Diversão e Arte

Na corrida pelo Oscar, 'Green book' e 'A favorita' estreiam na cidade

Confira outros quatro títulos que estreiam nesta quinta-feira

Ricardo Daehn
postado em 24/01/2019 06:45
'O guia' traz adaptação para uma libertária amizade apresentada pelo pianista Don Shirley (Mahershala Ali) e Tony Lip (Viggo Mortensen)

De uma refinada boate nova-iorquina chamada Copacabana até uma empoeirada jornada pelas oblíquas terras do pantanoso sul norte-americano, dois homens muito diferenciados construíram uma amizade que nutriu todos os episódios do roteiro de Green Book: O guia desenvolvido por Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie (figurante de filmes pífios como Ligado em você) e Peter Farrelly, o diretor de longas politicamente incorretos com Jim Carrey e de sucessos do porte de Quem vai ficar com Mary?. Como resultado, um filme popular que engrenou cinco indicações importantes ao 91; Oscar.

Morador de isolado apartamento situado acima do majestoso Carnegie Hall, o pianista Don Shirley (Mahershala Ali ; ator coadjuvante já premiado por Moonlight) adota, sem ser pedante, um comportamento condizente com o grau dele de renomado artista com boa agenda de contatos, entre os quais o do procurador-geral da presidência americana Robert Kennedy. Ao lado de Shirley ; ou melhor, à frente, na função de motorista, o filho de família italianona Frank Anthony (Viggo Mortensen, indicado ao Oscar de melhor ator), mais conhecido por Tony Lip, dada a capacidade de ele contornar muitos dissabores da vida com a lábia afiada.

Saído do ambiente inóspito do Bronx dos anos de 1960, o protagonista não esconde a criação derivada de preconceitos à época reinantes. ;Ele mudou o modo de nossa criação;, destacou para a revista Time o corroteirista de Green book Nick, que vem a ser filho de Tony Lip. Para explicar a repercussão do filme na lista do Oscar, Nick dá o palpite: tudo teria brotado na autenticidade empregada no projeto do filme. ;Não poderíamos recriar uma história, em si, espetacular;, sintetizou à imprensa estrangeira.

Polêmicas

Mortos, em 2013, com o intervalo de poucos meses, os reais personagens de Green book ; que faz relembrar infame publicação adotada para o itinerário de sucessivas viagens norteadas pelo Guia Verde para Motoristas Negros (que assegurava os locais de plena e livre circulação de negros) ; autorizaram a recriação de parte das vidas de ambos: já nos anos 1980 veio o consentimento, mas sob inflexível ressalva. Com passagens em que sabia que não seria poupado o apego dele pelas altas doses de uísque, e também ciente da exposição de sua sexualidade, o pianista Shirley autorizou tudo, mas o filme só seria produzido depois da morte dele. ;Ele nunca se assumiu gay ; era algo não dito;, explicou, na divulgação do filme, o corroteirista Nick Vallelonga.

Green book chega à festa do Oscar ; com solenidade marcada para 24 de fevereiro ; com indicações para melhor filme, melhores atores (central e coadjuvante), roteiro original e montagem. É, como destacou o parente do principal retratado (o desbocado e, por vezes, inoportuno Tony Lip) um filme que se aprofunda num ;período horrendo; de desfile de preconceitos. Ao menos algo mudou na vida de Lip ; um homem sensível a ponto de tomar parte do um livro de receitas italianas chamado de Cale a boca e coma. Como revela o longa, em um ano e meio de intensa convivência, Tony e Shirley foram agentes de importantes (e duplas) mudanças, numa estrita amizade.

Disputa acirrada

'A favorita': lado a lado, as personagens de Emma Stone e Rachel Weisz disputam a atenção da rainha interpretada por Olivia Colman
No Oscar, até hoje, entre quase 40 títulos com 10 indicações a prêmios, somente três fitas saíram da festa de mãos abanando (Gangues de Nova York, Trapaça e Bravura indômita). Daí, a sensação de onda favorável para o longa do grego Yorgus Lánthimos, encabeçado por três esplêndidas atrizes ; Olivia Colman (vencedora da Taça Volpi de melhor atriz, no Festival de Veneza) e as duas coadjuvantes Emma Stone e Rachel Weisz, todas elas no páreo por estatuetas do Oscar.

Produção estabelecida entre Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos, o longa explora um período de instabilidade do domínio inglês, diante de desacordos com a França. Mas, no centro do roteiro da estreante Deborah Davis e de Tony McNamara (conhecido por trabalhos em séries, desde meados dos anos de 1990) está uma guerra doméstica.

Tudo se passa no início do século 18, com uma rainha excêntrica chamada Anne (Colman) servindo praticamente de fantoche para a ambiciosa Abigail (Emma Stone, que já venceu o Oscar por La la land), recém-chegada à corte, e uma parente dela chamada Sarah (Weisz, antes premiada por O jardineiro fiel), estabelecida como a eficaz duquesa que manipula a vida de Anne. A crise está em curso ; quem será ;a favorita;?

Outras estreias

Creed II
; De Steven Caple Jr. Adonis Creed (Michael B. Jordan) é novamente desafiado pelo destino, ao encarar um adversário conhecido do passado de seu treinador Rocky (Sylvester Stallone). Dolph Lungren está no elenco.


Yara
; De Abbas Fahdel. Líbano, França e Iraque são coprodutores no filme que retrata um amor de temporada experimentado pela jovem Yara, que mora com a avó numa área rural do Líbano.


Eu sou mais eu
; De Pedro Amorim. Um simples pedido de selfie de uma enlouquecida fã, deixa a popstar vivida por Kéfera Buchmann em crise. Cabeça (João Cortês) pode ser um apoio na solução do problema que traz à tona o passado em que sofreu bullying.


Sou o carnaval de São Salvador
; De Márcio Cavalcante. Constrói um painel ; com imagens captadas entre 2014 e 2018 ; que tenta apresentar dados de racionalidade para a enlouquecida horda que toma de assalto as ruas da capital baiana para uma inigualável agitação.

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