André Baioff*
postado em 31/01/2019 07:57
Os mágicos têm o dom de fascinar as pessoas. Quem não conhece o clássico truque de tirar o coelho da cartola ou aquele que faz crer na possibilidade de cortar uma pessoa ao meio e depois juntá-la novamente? Há também os truques com as cartas em que a habilidade com a mão desafia a realidade. Com frequência, mágicos reúnem dezenas de pessoas em meio à Rodoviária do Plano Piloto para apresentar seus números. Muitos marcam presença em festas de aniversário infantis e encantam a meninada. Neste 31 de janeiro é comemorado o Dia do Mágico. A data é uma homenagem ao padroeiro deles: São João Bosco.
Na escolha de uma profissão, com o fim do ensino médio, o empresário e mágico Carlos Steiner optou por direito. Ao se formar, ele planejava advogar durante a semana e, nos outros dias, dedicar-se à grande paixão: apresentar números de mágica. Ele conta que, desde muito pequeno, se encantava com isso. Carlos recorda que a sua primeira mágica veio aos 5 anos.
;Meu pai me deu um kit de mágica. Era uma bolinha que andava dentro de um fio e ela parava ao meu comando. Gostava de ver o fascínio das pessoas;, relembra. O público era formado por amigos, familiares ou qualquer um que aparecesse nas reuniões. E ele foi se aprimorando cada vez mais, até que, aos 11, fez o primeiro show pago e pôde começar a ganhar dinheiro.
;Achei maravilho o fato de ganhar dinheiro fazendo o que gosto. Daí em diante, nunca mais parei;, ressalta. ;Aos 16, já era profissional. Trabalhava firme com mágica;. Carlos tinha fascínio por David Copperfield, que mantinha um quadro em programa de tevê na época. O fato de Copperfield colocar um disco voador passando por cima da plateia era o encanto do rapaz.
Carlos chegou a trabalhar como advogado, mas conta que chegava a uma audiência e o juiz questionava: ;Você não é o mágico da festa do fulano?;. Ele viu que estava sendo mais famoso como mágico do que como advogado. Então, largou a carreira das leis para se dedicar exclusivamente à mágica. Hoje, ele tem uma loja que vende produtos de mágica em quiosque , e garante que é muito feliz com a escolha.
História
Dom Bosco morreu em 31 de janeiro de 1888, em Turim, Itália. Além de ser padroeiro dos ilusionistas, também é protetor de Brasília. Esse título veio por conta de um sonho profético do santo que dizia: ;Entre os paralelos 15 e 20 do hemisfério sul, haveria a terra prometida que jorraria leite e mel;. De outra forma, Dom Bosco utilizava números de mágicas em meio à praça para aglomerar jovens.
No Brasil, o precursor do ilusionismo foi João Peixoto dos Santos. Na década de 1920, J. Peixoto ; como é conhecido ; iniciou uma grande campanha de artistas mágicos. Ele fundou e presidiu o Círculo Mágico Internacional, que centralizou grupos amadores em todo o país.
Associação
O presidente da Associação dos Mágicos de Brasília, Carlos Steiner, conta que a mágica é o segundo maior hobby do mundo. Só perde para a filatelia ; atividade de colecionar selos. ;É muito difícil conhecer alguém que não gosta da mágica;, afirma. Para ele, Brasília é um dos melhores lugares do país para os mágicos.
A associação foi fundada na década de 1980 por um grupo de amantes da mágica em Brasília. O mágico André Freire ; um dos fundadores ; conta que se juntou a Pedro França, Steiner, Garcia, Milton Trindade, Alexandre Soares, Guilherme Ávila, entre outros. Aos poucos, mais profissionais foram se juntando. ;A associação tem como ideal fomentar que consideramos a rainha das artes: a mágica.;
A associação convida mágicos de fora para fazer uma conferência com o objetivo de trocar ideais sobre a cena. Além disso, eles também vendem produtos. Para trazer profissionais de outras localidades, os integrantes da associação combinam de fazer uma vaquinha para custear, já que a associação não tem fins lucrativos.
Novo ciclo
O mágico André Freire, 50 anos, se define como uma pessoa fantasiosa. Aos 16 anos, começou a trabalhar como animador de festas infantis. ;As crianças ficavam fascinadas. Mas eu tinha poucos truques para mostrar. Precisava estudar mais sobre mágica para trabalhar só com isso;, relembra. Na década de 1980, decidiu ir a São Paulo para aprender mais.
Encontrou o que queria na Associação dos Mágicos de São Paulo, que tinha personalidades importantes da mágica do país. ;Assim começou minha aventura pelo conhecimento mágico. Conheci nomes de peso, como Henry Vargas, Klauss, Willian Seven, Juan Araújo e Alejando Muniz;, destaca.
O tempo foi passando e o rapaz ingressou na faculdade de administração. Se formou e passou num concurso público. ;Não gostava do meu trabalho. Era chato e o tempo não passava.; Para a surpresa de todos, André decidiu largar o emprego e se rendeu aos encantos do mundo da mágica.
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira