Adriana Izel
postado em 27/03/2019 07:00
Ancestralidade é o tema central da série fotográfica do brasiliense Hugo Santarém, Interior, que está disponível na internet e também ficará exposta no Festival de Fotografia de Tiradentes, iniciado hoje e que segue até domingo na cidade mineira, e numa feira de arte em Nova York, realizada neste fim de semana. A ideia de criar as imagens veio em 2016, quando o fotógrafo fez um teste de DNA de ancestralidade global para saber mais sobre as suas origens. A partir dos resultados, decidiu viajar o Brasil e o mundo para se conectar com a genealogia.
;O projeto surgiu de uma ideia básica e minha primeira vontade como fotógrafo: viajar pelo interior do Brasil. Eu percebia que a fotografia era um reflexo do meu interesse sobre questões humanas e culturais. Foi pelo interior do Brasil que comecei a me interessar pela origem dessas culturas e quis saber mais sobre as minhas origens também. O significado do projeto Interior não era somente sobre o interior do país, mas o interior das pessoas, e resolvi ir literalmente a meu interior com o teste de DNA;, explica em entrevista ao Correio.
A série fotográfica passou por diferentes locais. No Brasil, Santarém registrou a comunidade quilombola Lagoa da Pedra, no Tocantins, os boiadeiros do Piauí e a cultura gaúcha do Rio Grande do Sul. Depois, o fotógrafo expandiu para além do país natal e seguiu para a África, onde registrou moradores de tribos antigas. Na Etiópia, os registros foram das tribos do Vale Omo. As tribos Maasai, Turkana e Samburu viraram imagens quando o brasiliense passou pelo Quênia.
;O que eu me preocupei em mostrar e conhecer foram tribos e comunidades que mantêm a cultura de forma mais original e preservada possível. Hoje, com a globalização, manter uma tradição é uma decisão, e quis mostrar os que mantêm essa decisão;, revela sobre a escolha dos personagens e cenários registrados na mostra Interior.
Para inspirar
Sobre o objetivo do projeto, Santarém explica que, inicialmente, surgiu de uma questão pessoal, mas que a ideia é expandir o pensamento para outras pessoas. ;O que quero é inspirar as pessoas a fazerem o mesmo, a procurarem conhecer mais de si, e o mais importante é respeitar outras culturas, etnias, nacionalidades, porque, no fim, podemos fazer parte de uma grande e única tribo e nos tratarmos como iguais;, afirma.
;Quanto mais ferramentas dispusermos para criar empatia, melhor. A fotografia é a minha forma de compartilhar minhas descobertas, minha visão, e cativar os outros a partir da maneira como eu enxergo minhas experiências. Ela tem esse poder de aproximar as pessoas, apresentar uma cultura ou pessoa da forma mais impactante possível, e de gerar ações a atitudes a partir daí;, completa.
Selecionado para o Festival de Fotografia de Tiradentes e para uma feira em Nova York, o fotógrafo vê isso como mais uma oportunidade de disseminar a mensagem da empatia e da ancestralidade da série. ;É a primeira vez que participo de um festival, e eu não podia estar mais feliz. É a chance de poder dialogar com outros fotógrafos e artistas locais que podem contribuir criativamente com meu processo, e ter a chance da mensagem chegar a ainda mais pessoas;, analisa.
[FOTO1357978]
Onde ver
Conheça o projeto Interior em https://www.hugosantarem.com/.