Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Geraldo Azevedo comemora 50 anos de carreira com EP

'É o frevo, é Brasil' apresenta cinco faixas com o frevo como tom principal

Se a referência for o Quarteto Livre, grupo formado em 1969 para acompanhar Geraldo Vandré, do qual Geraldo Azevedo fazia parte, ao lado de Naná Vasconcelos, Nelson Ângelo e Franklin da Flauta, ele comemora neste ano o cinquentenário de carreira. Ao longo dessa jornada, o artista pernambucano, natural de Petrolina, tem dado expressiva contribuição para a música popular brasileira.

Exímio violonista, cantor e intérprete carismático, Geraldo é um compositor que, com o reconhecido talento, cria belas canções e as transforma em sucessos, tendo por base ritmos nordestinos como baião, xote, forró e maracatu. O frevo é outra expressão musical de sua região que tem utilizado no processo de criação.

O frevo dá o tom no novo trabalho, um EP com cinco faixas. A que abre o repertório, É só brincadeira, parceria de Geraldo Azevedo com Zamma, reforça o caráter atemporal do frevo, com letra apimentada, cheia de picardia, que no carnaval se despe dos tabus. Inédita como a primeira, e a única que não tem a assinatura do cantor, Lembrando Carlos Fernando, que homenageia um dos maiores parceiros de Geraldo, foi composta por Jota Michiles.

Chorando e cantando, um dos clássicos da obra de Geraldo Azevedo ; com letra do cearense Fausto Nilo ; ganha aqui versão frevística. Quatro dias de amor (Geraldo Azevedo e Maciel Melo) tem num dos versos imagem que remete a Olinda (destino de muitos foliões no carnaval): "Lá vem o frevo descendo a ladeira..."

É o frevo, é Brasil, canção-título do EP (Geraldo Azevedo e Geraldo Amaral), reafirma o movimento que faz o ritmo transbordar da condição de patrimônio cultural de Pernambuco. Para que esse projeto tivesse uma força ainda maior, o cantor convidou para produzí-lo Cesar Michiles, músico apontado como uma lenda do frevo.

Michiles, responsável também pela direção musical, não fez por menos: Para gravar as cinco músicas, convocou uma grande orquestra, formada por alguns dos melhores instrumentistas de Recife.

Entrevista // Geraldo Azevedo

Lançar EPs parece ser uma tendência atualmente na MPB. Por que decidiu levar esse projeto de cinco músicas para o público?

O frevo está muito presente na minha carreira. Minha primeira composição foi Aquela rosa, um frevo de bloco que fiz em parceria com Carlos Fernando. Participo há muitos anos do carnaval pernambucano, sempre com shows de frevo. Lançar um trabalho do gênero é um desejo antigo. Gravei essas cinco faixas, gostei e resolvi lançá-las agora num EP aproveitando a temporada carnavalesca deste ano.

O clássico Chorando e cantando ganhou versão frevística. Foi fácil recriá-lo?

Em meu show de carnaval, recrio vários clássicos do meu repertório. Cesar Michiles é o responsável pelos arranjos.

Qual foi o seu primeiro frevo e quando o compôs?

Minha primeira composição é um frevo de bloco, Aquela rosa, e data de 1967. É uma parceria minha com Carlos Fernando.

O frevo que dá título ao projeto é atual?

Compus É o Frevo, é Brasil com Geraldo Amaral, um dos meus paceiros mais constantes, para as comemorações de centenário do frevo em 2007.

Que lembranças guarda do parceiro Carlos Fernando, homenageado em uma das músicas do EP?

Carlos Fernando é o meu maior parceiro e um grande amigo. Guardo muitas lembranças da nossa juventude ainda em Recife. Vou sempre homenagear Carlos Fernando. Estreamos juntos na composição, justamente com um frevo. Carlos Fernando é um artista muito importante para a história do frevo. Falar de frevo é falar de Carlos Fernando.

Frevo à parte, como vê o Brasil de hoje, simbolicamente submerso na lama?

É uma tristeza, viu?! O homem está destruindo a nossa terra. Me preocupo muito com a questão ambiental. O Brasil é uma terra abençoada, mas está sendo parasitada pelo egoísmo, vaidade e ganância.


É o frevo, É Brasil

EP de Geraldo Azevedo com cinco faixas. Todas estão disponíveis nos aplicativos de música.