postado em 27/11/2018 17:21

Nesta terça-feira (27), o presidente do grupo editorial Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, divulgou uma carta aberta à imprensa nacional expressando preocupação com o mercado literário do país. Schwarcz apontou o fechamento de duas grandes livrarias, a Cultura e Saraiva, como alerta para a situação econômica do setor e também comentou demissões dentro da própria empresa para sobreviver à crise.
[SAIBAMAIS]A carta também cita uma situação complicada, que denota o forte endividamento das editoras com um possível calote das duas gigantes dado a recuperação judicial que sofrem: ;O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador;, escreveu Schwarcz.
Prejuízo
O presidente do grupo Companhia das Letras ainda completou com a informação de que a saída de lojas da Cultura e da Saraiva de cena gerou um prejuízo de 40% para as editoras e as consequências disso podem ser catastróficas: ;As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos; gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil;.
Schwarcz ainda admitiu que a própria empresa já começou a fazer cortes, ao demitir funcionários, pela primeira vez em mais de três décadas: ;Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir;.
Esperança?
O empresário conclui a carta aberta com tom esperançoso em relação ao reerguimento do mercado literário nacional: ;Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer;.
Entenda a crise do mercado literário
Por mais que a crise no mercado literário brasileiro já seja clara desde o fechamento das mais de 80 lojas das livrarias Laselva, ainda em 2013 ; com uma dívida de mais de R$ 120 milhões ;, o grande grito de caos no setor foi dado no último 23 de novembro, com o pedido de recuperação judicial da Saraiva.