A Síndrome de Down é um distúrbio genético causado por uma divisão celular extra. Enquanto os cromossomos, longas sequências de DNA, se formam em 23 pares na maioria da população, aqueles com Down têm um trio no par 21. Não à toa o dia internacional da Síndrome de Down é em 21 de março, uma alusão à forma de escrever a data (21/3). A data foi comemorada na última semana, mas a celebração - em forma de ações afirmativas - continua.
O coletivo Diário da Inclusão Social, que tem como objetivo desconstruir preconceitos contra portadores de necessidades especiais, organizou oficina de fotografia para pessoas com Down. Para mostrar o resultado, criou a exposição Um olhar especial para a natureza. As fotos já estiveram no Senado Federal e no Palácio do Planalto, agora, elas estão disponíveis para visitação no JK Shopping até 31 de março.
;Geralmente as pessoas olham para quem tem Síndrome de Down com pena, mas quando a gente mostra os caminhos isso muda. O Diário da inclusão Social tem um grupo no whats app com várias famílias e a nossa intenção é pensar em atividades para tirar eles de casa, dar diversão, ocupar a agenda e mostrar que eles são capazes de realizar diversas atividades;, justifica a coordenadora da exposição Maria de Lourdes Lima ao Correio.
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Cenários tradicionais de Brasília e ligados à natureza, como os parques da Cidade e Olhos D;água, Jardim Botânico, Zoológico e Praça dos Cristais estão entre o clicados nas 55 fotografias selecionadas. Os 11 participantes, entre 13 e 32 anos, realizaram saídas semanais para observar e fotografar. Entre eles, a pequena Lia, filha de Maria e caçula do grupo. ;Para a gente, mostrar para a sociedade o que os nossos filhos podem fazer é muito importante. Infelizmente vivemos em uma sociedade muito preconceituosa em que precisamos provar isso. A prova está lá. A exposição é linda, as pessoas ficam maravilhadas e, aos poucos, a gente vai mudando o olhar das pessoas;, conta Maria de Lourde.
Gi Sales foi a professora da turma. Fotógrafa profissional, ela chegou a Brasília há oito anos já decidida a trabalhar com grupos ligados à Síndrome de Down. ;Sou de Recife, mas antes de vir pra cá eu morava no Rio de Janeiro. Lá conheci uma menininha com Down e me apaixonei. Entrei em contato com algumas pessoas até chegar ao Diário da Inclusão Social;, relembra.
;Eu sempre fotografei, mas dessa vez tivemos a ideia de mudar o lado. Depois das oficinas, eu acho que eles realmente têm condição de começar a trabalhar. Eu percebi que eles têm muita vontade de aprender. Eles têm um olhar diferenciado e com a câmera nas mãos se sentem empoderados. Foi surpreendente;, revela Gi. ;Pra mim foi um presente poder passar várias manhãs ao lado deles. Vi que basta dar uma oportunidade que eles agarram com unhas e dentes. Sem palavras para descrever. Eu acredito que se cada um contribuir um pouco a inclusão fica mais fácil;, completa.
Não para por aí
Depois da exposição no JK Shopping, a ideia de Maria de Lourdes é levar as fotografias para escolas públicas do DF. ;Nós temos um grupo, no whats app, com professores de sala de recurso (espaço voltado para alunos com necessidades especiais). Para onde nos chamam, nós vamos. Eu levo minha filha, mostro o trabalho deles e as crianças ficam encantadas. Nós levamos a inclusão para os pequenos;, explica.
Um olhar especial para a natureza também já tem a presença confirmada na marcha dos prefeitos e em congressos de inclusão. A receptividade tem motivado Gi Sales e ela planeja continuar com as oficinas de fotografia. ;O pessoal está abrindo portas e a visibilidade está ótima. Ainda falta muita coisa, por isso as oficinas vão continuar. A ideia é montar outras turmas também;, planeja.
Serviço
Um olhar especial para a natureza
JK Shopping (Av. Hélio Prates, QNM 34; Taguatinga). Até 30 de março, das 10 às 22h e 31 de março, das 12h às 22h. Entrada franca. Classificação livre.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel