Diversão e Arte

Conheça livros que tratam de violência contra a mulher e feminismo

Quatro publicações exploram temas como agressões psicológicas e estupro

Nahima Maciel
postado em 26/02/2019 11:15
Quatro publicações exploram temas como agressões psicológicas e estupro
A violência contra a mulher em suas mais diversas formas é tema de quatro livros recém-chegados ao mercado. Com perspectivas diferentes, eles abordam o assunto de formas variadas. Há desde relatos recolhidos por psicólogos e psicanalistas até uma ficção direcionada aos jovens leitores, além de um clássico do pensamento feminista. São leituras que ajudam a entender e a lidar com o universo da violência praticada contra a mulher. E, conforme ensinam as autoras, as agressões não são apenas físicas e podem se apresentar como violência verbal e psicológica.

Um soco na alma


De Beatriz Schwab e Wilza Meireles. Pergunta Fixar, 62 páginas. R$ 8,50

A psicanalista Beatriz Schwab e a psicóloga Wilza Meireles se debruçaram sobre relatos de mulheres que sofreram abuso psicológico para escrever este pequeno livro sobre um tipo de violência que nem sempre é percebido com facilidade.
;A violência psicológica é a mais silenciosa das formas de violência doméstica e, por isso, não é alvo da mesma atenção por parte da sociedade ou mesmo da própria vítima;, escrevem as autoras. Elas destacam que essa modalidade de abuso está presente em todas as classes sociais e, muitas vezes, é relevada pela vítima durante décadas. Vários dos relatos expostos em Um soco na alma são de mulheres que negaram a agressão durante anos. Ao início de cada capítulo, há um pequeno depoimento de vítimas. A intenção é demonstrar que a violência silenciosa e invisível pode ser tão devastadora quanto as agressões físicas.

O feminismo é para todo mundo ; políticas arrebatadoras


De Bell Hooks. Tradução: Ana Luiza Libânio. Rosa dos Tempos, 175 páginas. R$ 37,90

Um dos nomes mais importantes entre as intelectuais norte-americanas que fazem a intersecção entre feminismo, raça e política, Bell Hooks aborda desde a conscientização e a educação feminista como formas de construção de um pensamento crítico até as relações de gênero e as políticas para a área. A violência contra a mulher abarca um capítulo inteiro do livro. Nele, Hooks chama a atenção para dois fatos: a violência doméstica nem sempre é praticada apenas por homens, e as vítimas não são exclusivamente as mulheres. É preciso, ela diz, incluir as crianças nesse time. ;Uma das mais divulgadas intervenções positivas do movimento feminista contemporâneo é, de longe, até hoje, o esforço para criar e sustentar uma maior conscientização cultural sobre a violência doméstica, assim como as mudanças que devem acontecer em pensamento e ação, se quisermos ver o fim disso;, escreve a autora.

Falsa acusação ; Uma história verdadeira


De T. Christian Miller e Ken Armstrong. Tradução: Daniela Belmiro. Leya, 334 páginas. R$ 49,90

Escrita por dois jornalistas da organização Pro Publica, instituição premiada com o Pulitzer diversas vezes e dedicada ao jornalismo investigativo, a reportagem mergulha em um caso de estupros cometidos em série nos Estados Unidos. Um dos pontos fundamentais da investigação da polícia, segundo os repórteres, é a maneira como abordam os depoimentos das vítimas. É comum que as forças policiais duvidem da vítima e acabem por cometer uma segunda violência, a de negar a violência sofrida. O estupro é um dos crimes mais difíceis de investigar. Nem sempre a violência produz resultados aparentes e, por razões culturais, duvidar da vítima é postura comum. ;Os policiais adotam diversos tipos de abordagem nas investigações de estupro;, escrevem Miller e Armstrong. ;Embora seja um dos crimes violentos mais frequentes, não existe um consenso universal sobre qual é a melhor forma de combatê-lo. Para alguns investigadores, o ceticismo é soberano.;
Angie Thomas escreveu 'O ódio que você semeia' inspirada no movimento Black Lives Matter

O ódio que você semeia


De Angie Thomas. Tradução: Regiane Winarski. Galera, 376 páginas. R$ 39,90

A história da menina Starr, que vive em uma periferia violenta e viu o melhor amigo ser assassinado por um policial, é a história de muitas meninas afro-americanas. O romance escrito para jovens leitores esteve no primeiro lugar na lista de best-sellers do The New York Times e fez tanto sucesso que foi adaptado para o cinema com direção de George Tillma Jr. Thomas participou da adaptação. Em entrevistas, a autora contou que escreveu a história de Starr depois de acompanhar a violência da polícia norte-americana contra jovens negros, que deu origem ao movimento Black Lives Matter. No romance, Starr é alvo constante de ameaças. Seja da polícia, seja do tráfico. E precisa aprender a se movimentar, enquanto mulher e negra, nesse cenário. O livro fez sucesso, mas também incomodou: chegou a ser retirado das listas de leitura de duas escolas nos Estados Unidos. No Brasil, o romance saiu pelo Galera, selo da Record para a literatura destinada a jovens adultos, mas a leitura pode agradar a qualquer público, já que não há infantilização da linguagem. São bastante sérios os temas tratados por Thomas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação