Diversão e Arte

Movimento informal da união de músicos garante visibilidade

Movimento Made in Brasília aposta na coletividade para o desenvolvimento da cena autoral na cidade

Robson G. Rodrigues*
postado em 04/02/2019 07:33
Daniela Firme é seguidora ferrenha da tendência

O clichê ;a união faz a força; se confirma na cena musical brasiliense. Desde setembro, artistas que fazem produção autoral na cidade passaram a criar estratégias coletivamente como forma de promoção mútua. Eles se organizam por meio do Made in Brasília, um movimento que tem o WhatsApp como plataforma de interação. No grupo, mais de 100 músicos desenrolam parcerias, divulgam o próprio trabalho e compartilham informações. O objetivo é expandir o público. Por meio dessa interlocução, os fãs de determinado grupo são apresentados ao trabalho de artistas parceiros.

A iniciativa é de Daniela Firme, 35 anos, recém-lançada na música autoral. ;Percebi que eu não conseguiria chamar a atenção do público sozinha logo de cara;, admite a cantora. Por anos, ela teve a carreira dedicada ao cover como vocalista da Rock Beats (antiga On the Rocks).

Quando começou a apresentar canções próprias, notou que a nova audiência era ;bem diferente; daquela que a acompanhava na banda. ;Percebi que existe outro público, que gosta mais do autoral do que do cover. E vice-versa. Tem um pessoal que gosta do cover para se divertir, sem precisar se ligar em coisa nova;, pondera.

A brasiliense então pensou em formas de acessar diretamente o público antenado em novidades. ;Começou com uma playlist. Fiz uma live no Facebook pedindo dicas de músicas autorais em Brasília. Algumas eu já conhecia, outras, não. Fui adicionando as sugestões numa playlist do Spotify;, recorda Daniela Firme, que disponibiliza a lista em sua conta pessoal no serviço de Streaming: https://goo.gl/R3ttig. Até o fechamento desta publicação, a seleção contava com 121 faixas. Entre elas, canções de Ellen Oléria, Marcelo Café, Plebe Rude e Adriah. ;Nessa playlist fica evidente a variedade de músicas boas sendo feitas em Brasília atualmente.;

No passo seguinte, criou um grupo no WhatsApp. ;Daí, começamos a fazer iniciativas em conjunto, trocar figurinhas, falar sobre mercado, divulgar informações sobre casas noturnas e sobre noites que estão abraçando a cena autoral;. Daniela já fez cinco parcerias nos palcos graças ao grupo. Para ela, a estratégia é uma forma de contornar as adversidades de ser artista autoral em Brasília. ;É difícil. Às vezes, precisamos andar em convergência. Todo mundo está no mesmo barco. Sofrendo as mesmas coisas. Passando pelas mesmas dificuldades;, revela. ;Faltava aquela aliança para conseguir agregar o público de um com o público do outro. Made in Brasília está fazendo isso. Estão rolando muitas coisas em conjunto. A gente divide noites. Temos projetos de fazer shows maiores, com mais artistas e com mais apelo.;

Pluralidade

;Não importa se artista de forró, reggae, samba. O importante é ser músico de Brasília;, explica Renato Azabuja, há 11 anos à frente do grupo Surf Sessions. Para fazer parte do coletivo, que atualmente conta com mais de 100 nomes, basta ser músico autoral em Brasília e estar em atividade. ;Não existe limite para essa união. Não tem número certo de integrantes. Essa coletividade era muito comum nos anos 1980. O movimento do rock foi bem-sucedido por isso. Uma banda levava a outra para os shows e isso tomou uma proporção gigantesca;, associa o músico.

Renato Azabuja, assim como Daniela, é parte de um grupo menor, dentro do grupo geral. O ;conselho; ; como chamam a contragosto pelo sabor burocrático da palavra ; tem sete membros. ;Alguns acabam se envolvendo mais do que outros. Então, fizemos um conselho para organizar o grupo maior;, diz. Os representantes do Made in Brasilia foram juntos como movimento para a Semana Internacional de Música de São Paulo em dezembro. Além das próprias bandas, o conselho completado por Diogo Villar (O Bando), Paulo Veríssimo (Distintos Filhos) e Marquinho Vital, Mariano Junior divulgará no evento o que está sendo feito por aqui.

Para um futuro próximo, o movimento quer fortalecer a divulgação nas redes sociais, abrir um canal no YouTube e lançar um programa de rádio só com músicas feitas em Brasília. A prioridade, por enquanto, é criar um festival. ;Existem festivais que privilegiam artistas locais. Mas queremos fazer um 100% brasiliense;, conta o artista, que aposta na união. ;Essa união faz as coisas acontecerem.;
* Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira.

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