Irlam Rocha Lima
postado em 18/12/2018 06:33

Esse clássico serve também de título para o EP, recém-lançado pela Universal Music, segunda parte do mais recente projeto criado por um dos mais expressivos nomes da cultura popular brasileira e pilar do mítico Clube da Esquina, movimento que ofereceu significativa contribuição à MPB contemporânea.
Inicialmente, em setembro, chegou às plataformas digitais A Festa, nome do primeiro EP no qual Milton recriou as emblemáticas Cio da terra, Beco do Mota, Cuitelinho, Canção da América, Maria Maria. Essa última ganhou clipe com a participação das atrizes Zezé Motta, Camila Pitanga, Sophie Charlote, Simone Mazzer, Georgina Góes e Ariane Botelho.
O novo projeto traz releituras de grandes sucessos, em versões inteiramente acústicas. ;Em todo lugar que a gente anda, sempre acontece de chegar alguém perguntando quando eu iria lançar um projeto acústico, um desejo que tinha comigo há muitos anos. Até que chegou a hora desse pedido ser atendido;, destaca Milton. Nesse, como no outro EP, ele é acompanhado apenas pelo violonista mineiro Wilson Lopes ; também diretor musical da banda do cantor.
Para compor o repertório de Nada será como antes, foram escolhidas, além da canção-título, composição de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos; Clube da Esquina (Milton Nascimento e Lô Borges), Clube da Esquina 2 (Lô Borges e Márcio Borges), Para Lennon e McCartney, (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant) e Saudade dos Aviões da Panair (Milton Nascimento e Fernando Brant).
Entrevista Milton Nascimento
O lançamento desse seu novo trabalho, por meio de EPs, obedeceu a que critério?
Olha, posso dizer que esse foi meu projeto mais tranquilo, digo isso em relação aos prazos, datas de entrega, produção e etc... Todas as obrigações que demandam um lançamento, né? E a gente foi fazendo tudo do jeito mais prazeroso, desde a parte musical até os assuntos de gravadora e tal. O critério foi esse, fazer tudo no tempo certo, tranquilo, sem pressão de nada.
A escolha das cinco canções registradas nesse EP de agora sob o título Nada será como antes foi sua, ou houve quem desse opinião?
Uma coisa nisso tudo é que nós fomos tocando, só isso, sem escolher muito. Quando a gente viu, já estava tudo pronto, não foi um lance direto, aconteceu. Nestes dois últimos EPs, quem toca comigo é o Wilson Lopes (violão), que já faz parte da minha banda há muitos anos, e como ele conhece tudo, a gente só foi tocando. A gente gravou mais coisas, e a dúvida foi mesmo na hora de decidir o que colocar.
Qual o seu sentimento ao ouvi-las ; depois de gravadas ; com a sonoridade acústica?
Eu nunca tinha feito nada que fosse somente acústico, e isso para mim foi uma novidade que me agradou. Ouvir as coisas que a gente gravou me faz lembrar uma porção de coisas, amigos, lugares, histórias, nossa, vem muita coisa junto.
A canção que dá título ao Clube da Esquina 2 remete aos anos de chumbo da ditadura militar. Qual é a visão que você tem do Brasil dos tempos de agora, pós-eleição?
Realmente, a gente está vivendo um tempo muito esquisito.
Depois desses dois EPs, o que virá?
Nosso lance agora é aproveitar essa fase do lançamento deste último EP e pensar na turnê para 2019, que será toda dedicada aos dois discos do Clube da Esquina.