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Confira nossos favoritos para o Oscar deste domingo

Na 91ª edição, a festa do Oscar promete trazer reconhecimento para os filmes mais indicados, Roma e A favorita, ambos com 10 indicações, além de valorizar fitas rentáveis, como Pantera Negra, que esmaga o racismo

Ricardo Daehn
postado em 24/02/2019 07:15
Roma tem 10 indicações

No lugar de muros e do desfilar de ódios ; o apreço pela compaixão. Volta e meia, remexendo na história do Oscar ; que, nesta noite, promete dar visibilidade a um enredo mexicano preponderante no drama Roma (indicado a 10 prêmios) ; se descobre o peso de elementos recorrentes na cultura norte-americana. Há 31 edições, o gigante Billy Wilder (Quanto mais quente melhor) obteve uma honraria que o moveu a trazer a público a ação de um cônsul americano de Mexicali (México), em 1934.

O profissional viu o então cineasta, em pânico, exilado da Alemanha nazista, e dependente de visto de imigrante, desesperançoso de cruzar a fronteira, pela falta de documentos. O possível retorno para a América daria acesso para que Wilder escrevesse filmes. ;E que escreva dos bons;, foi o veredito do cônsul que lhe abriu as portas da América. Na celebração do 91; Oscar, o acesso ao sonho de grandes premiações cabe ao cineasta mexicano Alfonso Cuarón e o longa que criou, Roma ; baseado justo no poder de compaixão do diretor, ao enfocar a empregada Cleo (Yalitza Aparício, indicada a melhor atriz).

Embalado num formato surpresa, o Oscar ; depois de idas e vindas dos organizadores para uma repaginada audaciosa ; virá sem o mestre de cerimônias Kevin Hart, mas apinhado de apresentadores de peso, entre os quais Chris Evans, Tina Fey, Daniel Craig, Samuel L. Jackson, a dupla Michael B. Jordan e Chadwick Boseman (do concorrente Pantera Negra), Jason Momoa, Barbra Streisand e Queen Latifah. Precauções foram tomadas para que não se chegue à profecia de William Shatner (Jornada nas estrelas) que, há seis Oscar, comentou da capacidade de se arruinar o show: grosso modo, desandar um modelo que se mostra desgastado.

Música para os olhos

A favorita pode surpreender em algumas categorias
No carteado das opções para os prêmios centrais da Academia, o leque traz naipes diversificados, mas caros para a representatividade dos votantes do prêmio: a temática social pesa (com Roma), junto com aspectos edificantes (Green book ; O guia), valoriza-se o enamorar do poder e a proximidade de um absolutismo (A favorita, Vice e Pantera Negra, este ainda exemplar na abordagem de entretenimento de qualidade) e desponta a identidade dos quase 8 mil votantes com o show biz ; Hollywood adora jogar confete em si mesma ; pela projeção de filmes como Bohemian rhapsody e Nasce uma estrela. Num ano incrementado pelo favorecimento de tramas que combatem o racismo, natural ainda o despontar de um filme marcante como Infiltrado na Klan, alinhado ao poder de fogo de Pantera Negra e de Green book.

Para tirar a instabilidade da festa, foram acionadas 13 pessoas do primeiro escalão da produção de shows, entre as quais Beth Sherman (do show de Ellen DeGeneres) e Mike Reiss (há 28 anos envolvido com The Simpsons). Convenções emperradas têm enfraquecido o ritual do Oscar (ano a ano, mais carente de público). Junto a isso, soma-se a ideia de que ser mestre de cerimônias de um programa assistido por quase 27 milhões de americanos é quase como segurar um rojão.

Maliciosos como Chris Rock e Seth MacFarlane ou chatésimos como Hugh Jackman e Neil Patrick Harris, ou ainda eficientes como Whoopi Goldberg (capaz de despontar, numa aparição surpresa, como joia do Oscar 2019) ou desinteressantes como James Franco, os mestres de cerimônias podem atrapalhar o meio de campo, de uma festa que ainda não tirou a mácula recente do fiasco da não premiação de La La Land (2016). No TNT, a festa começa a ser transmitida às 20h30, desde o tapete vermelho. No Brasil, quem estará a postos para a transmissão na Globo (depois do BBB) será o trio Arthur Xexéu, Maria Beltrão e Dira Paes. No mais, é reclinar a poltrona, e apreciar os novos ares da Academia que, no diferencial, abraça estrangeiros, como os diretores Yorgos Lánthimos (A favorita), Pawel Pawlikowski (Guerra Fria) e atrizes como as mexicanas Marina de Tavira e Yalitza Aparício (Roma).



Favoritismo

Bohemian rhapsody

FILME
; Roma
Pode representar a quebra de paradigma, com o Oscar sacramentando a inclusão do streaming junto ao tradicional sistema de cinema, e ainda coroaria a excepcional fase dos criadores mexicanos em Hollywood

DIREÇÃO
; Alfonso Cuarón (Roma)
Na visão muito particular e sensível de uma vida singela (mas rica) encerrada pela empregada doméstica Cleo, está o excelente diretor de Gravidade (premiado com Oscar, há cinco anos)

ATOR
; Rami Malek (Bohemian rhapsody)
Mesmo quem não endossa a percepção de um registro único e digno para Freddie Mercury nos cinemas tem que reconhecer, pelo histórico de prêmios anteriores, a força do nome de Rami Malek na contenda

ATRIZ
; Glenn Close (A esposa)
Um Globo de Ouro, um prêmio do sindicato dos atores, um bem dimensionado papel do real empoderamento feminino, e a sétima indicação ao Oscar, possivelmente, resultarão no prêmio de Glenn Close



ATOR COADJUVANTE
; Mahershala Ali (Green book)
Seria um bem-vindo repeteco (Ali já levou o Oscar, por Moonlight), já que o ator carrega a espinha dorsal dramática do filme em que Viggo Mortensen dá show de simpatia, à frente de um personagem, a princípio, detestável.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
; Regina King (Se a rua Beale falasse)
Com o Globo de Ouro e sucessivos prêmios de sociedades e círculos de críticos, Regina King ainda leva a vantagem de uma personagem carismática e humana, numa trama sufocante



Indicação de Peso

Green book - O guia

FILME
; Green book: O guia
Junto com o fenômeno de público Pantera Negra, e na facção de entretenimento, o filme de Peter Farrelly perde força por não estar com o diretor indicado


DIREÇÃO
; Spike Lee (Infiltrado na Klan)
Junto com a justiça para uma fita poderosa (que encantou o Festival de Cannes) que tripudia em cima de racismo, seria uma consagração de um ativista, poucas vezes, lembrado pela Academia



ATOR
; Christian Bale (Vice)
É mirrada a candidatura do fenomenal intérprete do estrategista Dick Cheney na telona, já que, de importante mesmo, Bale levou apenas o Globo de Ouro de ator cômico



ATRIZ
; Olivia Colman (A favorita)
Uma composição magistral, detida nos mínimos detalhes, posiciona a atriz inglesa como virtual ganhadora

ATOR COADJUVANTE
; Richard E. Grant(Poderia me perdoar?)
Coadjuvante sempre é categoria das surpresas; então, por que não atribuir um prêmio a veterano, nunca reconhecido pela Academia?



MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
; Rachel Weisz (A favorita)
Há 13 anos, Weisz levou, participando de O jardineiro fiel; agora, empresta coração, alma e sagacidade à personagem ardilosa e manipuladora.

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