Diversão e Arte

Morre, aos 63 anos, o artista plástico Zé Nobre

Um dos pioneiros no terreno das artes plásticas da capital, Zé Nobre esteve internado por duas semanas no hospital Santa Helena, por causa de problemas cardíacos

Ricardo Daehn
postado em 25/11/2018 12:25
Obra de Zé Nobre que, constantemente, criou cartazes para a Feira de Troca de Olhos D´Água
Autor de obras com cores vibrantes e marcadas pelo apreço ao popular, o artista plástico Zé Nobre, que morreu na noite de ontem (dia 24/11, sábado), foi um dos pioneiros no desenvolvimento das artes plásticas do DF. Ainda menino, chegou de Salvador junto com a mãe, a fim de morar com avós, instalados na capital em construção, em 1956. À época, trazia consigo o nome completo: José de Almeida Nobre Faria. O enterro do artista, de 63 anos, está marcado para amanhã (26/11, segunda) no Campo da Boa Esperança, às 11h. A família comentou que a morte foi em decorrência de sucessivas arritmias cardíacas, e uma parada do coração.
Muito antes de se tornar bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, Zé Nobre investiu nos estudos em parte como aluno da 308 Sul, aprofundando o interesse artístico pela frequência com que ia para espetáculos da Escola Parque. Fazer pipas para as crianças da
cidade emergente foi uma das tarefas abraçadas pelo artista. Ele se orgulhava de ser da primeira geração de Brasília, tendo a cidade declarada como "musa e inspiração". Uma das séries pelas quais teve o trabalho muito valorizado se encerra em cartazes feitos para muitas edições da Feira de Troca de Olhos D;Água. Com ampla motivação pela defesa da arte popular nordestina, Zé Nobre teve intensa atividade como agente cultural integrado ao Concerto Cabeças, ao lado de figuras como Renato Matos e Jaime Ernest Dias. Produziu cartazes para o evento, além de ter investido na criação de capas de discos.
Múltiplo, investiu não apenas no ramo das gravuras, desenhos e pinturas, tendo se tornado videasta, a fim de captar shows musicais de amigos. Entre os parceiros estavam Sóter, Beirão e Sérgio Duboc. Além de catálogos, o arrojado artista gráfico respondeu pela fundação da Editora Da Anta Casa e ainda dirigiu a facção artística de obras de cinema e de palco, especialmente shows de música. No teatro, para o mímico Miquéias Paz, Zé Nobre concebeu cenários.
Pela Da Anta Casa Editora, ele ajudou na publicação da revista Víbora. Entre os grandes artistas que Zé Nobre admirava estavam Israel Pedrosa (discípulo de Cândido Portinari), Glênio Bianchetti e Athos Bulcão, com o qual teve, segundo contava, o "privilégio" de ter aconselhamento e absorveu dicas pessoais.

Nota de pesar

A Secretaria de Cultura do Distrito Federal se consterna com o falecimento do artista plástico e videasta José de Almeida Nobre Faria, nosso querido Zé Nobre. Parte da primeira geração de Brasília, Zé Nobre contribui para desafiar a pecha negativa da capital como uma cidade "sem esquinas"ou que "não tem vida cultural". Segundo o próprio artista: "Tudo que ouvíamos a respeito da cidade eram opiniões de pessoas que não a conheciam ou não a vivenciavam plenamente. Fomos os primeiros a comentar poeticamente a cidade onde crescemos. Para nós, Brasília era musa, inspiração e assunto;.

Na pessoa do secretário Guilherme Reis, a Secretaria de Cultura manifesta seu pesar e envia suas condolências à família e aos muitos amigos.

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