Diversão e Arte

Confira quais são os blocos que se apresentam em Brasília pela primeira vez

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, há 53 novos blocos registrados no Distrito Federal em relação ao carnaval de 2018. O aumento acompanha o crescimento da folia na capital

Nahima Maciel
postado em 03/03/2019 06:00
Bloco Sereias TropicanasEles são novos, foram criados entre uma e outra conversa de amigos e têm em comum a aposta no carnaval de Brasília. São mais de 50 os blocos estreantes na festa brasiliense e boa parte deles vai concentrar as atividades no Setor Comercial Sul e na Praça dos Prazeres. No repertório e nas motivações, há de tudo. Música eletrônica, pop, rock, axé ;nostálgico;, samba e marchinhas pontuam o cardápio de música. Sereias, maiôs e incentivo pra pular às 6h marcam o discurso dos criadores dos novos blocos.

Em 2018, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) contava com 148 agremiações registradas. Este ano, o número subiu para 201. Só no Setor Carnavalesco Sul, plataforma que ganhou o edital de R$ 100 mil da secretaria de Cultura, são 38 blocos. Na Praça dos Prazeres, se apresentam 18 blocos. Confira alguns dos estreantes no carnaval brasiliense e como eles pretendem atrair os foliões.

Vai virado viado
Wilker Leal e Leandro Caracortada (da esq. pra dir.), idealizadores do bloco Vai Virado Viado

Amanhã, às 6h. Concentração no Conic antes de seguir para o Setor Comercial Sul (SCS)
; Uma brincadeira de WhatsApp levou Leandro Rodrigues a criar o bloco ;after hours;. Diante de uma mensagem de uma amiga que o convocava para pular carnaval às 10h, Leandro riu e disse que, naquele horário, ainda estaria se recuperando da noite anterior. A resposta veio certeira: ;Vai virado, viado!”. ;Falei pô, taí um bloco que precisa ser criado;, conta. ;A ideia é que as pessoas não voltem pra casa, que vão quando saírem da balada;, completa. No trio elétrico que percorrerá o trajeto entre o Conic e o SCS, o repertório começa com música eletrônica para depois fazer uma transição para o eletro funk e o pop, no início da tarde. O circuito se encerra com apresentação do grupo Rainhas do babado, banda brasiliense de eletro funk. ;A galera estará saindo da balada da música eletrônica e, à tarde, o bloco estará com uma pegada mais carnavalesca. Nosso bloco quer fazer esse degradê;, avisa Leandro.

Bloco das sereias tropicanas

Amanhã, às 16h, no Setor Comercial Sul

; Guylherme Almeida sempre gostou de blocos que levantam a bandeira da nostalgia dos anos 1990 com uma pegada mais axé. Ele também enxerga nas sereias um símbolo da força feminina. Juntar os dois em um bloco de carnaval foi uma brincadeira. ;Sereias são seres mitológicos e dá pra brincar muito com as fantasias;, explica. No total, 23 pessoas estão à frente do bloco, que criou até uma banda própria especialmente para a estreia no carnaval brasiliense. ;Estamos fazendo um milagre;, brinca Guylherme. Ele faz parte dos blocos vinculados à plataforma Setor Carnavalesco Sul, que conta com R$ 100 mil do Edital de carnaval da Secretaria de Cultura para fornecer infraestrutura a 38 blocos. Com R$ 10 mil, Guylherme conseguiu ampliar a programação do bloco, pagar cachê para os artistas e ainda montar a banda, já que a infraestrutura ficou por conta do Setor Carnavalesco Sul. ;Se não fosse a plataforma, a expectativa de público seria de mil pessoas. Mas nossa expectativa é de 5 mil;, garante.

