Diversão e Arte

Curso de Verão da Escola de Música de Brasília transborda cultura

A 40ª edição do Civebra, que vai até 23 de fevereiro, reúne alunos e professores numa comunhão musical

Tarcila Rezende - Especial para o Correio
postado em 20/02/2019 07:01
Ramai Sinhoroto participa pela primeira vez e se inscreveu em quatro cursos
Desde o dia 11 , os corredores da Escola de Música de Brasília estão lotados de alunos e musicistas empolgados pelo 40; Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra). Este ano, mais de 4 mil alunos se inscreveram para participar do encontro mais importante da música da capital.

Por lá, os alunos optaram por 145 oficinas, que são de orquestra, coral, banda, regência, instrumentos diversos, solfejo, entre outras, todas ministradas por professores conceituados da Escola de Música de Brasília e também por músicos e docentes convidados de renome internacional. Nomes como Miguel Campos Neto, maestrina Mara Campos, Maria Teresa Madeira, Tim Rescala, Wolfgang Fischer, Liana Pereira e Lula Galvão são alguns dos coordenadores de oficinas.

A 40; edição do Civebra, que vai até 23 de fevereiro, reúne alunos e professores numa comunhão musical, e não há como fugir dos sons que a escola emana. Crianças, jovens, adultos e idosos podem ser vistos nas salas e corredores com instrumentos na mão, sorriso no rosto e muita vontade de aprender.

Edilene Maria Muniz de Abreu, diretora da EMB, afirma que a Secretaria de Educação do GDF repassou uma verba de R$1,5 milhão para a escola realizar o curso de verão. O valor ajudou nas custas de reparos da instituição, como ar-condicionado na sala, pintura, ajustes elétricos, revitalização de instrumentos raros e a contratação de 18 professores convidados. Em 2018, o curso só tinha 6 docentes de fora.

Em abril de 2016, após o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) apontar indícios de má gestão durante a administração anterior, Edilene foi eleita a nova diretora da instituição. ;Eu nunca encarei como tempos difíceis, eu encarei como desafio de que era preciso fazer, naquele momento, mudanças para que ela se reencontrasse. Para que a comunidade e o governo reconhecesse a importância e o valor que uma escola como essa tem;, afirma Edilene.

Trocas de experiências

Com a quantidade de alunos e professores nos mais variados níveis de aprendizado e de repertório, em apenas duas semanas, o Civebra proporciona um momento intenso de convivência cultural. À medida que o curso ocorre, os estudantes podem entrar em contato com um leque de conhecimento, seja em uma área específica de cada instrumento, seja num novo ritmo que queira aprender.

Pela terceira vez no Civebra, a convite da direção, o músico Toninho Ferragutti ministra a oficina de acordeon. ;Sempre que venho, eu tenho esses encontros maravilhosos. A gente troca muita informação, discute a metodologia de ensino e arruma uma forma de passar conteúdo para um elenco de alunos. É sempre um desafio muito prazeroso participar desse grupo de docentes que temos aqui;, afirma Toninho.

Para o estudante Andrey Grego, que está matriculado na oficina de percussão, o curso de verão é especial porque quando vêm professores de outros países, a troca de experiência é muito grande. ;A gente entra em contato com pessoas que têm outras bagagens e aprendizados. E isso ajuda em novos pontos de vista sobre instrumentos e novos repertórios;, destaque.

A pianista Maria Tereza Madeiro é fã do Civebra. A musicista é uma das professoras convidadas pela EBM para ministrar aulas de piano e afirma que o curso pode ser um divisor de águas na vida do aluno. Isso porque, segundo ela, o aluno se depara com uma rotina muito intensa em apenas duas semanas, vivenciando um leque de opções de cursos, professores e outros estudantes com referências musicais diversas. ;O desdobramento que o curso dá é uma coisa muito gratificante. É um dos eventos mais sólidos que a gente tem, e que se mantém vivo. Existem belos projetos, mas nem sempre perduram. E, mesmo com as dificuldades, o curso se reiventa. Não é todo dia que a gente vê um projeto completar 40 edições;, enfatiza a professora.

Ramai Sinhoroto está participando pela primeira vez do Civebra, se inscreveu em quatro oficinas, além de integrar a orquestra. Pelo curso ser mais intensivo que os demais oferecidos na escola ao longo do ano, ele optou pelas oficinas do Civebra para realizar durante as férias. ;Nesse período não há muita coisa que consiga manter a gente entusiasmado e poder interagir com outros músicos. E o curso que estou fazendo de técnicas criativas não é oferecido pela escola normalmente. Então, é uma oportunidade que eu achei no curso de verão;, relata o estudante.

Já Isaque da Silva estuda na EBM desde 2015 e toca percussão e marimba. ;Quando a gente faz percussão na escola, aprende todos os tipos de instrumento de batuque;. No curso de verão, ele optou por aprimorar no pandeiro e aprender instrumentos da banda sinfônica. Para ele, o Curso de Verão é uma oportunidade de aprender novos repertórios e está em contato com novos colegas. ;Além das aulas de teoria musical que a gente tem que fazer, os professores são muito bem capacitados e a convivência com alunos de outros cursos ajuda bastante na formação;, comenta.

E o famoso pianista e sanfoneiro Sivuquinha de Brasília é aluno da escola desde os anos 1970. Aprendeu clarineta, piano e agora está aprimorando no acordeon nas aulas ministradas por Toninho Ferragutti. ;Estudei teoria musical, apesar de tocar sanfona, e resolvi me matricular no curso para ter aula com Toninho. Eu já tive muitas oportunidades por causa da escola. Pra mim, ela representa tudo, eu não vivo sem musica, e aqui eu me sinto bem, é uma forma de me distrair com as dificuldades da vida. É um refugio para mim;, conta Sivuquinha.




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