Diversão e Arte

Artistas de diferentes segmentos da música apostam em novos trabalhos

Confira os lançamentos mais recentes

Adriana Izel
postado em 25/03/2019 07:30
Em 'Rasgacabeza', o grupo Francisco, el hombre traz a energia dos shows para CD

É tempo de novidades no mundo da música. Artistas de estilos musicais diversos escolheram esse período para divulgar as apostas para 2019. Os novos trabalhos vão desde os CDs tradicionais, passando pelos EPs e singles, dois formatos que, a cada ano, têm sido mais usados no cenário musical brasileiro por conta da força da internet e das plataformas digitais.

A banda brasiliense Dona Cislene faz parte do rol de artistas que escolheram o mês para o primeiro lançamento do ano. Até então, o mais recente do grupo era o single Anunnaki, de maio do ano passado. Na última sexta-feira, o quarteto, formado por Bruno Alpino, Gui de Bem, Pedro Piauí e Paulo Sampaio, divulgou o single Bateu bonito, com direito a clipe dirigido por Thiago Mello, gravado no Rio de Janeiro e com protagonismo do casal de atores Diego Goullart (Malhação) e Jade Cardozo.

A canção marca uma nova fase do grupo com uma sonoridade mais leve e calma do que os trabalhos anteriores. Isso pode ser percebido, principalmente, pela presença do violão em vez do som das guitarras distorcidas. ;A gente veio com essa música que tem muita verdade e é bem diferente do que a gente costumava fazer. Está presente ali a nossa essência no discurso, que a gente tenta preservar em todas as músicas. Mas é uma canção mais leve;, analisa Bruno Alpino, vocalista do grupo e compositor da faixa.

Apesar da mudança na sonoridade, na mensagem, a Dona Cislene mantém o discurso jovial e descontraído. ;A gente se preocupou muito em preservar o que a gente vinha fazendo;, completa o cantor.

Sonoridade diferente

Mostrar um outro lado foi o que o grupo Francisco, el hombre, composto por Sebastián Piracés-Ugarte, Mateo Piracés-Ugarte, Andrei Martinez Kozyreff, Juliana Strassacapa e Rafael Gomes, fez questão de fazer no disco Rasgacabeza divulgado no último dia 15 e lançado pelo projeto Natura Musical. Sucessor do elogiado Soltasbruxa (2016), havia uma expectativa grande em torno do material, que traz uma sonoridade mais brasileira e mais enérgica, característica principal do show do quinteto.

Para isso, o grupo se inspirou no elemento fogo, tanto no visual da capa do CD, quanto nas letras e títulos das canções, a exemplo de Chama adrenalina gasolina, Chão teto parede pegando fogo e Manda bala fogo não preciso de você. ;A gente estava num momento que queria colocar toda essa nossa onda incendiária e o fogo foi o início nessa criação. Foi o que gerou todas as canções, começamos a partir daí. Nesse caso, o fogo é uma questão de atitude. Nosso show é visceral e queríamos essa premissa;, afirma Mateo.

Em Soltasbruxa, Francisco, el hombre apareceu com um discurso bastante político. No novo álbum, o grupo permanece com essa pegada, mas nas entrelinhas. ;A gente faz música, principalmente, para se comunicar com alguém. A gente veio então com essa ideia de pegar das raízes do punk rock e abraçar tudo que a gente é, com os exageros;, completa o artista.

Trabalhos conceituais

O mineiro Matheus Brant lançou neste mês o segundo álbum de uma trilogia que presta tributo a ritmos populares, como o pagode, o arrocha e a axé music. É o álbum Cola comigo, que é formado por 10 faixas, sendo nove inéditas e apenas uma regravação, a música Supera, do grupo Alô Som que ficou famosa na voz do cantor Belo. ;Faz parte de uma trilogia iniciada com Assume que gosta (2016). Portanto, o disco tem a mesma origem conceitual do pagode, do arrocha e do axé dentro de uma estética indie, com sonoridades do rock e do dub;, explica o artista.

De acordo com Brant, a intenção do álbum era aproximar esses dois universos ; o independente e o popular ; e fazer uma provocação em relação às críticas negativas que os estilos musicais populares costumam ter. ;Eu queria fazer essa provocação. Sair um pouco da bolha do independente, onde habito, para atingir outras;, comenta.

Sobre a motivação para o projeto, o artista conta que tem a ver com o bloco carnavalesco criado por ele em 2014 em Belo Horizonte, Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro. ;Nesse caminho do carnaval, tive essa intuição desses ritmos que têm um apelo muito grande, que participam da vida das pessoas e que, muitas vezes, são visto como algo de mau gosto;, revela Matheus Brant.

