Diversão e Arte

Morre o diretor que lançou o astro da música David Bowie nos cinemas

O britânico Nicholas Roeg, que apostou em elaboradas imagens para o cinema setentista, deixou obra estrelada até por Mick Jagger

Ricardo Daehn
postado em 24/11/2018 15:29
morre diretor Nicolas Roeg
De causas ainda não divulgadas por familiares, a morte do cineasta britânico Nicholas Roeg (ocorrida ontem) tirou de cena não apenas um criador de roteiros e enredo, mas um esteta compromissado com a imagem, ao ponto de criar ícones e redefinir a amplitude da capacidade artística de personalidades musicais como Art Garfunkel, ator no filme de Roeg, de 1980, chamado Bad Timing; mas muito mais importante: a passagem de David Bowie, como ser extraterreno de O homem que caiu na Terra (1976).
Dono da concepção de imagens notáveis, Roeg, por exemplo, antes de se afirmar cineasta, comandou a direção de fotografia de Farenheit 451 (clássico de François Truffaut). Ainda pelo ramo da música, ao lado de mestres do cinema como Robert Altman, Jean-Luc Godard e Derek Jarman, Roeg tomou parte da fita de criação coletiva Ária (1987), em que deram vida a personagens inspirado pelas partituras criadas por fenômenos como Vivaldi, Wagner e Bach.
David Bowie foi o astro do filme de Nicholas Roeg O homem que caiu na Terra
Ao lado de Donald Cammell, Nicholas Roeg respondeu pela escolha de trazer Mick Jagger para as telas, à frente do longa Performance (1970), que misturava contravenção ao mundo do rock. Entre os méritos de Roeg, estão dois marcos do cinema: com Inverno de sangue em Veneza (1973), na parceria de Julie Christie e Donald Sutherland, criou uma das cenas mais fortes de sexo, uma vez que retratava o encontro de um casal ainda aturdido pela morte da filha pequena; já com A longa caminhada (1971), sobre dois irmãos perdidos no deserto australiano e que encontram um aborígene em rito de formação de tribo, Roeg competiu ao Festival de Cannes.
Num filme modesto, dada a pretensão do enredo, Roeg trouxe com Malícia atômica (1985) fictício encontro entre Albert Einstein e Marlyn Monroe, numa Nova York dos anos de 1950. Um dos últimos projetos de Roeg a ter ampla repercussão foi Convenção das bruxas (1991), com Anjelica Huston. Nicholas Roeg tinha 90 anos.

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