Diversão e Arte

Exposição no CCBB deixa público admirado pela perfeição de obras

'50 anos de realismo - do fotorrealismo à realidade virtual' reúne cerca de 90 obras selecionadas

Nahima Maciel
postado em 20/02/2019 07:01
Vivian Larissa Rodrigues e Emilly Cristina (amarelo) observaram a diversidade de temas e linguagens


As obras que exploram a realidade virtual em 50 anos de realismo podem ser as mais tecnológicas da exposição em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), mas não são as mais admiradas. O público gosta da interação e acha divertida essa confusão cerebral que aflora quando os óculos que ampliam a visão com imagens digitais são colocados diante dos olhos, mas é a perfeição da pintura que fascina.

50 anos de realismo ; do fotorrealismo à realidade virtual reúne cerca de 90 obras selecionadas pela galerista e colecionadora Maggie Bollaert e com curadoria de Tereza Arruda. São peças produzidas nos séculos 20 e 21 e representantes de um movimento iniciado com o fotorrealismo nos anos 1960 e muito popular a partir da década de 1970, com o hiper-realismo.

Dessa época, a exposição apresenta obras de John Salt e Ben Schonzeit, bastante diferentes do realismo de artistas como Tom Martin, que reproduz à perfeição objetos no momento em que quebram. As produções mais recentes são, aliás, mais preocupadas com a fidelidade ao mundo real. É preciso se aproximar e driblar a iluminação para constatar que as montanhas nevadas de Sven Drühl, os retratos de Simon Hennessey e as paisagens idílicas de Raphaella Spence são mesmo pinturas.


A surpresa ao entrar na primeira das três galerias dedicadas à mostra no CCBB fez o servidor público Rodrigo Machado, 38 anos, pensar na mente de uma pessoa capaz de reproduzir com perfeição uma paisagem, um rosto ou uma cena com pincel e tinta. Para ele, as pinturas foram a parte mais instigante da mostra.

;Fiquei surpreso de até onde o ser humano pode chegar no desenvolvimento artístico;, diz. ;Como o artista consegue compreender a anatomia do corpo e transmitir, fazer chegar até o público o que está sentindo.; Ele até gostou da piscina de bolinhas Bianca Kennedy, com os óculos para enxergar as cenas em 3D, mas foi a pintura que mais chamou a atenção.

;Nada parecido;

Amiga de Rodrigo, a estudante Adriane Lúcia da Silva Ribeiro, 21, se deslumbrou com as esculturas de John Deandrea e Giovani Caramello. ;Fiquei mais impressionada com elas, parecem muito reais. E as pinturas parecem foto mesmo. Não tinha visto nada parecido;, garante. As peças de Caramello, único escultor brasileiro a trabalhar com o realismo, nasceram como estudos para aperfeiçoar trabalhos em 3D. Extremamente detalhadas, as esculturas são uma reflexão do artista sobre a impermanência do tempo e a transformação do mundo. O dançarino de butô exposto no CCBB foi criado especialmente para a mostra.


A estudante Rízia Camargos, 28, frequenta o CCBB eventualmente, mas quando viu que a exposição era sobre o realismo, priorizou a visita. A internet ajudou a aguçar a curiosidade. Em São Paulo, 50 anos de realismo foi vista por mais de 170 mil pessoas e as imagens circularam muito nas redes sociais. ;Os detalhes das obras são muito precisos;, repara Rizia, ao observar a mão das esculturas Christine e Mother and child, do norte-americano John DeAndrea. ;Ao vivo, tudo é mais impressionante do que na internet.; Rízia levou o amigo Marcelo Mendes, 25, para a visita. ;Não acompanho muito arte, mas o que costumo ver são coisas mais simples, mais abstratas. Isso aqui é muito mais realista que o normal, mesmo sendo atual;, diz. Algumas correntes realistas da história da arte começaram, de fato, como uma reação ao abstracionismo.

Emilly Cristina de Carvalho, 19, e Vivian Larissa Rodrigues, 20, aproveitaram as férias da Universidade de Brasília para conferir a exposição. Diante das pinturas do brasileiro Fábio Magalhães, feitas a partir de pedaços de carnes cruas, elas celebraram a diversidade de linguagens representadas na mostra. As técnicas são variadas, assim como os temas e a maneira de representá-los. O realismo está presente em todas as obras, mas com propósitos e por caminhos diferentes. ;Fico muito impressionada com isso, porque não sei desenhar nem uma boneca. Eles fazem até as digitais e o vermelho dos olhos;, brinca. ;Acho que eles querem guardar e mostrar o que acham importante da forma mais realista possível. E funciona comigo. É impactante. Quando você vê de longe, dá uma impressão. Quando chega mais perto, presta atenção nos detalhes para entender o que a pessoa quer passar. E cada um faz isso à sua maneira.;



50 anos de realismo ; Do fotorrealismo à realidade virtual
Visitação até 28 de abril, de terça a domingo, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB). Entrada gratuita. Classificação indicativa livre


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