Diversão e Arte

Thalles Cabral, revelado em 'Amor à vida', filma com André Luiz Oliveira

O talentoso e promissor ator foi escolhido para protagonizar 'Ecos do silêncio', que foi filmado Buenos Aires, Varanasi (Índia) e na capital federal

Ricardo Daehn
postado em 17/03/2019 06:10
O múltiplo Thalles Cabral: Com altas expectativas. É nesse estado de enlevo que o jovem ator Thalles Cabral se entrega para o mais recente trabalho de cinema do diretor André Luiz Oliveira, há décadas radicado em Brasília. Escolhido para protagonizar Ecos do silêncio, produzido pela Asacine, e com filmagens em Buenos Aires, Varanasi (Índia) e na capital. ;Tenho o privilégio de estar envolvido num projeto desses. E é a primeira vez que vou rodar fora do Brasil. É muito maravilhoso: não só o personagem vai descobrir coisas, mas eu também;, conta o ator, da sala de embarque internacional, ainda em São Paulo.

Brasília também tem escala importante noutra decolada do ator gaúcho, que entrega: estará no ;baita; filme de Iberê Carvalho O homem cordial, ao lado de Paulo Miklos. ;Serei o jornalista independente Rudá, que um cantor de rock encontrará, entre muitos personagens, numa noite paulista. Será extremamente atual: mexe em questões importantes, pelo linchamento, em bairro nobre, de um menino negro. Trata de preconceito, classes sociais e de privilégios;, adianta.

Em uma semana em Brasília, para testes de maquiagem e figurino de Ecos do silêncio, Thalles teve uma preparação ;curta, mas intensa;. ;O longa fala sobre autodescobertas, relações familiares e algo de culpa, vida e morte. O irmão do meu personagem Davi, Gabriel (papel de André 14 Voltas), tem autismo. Em Brasília, senti uma nostalgia ; nostalgia de um lugar em que nunca estive;, conta Thalles. A consciência exata de crescimentos profissional e pessoal acompanham o ator, atualmente, a exemplo da época do longa Yonlu (bastante premiado, e em exibição no Canal Brasil). ;Aquele filme falava sobre empatia, sobre colocar-se no lugar do outro; com o novo filme, há a mesma sensação;, sintetiza.

;Primeira porta; para o despontar na carreira, a novela Amor à vida deu megaexposição para Thalles, na pele de Jonathan, contraponto ao pai, Félix (Mateus Solano) ; ;Jonathan era o único que apoiava o pai. Antes, tinham muito conflito. Novela tem um poder enorme: mesmo terminada em 2014, até hoje as pessoas, na rua, falam comigo;. Nascido em Porto Alegre, há 25 anos, o ator conta que circula em busca de histórias em que acredite e tenha vontade de contar. Sondado em janeiro para estar em Ecos do silêncio, ele seguiu na rotina de seleção. ;No filme, tem gente perdida: há gente que não sabe muito bem para onde seguir. Meu personagem conhece pouco da família, dos antepassados, e está perdido em Brasília. Houve a morte do irmão gêmeo dele, no parto. Com o mesmo nome, Gabriel (outro irmão) nasce com autismo. Davi acha que o segundo irmão é uma extensão do primeiro. Ele se sente culpado: busca conexão com Gabriel, e, a partir da musicoterapia, parte para uma jornada;, conta.

Recém-saído dos palcos, com a peça Dogville (adaptada de Lars von Trier), Thalles trouxe para um personagem um grau de deficiência mental. ;Fui para o lado do autismo, de maneira bem inconsciente. Em Ecos, faço o irmão de um autista e, em Brasília, tive contato com três autistas. Foi muito emocionante ver a maneira como o André (diretor do filme, e de longas como O outro lado da memória e Louco por cinema) e a mulher dele, musicoterapeuta, trazem o assunto para o dia a dia deles;, observa. O estudo do personagem desembocou na convivência com Lorenzo, muito amigo do casal. ;Fiquei muito impressionado, de verdade, em notar a sensibilidade muito grande do Lorenzo. A música realmente traz uma luz para ele. Foi importante o encontro, antes de o filme começar;, comenta Thalles.

Dedicação dobrada


A música faz parte da vida de Thalles há mais de 15 anos, quando ganhou um violão no Natal. Daí, veio uma transformação, que trouxe shows, produção de videoclipes e a chance de compor e de cantar. ;Tenho um público muito legal da música. Me dedico às duas áreas, com a mesma intensidade. Não sou um ator que canta, nem um cantor que atua. Eu sou esses dois. O público, ainda bem, se identifica com os dois;, avalia. O rock alternativo de Cabral nasceu da necessidade de se expressar. ;Ainda antes dos 18 anos, fui a um estúdio em São Paulo para registrar músicas, com voz e violão. Me chamaram para uma reunião e fui surpreendido com o convite para gravar EP, pela vibe folk que usava;, completa.

No cronograma do artista, depois da continuidade das filmagens de Ecos do silêncio em Buenos Aires, ao final de março, virá a temporada de gravações candangas do filme, aos fins de abril; na sequência, show musical em São Paulo. Na escalada musical, espaço para a divulgação do segundo álbum, Utopia, originado por financiamento coletivo. ;É muito legal trabalhar, sabendo que tem gente esperando teu disco, querendo ouvir e torcendo bastante;, comenta. Com duas músicas novas prometidas para o retorno ao Brasil, Thalles ainda dará conta da concepção de mais um novo videoclipe, numa linha de produção em que dirige e roteiriza. Depois das faixas Mr. Lonely e Sad boys club, vem o clipe de Olivia, sétima faixa de Utopia.

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