Conhecido no cenário do rap pela trajetória no grupo Cone Crew Diretoria, Papatinho tem se dedicado desde o ano passado também ao projeto solo, em que produz músicas com participações especiais. Em 2019, ele lançou o EP Rio, que começa com a faixa instrumental Poxa vida e tem ainda Como ela vem (com Luccas Carlos, Xamã, PK e Orochi), Dois copos (Kevin O Chris, Ferrugem e L7nnon) e Sem convite (Mode$tia, MC Cabelinho e Gilklan).

;É um projeto 100% carioca, toda a estética foi pensada no tema Rio. O objetivo era fazer uma trilha sonora da cidade, uma mistura do que rola na cena de música urbana contemporânea, misturando basicamente os estilos rap e funk. Todos os artistas convidados são do Rio, todos os videoclipes foram produzidos aqui, baseado no que a gente vê e vive. Pra fechar com chave de ouro a capa do EP foi ilustrada pelo megatalentoso artista carioca Marcelo Ment;, explica sobre o conceito do material.

De volta

A cantora Luiza Possi também escolheu março para dar o primeiro passo no novo projeto da carreira: o lançamento de um novo CD após três anos. Para isso, ela lançou o single Desejo preferido, com produção de Rick Bonádio, no último dia 15. ;Rick me chamou para fazermos um trabalho juntos. Começamos o processo, mas tinha tempo que eu não me emocionava com uma música até que ouvi Desejo preferido, que retrata e explica minha carreira em três minutos e meio, sendo uma junção da MPB com o pop e uma letra profunda. Ela tem uma estampa Luiza Possi;, garante a artista.

Grávida do primeiro filho, Luiza tem vivido um momento muito fértil para a música. Ela já compôs 10 músicas, destas, cinco devem fazer parte do próximo disco da artista, que será lançado aos poucos. ;Esse é momento gostoso, suculento. Esse vai ser um disco bem gostoso, que vai mostrar os ritmos que sempre flertei que vão da MPB ao pop passando pelo R;, afirma. E ainda completa: ;Será um ;menu degustação;. Hoje em dia não se precisa ter todas as músicas prontas para lançar. Acordamos em lançar 14 músicas. Ao longo de um ano teremos muito material inédito;.

Uma das precursoras do pop no Brasil, Luiza Possi fala que vê com alegria o momento atual do gênero no país. ;Levantei essa bandeira quando nem era uma bandeira;, afirma.

Rasgacabeza
De Francisco, el hombre. Natura Musical, 8 músicas. Disponível nas plataformas digitais.

Cola comigo
De Matheus Brant. Independente, 10 músicas. Disponível nas plataformas digitais.

Rio
De Papatinho. Warner Music Brasil, 4 músicas. Disponível nas plataformas digitais.

; Outros lançamentos

Ao vivo em Brasília
De Diego & Victor Hugo. Sony Music, 7 músicas. Disponível nas plataformas digitais.
Gravado no ano passado no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, o novo material da dupla Diego & Victor Hugo é uma prévia do DVD completo. O EP traz sete músicas, entre elas duas com parcerias, A culpa é do meu grau, gravada com Zé Neto & Cristiano, e King size, dueto com o pagodeiro Dilsinho. Esse é o terceiro trabalho da carreira da dupla, que vem se destacando com o hit Infarto.

Thabata
De Thabata. Midas Music, 4 músicas. Disponível nas plataformas digitais.
Chamada em 2015 para substituir Joelma, ao lado de Ximbinha, no grupo XCalypso, a cantora Thabata agora se lança em carreira solo. Em projeto com Rick Bonádio, a artista aposta num EP com quatro faixas em que mistura influências passando pelo arrocha e pelo calipso, que a apresentou para o Brasil. O EP é formado por Credo que delícia, Fim da solidão, Chicletim (gravada com Marianno) e Sessão privê.

Mal dos trópicos
(Queda e ascensão de Orfeu da Consolação)
De Thiago Pethit. Tratore, 9 músicas. Disponível nas plataformas digitais. Em seu quarto disco, o cantor Thiago Pethit faz um retrato dos tempos sombrios por meio das canções, falando da ausência de amor e de um país em luto. Apesar de contar com batidas eletrônicas, o álbum bebe da influência do jazz e da música erudita seguindo sempre o conceito da simbologia grega, que está visível na capa do CD.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação