Diversão e Arte

Blockbusters brasileiros chegam ao cinema e prometem muito riso

'Chorar de rir' e 'Cine Holliúdy 2: A chibata sideral' estão entre as estreias

Ricardo Daehn
postado em 21/03/2019 06:30

A chibata sideral: o poder de atração dos aliens e do fazer cinema no Brasil
Dois verdadeiros fenômenos na capacidade de movimentar as bilheterias de cinema entram em cena esta semana, no circuito exibidor: elemento comum aos blockbusters O candidato honesto e Até que a sorte nos separe, o comediante Leandro Hassum dá as caras em Chorar de rir, enquanto o despretensioso sucesso do diretor cearense Halder Gomes ; à frente de Cine Holliúdy 2: A chibata sideral ; busca espaço de público, numa competição acirrada. Em comum, os filmes trazem o apelo de depositarem as fichas em astros masculinos ; curiosamente um traço que os aproxima do sucesso francês Um banho de vida, com elenco predominante de homens, outra estreia do circuito (leia crítica).
O duelo, por sinal, é o propulsor de Chorar de rir, expressão que batiza o programa do comediante Nilo Perequê (Hassum): por meio da competição com o rival Jotapê Santana (Rafael Portugal), Nilo não pretende deixar o trono de rei da comédia nas esferas da tevê e da internet.
Quem fica no encalço das tramoias criadas por Nilo e Jotapê é o pessoal que integra a rede de fofocas Fama News, que tem entre os participantes o personagem do intrigueiro Caito Mainier (do programa Choque de Cultura). Dirigido por Toniko Melo (lembrado pelo sucesso de Vips, com Wagner Moura), o filme tem roteiro da dupla José Roberto Torero e Luciano Patrick, que responderam por Como fazer um filme de amor (longa) e Condomínio Jaqueline (série).
Um dos dilemas apresentados por Nilo é a relação tumultuada com a ex, Bárbara (papel de Monique Alfradique), atriz de novelas que não sabe da capacidade cênica do humorista, para além da comédia. Perfeito Fortuna e Jandira Martini, consagrados no teatro, vivem o pai e a mãe do homem que reúne, no ciclo de relações, personagens interpretados por Natália Lage, Felipe Rocha e Otávio Müller. Quem completa o elenco, em participação especial, é a dupla Sérgio Mallandro e Sidney Magal.
Leandro Hassum é o grande nome que impulsiona Chorar de rir
Cinema que ri do cinema

O encavalamento das atrações de tevê que ameaçaram a supremacia dos cinemas de rua, na década de 1980, segue servindo de inspiração para as peripécias do protagonista de Cine Holliúdy 2 ; A chibata sideral, o ex-proprietário de cinema Francisgleydisson (papel de Edmilson Filho). Numa encruzilhada, no novo filme dirigido pelo cearense Halder Gomes, o personagem que implantou o cinema no coração dos moradores da pequena Pacatuba (CE) vai se envolver com glamour, com seres extraterrestres e com bebedeira, tudo na palpitação do amor pelo cinema.
Lascado, Francisgleydisson tem uma cartada de sobrevida: pretende apostar numa corrente, espécie de "cinema de vaquinha", capaz de salvar o couro dele da penca de dívidas. Uma curiosa ponte Ceará-Hollywood estará em curso, na trama que conta com a participação de atores como Samantha Schmütz, Gorete Milagres, Ariclenes Barroso, Chico Diaz, João Netto e Falcão.
Entre os pontos altos da comédia, que tem roteiro assinado por L.G. Bayão, estão o sequestro muito suspeito do coadjuvante Lhé Gué Lhé (nunca levado a sério), os estudos e a manipulação da ;feiúra cósmica; que baliza parte da aventura e os perrengues na escalação do elenco de uma obra de ficção que misture tramas sobrenaturais à existência do controverso Lampião.
Humor físico, com a inserção de artes marciais, homenagens a cineastas brasileiros e do exterior e irreverência na construção e na lida com as artes também têm espaço na trama do mais novo Cine Holliúdy. Numa das melhores cenas, um candidato ao papel de Lampião, sem a menor convicção, tenta emprestar a masculinidade tóxica que construiu o mito nordestino.


Crítica // Um banho de vida

Conhecido como astro de filmes como Therese D e Não conte a ninguém, Gilles Lellouche é igualmente diretor de cinema e, com o mais recente filme, a comédia Um banho de vida, ele foi consagrado, pelo público francês superior a 4 milhões de pagantes, por ter sido exibido em Cannes (fora de competição) e pelas 10 indicações ao importante prêmio César.
No desenvolvimento, Um banho de vida não deixa de apontar uma carga de drama comum a todos os personagens do filme composto por multiplicidade de tipos. Perdedores sistemáticos, os quarentões, com desafios capitaneados pelo depressivo Bertrand (Mathieu Almaric), tentam se reinventar. Não escolhem o caminho mais fácil, entretanto. Longe das convenções, aplicarão as parcas vitalidades no nado sincronizado destinado à categoria masculina.
Delphine (Virginie Efira), a treinadora, será o facho de luz para os algo combalidos personagens de Jean-Hughes Anglade e Guillaume Canet, entre muitos outros. O núcleo problemático ainda terá que lidar com a agressão inerente à personagem de Leila Bekhti, Amanda, uma impiedosa cadeirante. Entre aulas de medo, enfrentamento de preconceitos e injeção de ânimo, os aplicados moços terão um grande desafio: lidar com o intragável Thierry, que rendeu prêmio César ao intérprete Phillipe Katerine. Um filme solar e leve. (RD)


Outros lançamentos

Terror

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De Jordan Peele.
Família é atormentada pela perseguição de grupo que muito lembra eles próprios.

Dramas

A cinco passos de você
De Justin Baldoni.
Dois jovens adoecidos se apaixonam.

O retorno de Ben
De Peter Hedges.
Estrelado por Lucas Hedges e Julia Roberts, disseca a enorme possibilidade de uma reincidência na desestruturação de uma família.

Um ato de esperança
De Richard Eyre.
Juíza enfrenta questões éticas e pessoais, ao lidar com drama de jovem doente cujos pais não pretendem, por preceitos religiosos, permitir transfusão de sangue.

Alaska
De Pedro Novaes.
Casal tenta se reencontrar, a partir de uma viagem para a Chapada dos Veadeiros (Goiás).

Documentários

As cores da serpente
De Juca Badaró.
Artistas angolanos empreendem coletivo, tendo em vista a vontade de grafitar numa emblemática região da África.

Pastor Cláudio
De Beth Formaggini.
Filme contrapõe o defensor dos direitos humanos Eduardo Passos e o ex-chefe da polícia civil (e bispo evangélico) Cláudio Guerra, fundamental à instauração da ditadura brasileira.

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