Diferentemente do Dumbo clássico da Disney, feito em animação na década de 1940, a linha da nova versão para a terna história do elefante de orelhas descomunais segue a da encenação com atores de verdade (a chamada live action). Além dessa inovação, traz um nome de peso e de reconhecimento quando se trata de grandes fabulações na telona: Tim Burton. O mesmo diretor de Alice no País das Maravilhas volta a trabalhar com o astro Michael Keaton, quase 30 anos depois da parceria na comédia Os fantasmas se divertem. No meio tempo, fizeram ainda dois títulos dedicados a Batman.
Criado a partir de livro assinado por Helen Aberson (e ilustrado por Harold Pearl), o longa original tem a história recontada, agora, sob a ótica do roteirista Ehren Kruger, lembrado por filmes como Transformers: O lado oculto da lua e O suspeito da rua Arlington. Sob a produção de Justin Springer (o mesmo de Tron: O legado), Dumbo tem como elemento propulsor a visibilidade ao fantástico parque de entretenimento chamado Dreamland. ;É uma história muito doce;, adianta o diretor, no material de divulgação da Disney.
Tratar de pessoas incomuns, repletas de dificuldades no enquadramento numa sociedade comum, sempre foi a especialidade de Burton (vide filmes como O lar das crianças peculiares). Ele mesmo confessa não lidar bem com parte do objeto cercado na trama do novo longa: ;Nunca gostei dos circos com animais capturados, com aqueles palhaços e com as incômodas atrações de desafio da morte;.
Assim como em Frankenweenie (2012), há particularidades físicas para os personagens de Dumbo: na aparência, o protagonista, estaria virtualmente fadado ao estranhamento. Criada com muitos efeitos digitais, a aventura, que tem entre os atores o excelente Alan Arkin (A pequena Miss Sunshine), coloca Dumbo, claro, com a famosa e insuspeita capacidade de voar. Bastante desacreditado no mercado, o circo Medici Bros ganha novo fôlego com a descoberta que tanto anima o dono da atração itinerante, o empreendedor Max Medici (Danny DeVito).
Reciclagem de nível
Engajado há 18 anos no projeto da Disney para Dumbo, Tim Burton, no desenvolvimento do enredo, relativiza a felicidade, trazendo questionamentos para o conceito de família. Motivo de piada para muitos, dadas as dimensões das orelhas, Dumbo será fator de união para o viúvo Holt Farrier (Colin Farrell) e os filhos dele Milly (Nico Parker) e Joe (Finley Hobbins). Veterano da Primeira Guerra Mundial, em parte, Farrier lembra o patriarca de Mary Poppins interpretado por Ben Whishay. A aproximação com os filhos é tão desejada a ponto de ele parar de relutar contra a convocação para ajudar nos cuidados necessários à criação do pequeno e singular elefante.
Destacado, em 1941, no Oscar vencido pela trilha sonora, Dumbo ainda teve indicada a principal música (Baby mine) que trata de um momento de separação entre mãe e filho. Ainda que tenha perdido para a hoje clássica canção The last time I saw Paris (do longa Se você fosse sincera), a música embalou uma das mais emocionantes cenas da antiga animação. No elenco da nova roupagem oferecida com a grife de Burton, cabem ainda os talentos de Eva Green, na pele de Colette Marchant (uma habilidosa trapezista de origem francesa) e Michael Keaton, que defende o empreendedor V.A. Vandevere (Michael Keaton), criatura interesseira que parece desmerecer os objetivos de Marchant junto à beleza da arte circense.
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