Diversão e Arte

Artista plástico Galeno expõe nos EUA e em Porto Rico

Piauiense, radicado em Brasília, também teve obras vendidas para coleção suiça

Severino Francisco
postado em 11/12/2018 09:26
Galeno: a pintura escapa da moldura tradicional e se desdobra em objetos e esculturas com signos de brasilidade. Artista tenta aumentar receptividade com mais exposições

O artista plástico Galeno está entrando no circuito internacional. As suas obras foram expostas em Nova York, em Chicago, em Miami e na Suíça. Ao visitar a mostra do piauiense/brasiliense em Nova York, um curador norte-americano ficou encantado com as formas construtivistas e a radiação de cores e o convidou para uma exposição em Porto Rico. A passagem por Nova York rendeu a oportunidade de apresentar o trabalho em Miami.

Além disso, várias obras de Galeno foram vendidas para importante coleção na Suíça. Com isso, é o único artista de Brasília que teve exposições em cinco países. Na verdade, ele é um dos artistas brasileiros mais prestigiados pelo Itamaraty na divulgação das artes plásticas. A instituição costuma comprar as serigrafias impregnadas de signos, cores e formas da brasilidade para presentear a representantes de outros países. O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é uma das personalidades que recebeu obras de Galeno.

As mostras do circuito internacional incluem obras antigas e novas. A produção atual registra a passagem pelo Delta da Parnaíba, matriz de toda a obra de Galeno, com a luminosidade, os objetos da cultura popular, os objetos cotidianos transfigurados pelos jogos construtivistas, as paisagens bucólicas, a luminosidade, os companheiros e o calor humano: "Vim menino, sobrecarregado das lembranças e dos encantamentos com as cores e formas do Parnaíba, em termos espirituais e de sentimento".

As pinturas não são as tradicionais; não se restringem ao espaço da tela. Elas escapam da moldura e se transformam em objetos e esculturas: "A meu ver, embora tenha uma inspiração popular, está mais para a arte contemporânea. De repente, as coisas se apresentam e vem a surpresa e a descoberta. Reflete muito a alegria de estar no Parnaíba. Quando eu saí de lá, as coisas se quebraram. Mas a continuidade dela foi Brasília. Intuitivamente, o Parnaíba sempre esteve retratado. E, quando vou para lá, levo Brasília comigo".

Obra de Galeno na 10ª Bienal do Mercosul

Embora a matriz seja a tradição popular nordestina do Parnaíba, Brasília foi muito importante no sentido do aprendizado da arte, uma vez que a capital modernista é um museu a céu aberto, construído por grandes artistas brasileiros modernos: Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, Volpi e Rubem Valentim, entre outros: "Brasília me deu um solavanco e me fez andar mais para frente", observa Galeno.

Galeno sempre concebe jogos e combinações inéditas para os signos essenciais de sua arte: as latas de sardinha, as canoas, a tecelagem das rendeiras, as pipas e o artesanato em madeira. É uma obra, a um só tempo, popular e contemporânea: ;São trabalhos em que interajo com as pessoas que tem ligação com o meu passado;, explica Galeno. "É a história do meu pai, da minha mãe, do meu avô. Isso me dá força e faz com que caminhe com mais liberdade. A ideia e a iniciativa de mostrar a minha obra no circuito internacional partiu da minha agente, Carla Osório".

O pai é um dos personagens mais importantes da arte de Galeno. Foi construtor, marceneiro e jogador de futebol. Transita muito pela madeira: "Até os 20 anos, a gente não tinha nenhuma conversa", conta Galeno. "A minha história é pequena em relação a dele. Hoje, ele faz as minhas telas, objetos e esculturas. O meu pai é um artesão muito melhor do que eu. O artista chefe é ele. Existe confiança mútua, respeito e comunhão. Isso me deixa muito feliz".

"Este aqui é enjoado no pincel", costuma comentar o pai ao se referir ao trabalho de Galeno como pintor: "A gente ri muito. Quando existe intimidade o mundo funciona melhor".

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