Diversão e Arte

Conheça artistas de uma nova geração da música brasileira

Artistas flertam com diferente gêneros e encantam em vários nichos

Adriana Izel
postado em 18/03/2019 08:30

A democratização da internet possibilitou que diferentes artistas do mundo da música pudessem ser conhecidos e ouvidos pelo público mesmo sem fazer parte do chamado mainstream. Esses novos talentos se aproveitam da disseminação das plataformas digitais, onde eles acumulam visualizações e streams ; mesmo sem ter grandes contratos com gravadoras e com a menor divulgação nos veículos de massa, como televisão e rádio.

Sem amarras, esses artistas, que bombam na internet, ainda criaram uma tendência: a não rotulação em gêneros. A maioria deles flerta com diferentes estilos musicais e ainda aposta em mensagens diferenciadas em suas letras totalmente autorais. De olho nesse movimento, o Correio apresenta a seguir nomes de uma nova geração da música brasileira. Confira!

Rapper mineiro Djonga
; Djonga
No cenário musical desde 2015, o rapper mineiro de 24 anos é um dos exemplos de artistas que se destacam nas plataformas. Na semana passada, Djonga lançou o terceiro álbum da carreira, Ladrão, no YouTube e acumulou, nas 10 faixas, mais de cinco milhões de visualizações.

O motivo é que existia uma grande expectativa em torno do novo trabalho do artista. Isso porque Djonga passeia pelo rap, funk e samba com letras com fortes críticas sociais, todas escritas por ele. ;Eu gosto de apontar o dedo ao que eu acho que está errado. Acho que Ladrão é um trabalho mais maduro, desde musicalmente e liricamente falando até no quesito de produção mesmo;, afirma o cantor.

Com letras ainda mais densas, faixas mais cantadas do que rimadas e participações de Filipe Ret, MC Kaio, Doug Now, Chris e dois beatmeakers, Djonga reflete o momento atual do país. ;Esse é um trabalho mais sério até por se chamar Ladrão (que é uma das faixas do disco);, revela.

Na faixa título, Djonga retrata os mais pobres excluídos da sociedade, seja por opressão, seja escravidão: ;Eu vou roubar o patrimônio do seu pai/ Dar fuga no Chevette e distribuir na favela/ Não vão mais empurrar sujeira pra debaixo do tapete/ E nem pra debaixo da minha goela, eu sou ladrão!”. A juventude negra e até as tragédias de Mariana e Brumadinho também fazem parte das letras do álbum em Falcão e Deus e o diabo na terra do sol, respectivamente.

Cantora Tuca Mei

; Tuca Mei
Instrumentista desde os 8 anos, a carioca Tuca Mei, 23 anos, deu, neste ano, o primeiro passo no mundo da música profissional com o lançamento do EP Olhos atentos, composto por cinco faixas. O material reúne composições feitas pela cantora entre os 14 e os 20 e poucos anos e expõe uma sonoridade que mistura pop e bossa nova, em um pop alternativo, como ela gosta de definir, com faixas melódicas, como na música Olha pra mim: ;Será que o tempo mostrou nossa dor/ Melhor sorrir que chorar no amor/ Vou esperar um final feliz;.

;Todas as músicas são histórias de vida, relacionamentos que eu tive, bons ou ruins. Mas essas canções ganharam uma nova roupagem. Elas estavam prontas acusticamente e com ajuda do Estúdio Camelo Azul cheguei a essa sonoridade;, explica. ;Defino-me como pop alternativo, porque há uma simplicidade no é contado (nas músicas), mas com uma pegada atemporal. Minha base vem do blues, do jazz e da bossa nova;, completa.

Para Tuca, fazer parte de uma nova geração musical é uma honra. ;Teve um momento na música brasileira em que ela ficou meio estagnada. Todo mundo sentiu isso. Não vinha nada que trouxesse uma roupagem que não fosse a repetição e, agora, estão vindo artistas que trazem uma nova identidade mesmo, com mais inovação;, analisa.]

Cantor paulistano Vitão
; Vitão
Com apenas 19 anos, o paulistano é hoje um dos nomes de destaque da mistura entre R, rap e pop no Brasil. Tudo começou como o sucesso do hit Embrasa, gravado com Luccas Carlos, que acumula mais de 12 milhões de visualizações no YouTube. A faixa integra o primeiro EP da carreira de Vitão, composto por cinco músicas e divulgado na semana passada. ;A criação das músicas começou comigo em casa. Depois, levei para estúdio para avaliar o que ia para o EP agora e o que talvez nem fosse lançado. Eu escrevi tudo sozinho em casa, com um violão;, lembra.

Sobre as diferentes influências sonoras no material, Vitão explica que tem a ver com o fato de ser muito eclético. ;Sempre tive uma raiz brasileira muito forte. Amo MPB, música antiga de raiz e tento colocar isso ao máximo na minha música. Também tenho influência da música negra americana antiga. Fora o funk, soul e R, além do rap, no qual estou muito inserido;, classifica o cantor que começou a carreira influenciado pela mãe. ;Minha mãe sempre ouviu muita música clássica. Comecei a me apegar e criar isso dentro de mim;, completa.

Vitão percebe que esse é um bom momento para o R no Brasil, estilo no qual o artista tem se encaixado. ;Começou isso novamente no Brasil, essa veia forte do R com as melodias mais americanizadas;, acrescenta.

Carioca Thiago Anezzi
; Thiago Anezzi
O street dance e a discotecagem foram os fatores que levaram o carioca de 27 anos à música. Anezzi começou como funkeiro, até que se envolveu com o rap, o trap e o R, ritmos que, agora, mescla no EP Jardim feérico, formado por quatro faixas, entre elas Carta, gravada com o pagodeiro Ferrugem.

;Minha transição foi tranquila. O rap tem uma pegada social mais forte, que, antigamente, no funk, era fortíssimo. O rap é mais representativo, mais forte, mais cobrado. No início, tive que estudar bastante. Hoje, sou mais ligado nas questões sociais do Brasil e no que as pessoas estão lutando;, admite o artista.
Em Jardim feérico, Thiago Anezzi quis apresentar um trabalho mais profundo e mostrar, também, o talento vocal. ;Eu quis nesse trabalho mostrar mais minha voz e ser mais profundo nas letras. Eu falo sobre depressão, relacionamento possessivo, saudade e amor não correspondido;, explica.

Para Anezzi, o Brasil vive um cenário novo no mundo da música. ;Estou vendo grandes artistas que, talvez, há 40 anos, não tivessem oportunidade e hoje estão mostrando sua arte para o Brasil. A tecnologia facilitou a entrega. Então, as pessoas podem fazer seus próprios beats de casa e lançar no YouTube. Não precisa de grandes estúdios para fazer esse trabalho. Música é arte e imagina quantas pessoas anos atrás não puderem mostrar sua arte para o Brasil?;

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