atuou em dois filmes com Fred Astaire, era o máximo de dançarina da época. Além do mais, Fred Astaire era amigo do pai da Rita porque causa dessa comunidade da dança. Ela fez essa formação em casa, a mãe era atriz e dançarina. Era um balé extraordinário naquele período em Hollywood. Nos momentos em que Rita caminha parecia uma onça, uma gata de um modo sensual, mas com um lado de assassina, de mulher fatal. Em Gilda, encarna um papel de uma mulher com um passado muito trambiqueiro. Em Dama de Xangai, era uma assassina.

Sem a dança, ela talvez não fizesse o sucesso que fez?
Hollywood procurava novas divas, nos fins dos anos 30 e 40. A dança é fundamental. Em 1956, atuou em Salomé. Foi um sucesso ligado à sensualidade. O argumento destruiu o filme, porque foi uma história errada. Mas, com certeza, sem a dança, Rita seria uma diva pela metade.

Ela teve sorte na carreira?
Rita surgiu no momento em que cada produtora tinha as próprias divas. Mas ela teve sorte também, porque, graças ao primeiro marido, que era um homem de negócios, foi lançada como se fosse uma mercadoria. Hoje, faz vomitar, mas era comum naquele tempo. Conseguiu inseri-la na Columbia, gostava muito dela e brigava muito com ela.

Qual é o traço que distingue Rita como atriz?
Agradar a qualquer tipo de público, pela beleza, o charme e sexappeal. É uma parte muito importante dos atores hollywodianos.

Quais são os seus filmes preferidos de Rita?
Sem dúvida, gosto de Sangue e areia, gosto muito de Gilda. Para mim, é o mais sexy, tem o streap tease mais sensual e interminável da história de Hollywood. Não tem nudez, mas é sensual. Outro filme que aprecio é A dama de Xangai, porque Orson Welles era um gênio. Não gosto muito de balé, mas, eventualmente, quando ela dança com Fred Astaire, é muito bom. Depois, tem muita coisa comercial honesta, mas nada de extraordinário. A Dama de Xangai foi reavaliado pela crítica francesa como obra-prima do cinema.

Qual a diferença das divas daquela época em Holliwood e as de agora?
Bem, é muito diferente porque naquela época não importava muito o conteúdo, mas a forma como apresentava. Não tratava de temas difíceis, tinha apenas a preocupação de divertir o público. Atrizes eram lindas, maravilhosas. Nos fim dos anos 1970, mudaram um pouco as temáticas.

A beleza dela era construída?
Sim, ela era uma estrela construída, fez tratamento para subir a raiz do cabelo, mas isso não constituía um escândalo na época.

Como resumiria a vida de Rita?
É uma vida, afinal, infeliz. Casou cinco vezes. O primeiro marido era um trambiqueiro. O segundo era o gênio impossível do cinema americano. O terceiro pertencia à comunidade pseudochique. O quarto foi um cator argentino, outro trambiqueiro, que tentou explorar o sucesso de Rita. O outro foi um produtor independente do cinema, mas, depois de um tempo, só tinham em comum a garrafa de bebida. Ela cultiva a lembrança de vários apartamentos destruídos por bebedeira. Atrás da grande estrela, aspirava só a uma vida burguesa tranquila, coisa, que, infelizmente para ela, nunca teve.

Rita Hayworth ; Cinema, dança, paixão
Claudio Valentinetti/Ed. Artdigiland. 230 páginas/Lançamento na quarta-feira, às 19h, no Cine Brasília

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