Diversão e Arte

Acusadores de Michael Jackson são ovacionados no Sundance Film Festival

Leaving Neverland vem sendo denunciado pelo espólio e por fãs de Jackson desde que o projeto foi anunciado, no início deste mês

Agência Estado
postado em 28/01/2019 15:07
Leaving Neverland
Não é incomum plateias do Sundance Film Festival aplaudirem de pé. O ato, porém, ganhou na sexta-feira (25/1) um ar de solenidade quando dois homens que acusam Michael Jackson de tê-los molestado quando garotos subiram ao palco após a exibição de Leaving Neverland, um documentário no qual contam suas histórias. Eles são Wade Robson, que diz que Jackson abusou dele dos 7 aos 14 anos, e James Safechuck.

O filme de quatro horas, que será veiculado em duas partes no Channel 4 britânico e na HBO, é um abrangente relato sobre como as vidas dos dois e a de Jackson se entrelaçaram no auge da fama do artista, nos anos 1980 e início dos 90, e de como mais tarde, já adultos, o que aconteceu naquela época começou a emergir de modo preocupante. Além dos relatos dos dois, o filme traz entrevistas com seus familiares.

A voz de Jackson é ouvida em mensagens de voz deixadas para Robson e numa "entrevista" que Safechuck fez com o astro em seu avião particular. O filme mostra também alguns dos muitos fax que o cantor mandou para Robson.

"Não podemos mudar o que aconteceu conosco nem podemos fazer nada contra Michael", disse Robson num bate-papo com o público. Mas ele espera que as revelações da dupla possam fazer com que outras vítimas se sintam menos isoladas e que sirvam de alerta a todos que têm filhos.

"O filme pega acusações não confirmadas de coisas que supostamente ocorreram 20 anos atrás e as trata como fato", disse o espólio de Michael Jackson. A declaração acusa os produtores do filme de confiarem fortemente nas histórias de dois homens e ignorarem outros relatos segundo os quais Jackson nunca fez mal a crianças.

Leaving Neverland vem sendo denunciado pelo espólio e por fãs de Jackson desde que o projeto foi anunciado, no início deste mês, e houve protesto fora do cinema, durante sua exibição.

Antes da sessão em Sundance, o diretor do evento, John Cooper disse que imagens e histórias poderiam ser perturbadores e - por isso - psicólogos estavam na sala para dar apoio ao público. "Estamos conscientes do trauma que este documentário pode causar a vítimas de abuso", explica.

Em comunicado à Variety, herdeiros do músico condenaram Leaving Neverland. "Não é um documentário, é um tipo de assassinato de caráter, que Michael Jackson sofreu em vida e agora na morte. O filme aceita alegações não confirmadas que supostamente aconteceram há 20 anos e as considera fato". Eles também acusaram Dan Reed de ser parcial: "Ele se negou a entrevistar várias pessoas que passaram um tempo significativo ao longo do anos com Michael Jackson".


Acusações de abuso


O primeiro caso de abuso sexual contra Michael Jackson foi em 1993. Na ocasião Wade Robson e James Safechuck chegaram a defender Jackson. O artista chegou a um acordo milionário com a família do garoto e evitou que eles apresentasse queixas criminais.

Em 2003, o cantor foi preso após a primeira revista em sua mansão na Califórnia. Ele foi acusa por agressão sexual contra um garoto de 12 anos.

Robson e Safechuk denunciaram Michael Jackson por abuso sexual em 2013, mas o juíz não aceitou as acusações.

Terra do Nunca

A casa foi tratada como a terra da fantasia do Rei do pop. O local chegou a abrigar um minizoológico, tem dois lagos e até sala de cinema para 50 espectadores.

Em Leaving Neverland, Dan Reed retrata a mansão de Michael Jackson como o espaço de um homem obsessivo. De acordo com o diretor, o local tem quartos e camas escondidos, locais em que Jackson realizaria os abusos. "É uma história que eu precisava contar", completa Reed.

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