Bloco Desmaiô
Bloco Desmaiô

Hoje, às 6h, no Setor Comercial Sul
; Higo Leal, integrante do trio Papudo, sempre sonhou em ter um bloco de carnaval. Este ano, ele juntou os companheiros da banda, Matheus Alves (voz e violão) e Humberto Cianni (vocal e zabumba), e montou o Desmaiô. ;Desde o carnaval do ano passado, viemos com essa brincadeira de colocar maiô. Isso fez sucesso, então resolvemos colocar o bloco na rua;, conta. ;A brincadeira é para quebrar esses estereótipos do machismo. É uma peça única e todo mundo é igual. A gente queria tirar essa ideia de que, no carnaval, o homem se veste de mulher, vulgarizando.; Forró é a pegada do bloco, que vai tocar forrozada elétrica e axé, mas também rock.

Divino maravilhoso

5 de março, terça-feira. Concentração às 15h. saída do trio, às 16h. fica até as 22h
; O Divino maravilhoso é o segundo bloco criado pelo DJ Sandro Biondo e nasceu de uma homenagem a Caetano Veloso e ao tropicalismo. ;Criei o Divino maravilhoso para ser um bloco dedicado à obra do Caetano e a todos os artistas que o influenciaram e influenciam;, avisa Biondo. ;Mas este também é um bloco com importante viés político.; Com o lema ;É preciso estar atento e forte;, o Divino maravilhoso convida o público a politizar o carnaval. ;Não estamos satisfeitos com esse governo que ameaça tantas liberdades e direitos. O Brasil hoje está entregue a uma caricatura de governo que é homofóbico, misógino, racista e anticultura. Vamos protestar carnavalizando contra essa elegia à mediocridade que vemos todos os dias nos jornais;, garante Biondo.


Blocos que estrearam ontem

Cantora, Nãnan MatosBloco de Nãnan

; Com a música do oeste da África na ponta dos dedos, a percussionista Nãnan Matos subiu ao palco da Praça dos Prazeres para marcar o carnaval com o que chama de ;uma nova visão da música africana;. A ideia de criar o bloco surgiu em 2018, durante uma conversa com Ju Pagul. ;Ela me instigou;, conta Nãnan. ;O carnaval tem crescido a cada ano, e a gente, enquanto artista, sente e quer fazer parte.; Especialista em djembe, instrumento de percussão típico da música produzida no oeste africano, Nãnan toca um ritmo que tem como referência o tambor de crioula e a música das casas de Mina. Há 10 anos, ela estuda e se dedica à percussão e, no carnaval, dividiu o palco com os grupos convidados Comboio percussivo e Projeto Folha Seca.

Memes uni-vos ; O bloco

; No último carnaval, Scarlett Rocha reparou que vários foliões vestiam fantasias que lembravam memes da internet. Pensou que poderia ser divertido fazer um bloco temático dedicado a esse tipo de fantasia e, este ano, criou o Memes uni-vos. ;A ideia surgiu porque adoro a irreverência do humor brasileiro, e o carnaval está lotado disso;, explica. ;Em 2018 tivemos Copa do Mundo e eleições. Juntando tudo isso, achei que era um bom momento para brincar com os memes.; Produtora, Scarlett conta que resolveu criar o bloco por diversão e que é a primeira vez que se aventura assim no carnaval. Para o repertório, ela pensou em uma mescla: músicas de carnaval que têm características de humor e irreverência com ritmos mais tradicionais de samba e axé. Um concurso de fantasias foi programado para eleger o Rei Meme e a Rainha Memética.
Rebu

; Com programação baseada em DJ, set e repertório com mistura de brasilidades, funk feminista, pop e carimbó, o Rebu é comandado por Deyse Hansa e Rafaella Ferrugem. Independente e feito na raça, o bloco tem como foco o público LGBT. Para viabilizar a ideia, as organizadoras fizeram festas de pré-carnaval com a intenção de arrecadar dinheiro. O Mapati, realizador do Carnapati,
ajudou o bloco cedendo parte da infraestrutura. ;Nossa motivação maior é que a gente acha que o país está vivendo um momento muito diferente em que direitos LGBT estão sendo colocados à prova;, avisa Deyse.


Outros blocos estreantes
Rainhas do babado
; Dia 3/03, às 17h, na Praça dos Prazeres
Tetatrônica
; Dia 5/02, às 14h, no Beco da CAL (SCS)

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