Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Conheça alguns dos principais maestros e maestrinas do Distrito Federal

O DF tem um belo histórico na formação de músicos brasileiros. O Diversão & Arte fez uma lista com os principais nomes

Brasília vivia os primórdios, quando, em 1963, o idealismo de Levino de Alcântara, um professor pernambucano, radicado na nova capital, o levou a criar a Escola de Música de Brasília. Antes, ele havia formado no Centro de Ensino Médio Ave Branca, em Taguatinga, um coral que serviu de embrião para o Madrigal de Brasília.

Levino foi descoberto em Recife pelo maestro Eleasar de Carvalho, à época diretor da Orquestra Sinfônica Brasileira, que o levou para o Rio de Janeiro. De lá, ele veio morar em Brasília, onde, depois de aprovado em concurso público, se tornou professor de música da Fundação Educacional do Distrito Federal, e logo iniciou a atividade de maestro. Surgia ali o pioneiro de um ofício que, posteriormente, seria exercido por muitos seguidores.

[SAIBAMAIS]Outra referência nessa área, o maestro manauara Cláudio Santoro, formado pelo Conservatório de Música do Rio de Janeiro, ao se transferir para Brasília, criou o Departamento de Música da Universidade de Brasília. Em 1979, ele fundou a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, grupo musical, hoje, com boa avaliação no Brasil e no exterior. Entre os maestros que surgiram em seguida, há os que foram discípulos de Santoro, como o falecido Sílvio Barbato, Emílio de César e Cláudio Cohen, atual regente da OSTN.

Alguns dos maestros com atuação na cidade falaram ao Correio sobre a trajetória e o trabalho que realizam à frente de orquestras e de corais da cidade, que resultam em importante contribuição para a cultura musical brasiliense.


Claudio Cohen
; Regente titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional desde 2011, Cláudio Cohen está ligado ao tradicional conjunto desde a fundação. ;Eu tinha 16 anos, e, em março de 1979, como violinista, participei da fundação da orquestra, criada pelo maestro Cláudio Santoro. No início da década de 1990, me tornei spalla e fui diretor executivo no período em que o Sílvio Barbato exerceu a direção artística;, lembra. ;Quando assumi o comando, promovi alguns festivais de ópera e tempos depois passei a incluir temas de filmes clássicos em nosso programa, o que contribuiu para conquistar novos espectadores para nossos concerto;, acrescenta o maestro, que já regeu outras orquestras no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa, Ásia, América Central e América Latina.

Emílio de César
; Regente do Madrigal de Brasília por 31 anos, entre 1968 a 1999 ; parte desse período como assistente de Levino Alcântara, a quem tem como mestre. Com uma impressionante bagagem musical, Emílio de César já teve sob sua batuta orquestras diversas, entre as quais a da Escola de Música de Brasília, a Sinfônica do Teatro Nacional e outras orquestras e corais no Brasil e exterior. ;Na OSTN, inicialmente, fui assistente do maestro Cláudio Santoro e, depois, ocupei o cargo entre o final de 1981 e 1985;, recorda-se. O maestro agora dá nome a uma escola de música criada no Itapoã. ;Recebi essa homenagem em função do projeto social que desenvolvo há sete anos naquela cidade, voltada para jovens carentes. Lá, criei uma orquestra de cordas, uma banda marcial e um coro, com o apoio de mantenedores;, revela.


Jorge Antunes
; Graduado em violino, composição e regência pela Escola de Música da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), o maestro carioca Jorge Antunes é precursor da música eletrônica no Brasil. Com pós-graduação em composição pelo Centro Latino-Americano de Altos Estudios Musicales, fez parte do corpo docente da UnB entre 197 a 2011. Naquela instituição, dirigiu o Laboratório de Música Eletroacústica e foi professor de composição musical, contraponto e fuga e acústica musical. Entre as obras do mestre destacam-se as óperas Vivalldia (1975), Quorpo santo (1983), A borboleta azul (1995), Olga (2006) e Olympia ou Sujadevez (2016).

David Junker
; Discípulo de Levino de Alcântara e Cláudio Santoro, David Junker é de uma segunda geração de maestros de Brasília e foi fundador e regente do Coral da UnB e do Coro Sinfônico daquela universidade, dos quais está afastado atualmente. ;No momento, faço pós-doutorado em regência, no Campbells Ville University, em Kentucky (EUA), onde fico até 2019;, diz. Junker foi o criador da tradicional Serenata de Natal, que conta com a participação de estudantes de diversos cursos da universidade.

Joel Barbosa
; Um dos mais antigos professores da Escola de Música de Brasília e regente da orquestra e da superbanda da instituição, Joel Barbosa foi assistente da maestrina Elena Herrera na Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, por três anos. ;Sou graduado em trompete e composição e tive David Junker como professor de regência. Fiz pós-graduação na Unicamp, e regi a Orquestra Sinfônica Matanzas, em Cuba;, conta.

Thiago Francis
; Com trabalhos à frente de vários grupos, o maestro Thiago Francis tem agora sob a sua batuta a Orquestra Filarmônica de Brasília, que, na próxima semana, faz concerto, tendo o cantor Jorge Vercillo como convidado. ;Sou professor de violino da Secretaria de Educação, onde desenvolvo projetos de educação musical e formação de bandas sinfônicas jovens;, observa.

Manoel Carvalho
; Pernambucano de Palmares, professor aposentado da Escola de Música e ex-integrante da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, Manoel Carvalho criou, há 36 anos, a Brasília Popular Orquestra, que, na semana passada, lançou um DVD com o registro do trabalho que desenvolveu. ;Com a Brapo, que é uma big band brasiliense, temos nos apresentado em vários palcos da cidade, recebendo o reconhecimento do público;, celebra.


Glicínia Mendes
; Aluna da última turma do maestro Cláudio Santoro na Universidade de Brasília, a maestrina Glicínia Mendes já regeu vários grupos, como a Orquestra Jovem de Brasília e a Orquestra Sinfônica da Escola de Música. ;Desde 1986, sou regente do Coral do Senado, que tradicionalmente faz concertos de gala semestrais. Com o coral, fizemos a premier da Missa Tango, de Martin Palmieiri, aqui em Brasília, no Carnegie Hall, em Nova York e no Konzer Hall, em Viena (Áustria);, frisa.

Joaquim França
; Maestro pop, Joaquim França foi discípulo de David Junker na UnB. Ali, ainda como aluno, regeu a Orquestra de Cordas. ;Fui assistente do maestro Sílvio Barbato por quatro anos e estive à frente da Orquestra Filarmônica de Brasília por 19 anos, com a qual produzi concertos populares, tendo como convidados os cantores Fagner, Guilherme Arantes, Daniel e a cantora Fafá de Belém;, comenta.

Isabella Sokeff
; Mestra em regência coral pela universidade de Missouri, em Columbia (EUA), Isabela Sokeff tem licenciatura em música pela UnB. Regente do Madrigal de Brasília, há um ano, está à frente também do coral Cantus Firmus, com o qual já fez apresentações na Europa, África, América do Norte e América do Sul. ;O Cantus Firmus tem dois CDs, lançados em 1999 e 2010. Recentemente, fomos premiados no World Choir Games, na África do Sul, cantando música folclórica brasileira;, destaca.