Diversão e Arte

Filmes como 'After' buscam inspiração na literatura juvenil

Em cartaz na cidade, filme After segue a tendência das adaptações de livros para jovens adultos ao narrar as aventuras de uma universitária frente ao primeiro parceiro sexual

Ricardo Daehn
postado em 14/04/2019 07:00

'After' apresenta os dilemas de uma caloura universitária: comunhão, esperança e impedimentos

Uma porta de acesso à faculdade abre outras e inesperadas oportunidades na vida da personagem Tessa, que, no livro After, se descola da mãe extremamente protetora e ainda do namorado, excessivamente amável, Noah. O romance juvenil assinado por Anna Todd, capaz de despertar o interesse de mais de 15 milhões de leitores (no mundo), entra na lista daqueles filmes com público garantido ; impulsionado pela identificação, criada pelas transformações naturais na vida de leitores chamados de ;jovens adultos;. Presente em 14 salas de cinema da cidade, After traz clichês, aos olhos dos mais velhos, mas rupturas de condições na ótica dos retratados.

"Amor é só uma transação", detecta, no cinema, o inconstante personagem Hardin, principal interesse romântico da imatura Tessa. Enquanto se vê surpreendido com o fato de ela nunca ter sido "tocada", e se invoca com o recorrente uso da consideração "nós" embutido nos discursos de Tessa, Hardin desfia conhecimentos literários (numa lista comum à juventude): indo de O morro dos ventos uivantes a Orgulho e preconceito, e passando por O grande Gatsby.

Debochado, Hardin, na narrativa, serve de bússola das descobertas conjuntas do casal: a primeira transa, o desprendimento do egoísmo, o empréstimo de uma camiseta e das complicações e assumidos passados problemáticos. After, como todos os exemplares românticos, traz provas de resistência para os protagonistas, aos moldes do fenômeno A culpa é das estrelas, entre as quais superar a supervisão da mãe de Tessa e os dilemas da vida de casal, quando optam por morar juntos.

Concretizar o impossível

'O sol também é uma estrela' estreia em meados de maio'

Dois anos depois de ver seu livro de estreia, Tudo e todas as coisas (2017), sobre uma menina reclusa que investe na descoberta do mundo e do amor, transposto para as telas, a autora afro-americana Nicola Yoon está prestes a reviver a experiência, agora com O sol também é uma estrela. Por meses na lista de mais vendidos do The New York Times, a publicação é demonstração da meta da autora que participa da entidade We Need Diverse Books, mobilizada pelo desejo da produção literária destinada a jovens e apoiada na representação da diversidade.

União, esperança e impedimentos tomam parte da narrativa, disposta no período de um dia na agitada Nova York que coloca os jovens Natasha e Daniel no limiar de um precipício, ao confrontarem série de preconceitos. Integrante de uma família às vias da deportação dos Estados Unidos, a negra Natasha, aos 17 anos, encara situação-limite. Apegada a conhecimentos de física e química, sempre despreza o peso do destino.

Determinada a reverter a condição, ela acaba esbarrando em Daniel, descendente de imigrantes coreanos, volúvel a ponto de se libertar da sonhada vocação para a poesia, agradando aos pais, ao cursar medicina. Dentro de um mês nas telonas, o filme baseado no livro chegará às telas pela ótica de Ry Russo-Young, diretora de filmes como Você não vai sentir minha falta (2009) e Caminho para o coração (2012).

Distanciamento

Com mais de R$ 12 milhões de faturamento no Brasil, o filme A cinco passos de você, em bilheterias mundo afora (descontado o público dos Estados Unidos), só agradou mais aos italianos do que ao público brasileiro. Sob a pretensão de trazer uma ;identificação universal; com os leitores, a autora do livro, Rachael Lippincott aceitou desafio curioso ; criar seu primeiro romance, a partir de roteiro e manuscritos dos roteiristas do filme Mikki Daughtry (do aguardado terror A maldição da chorona) e do alemão Tobias Iocanis, parceiro de obras de Daughtry.

Despertar a consciência acerca de uma doença, a fibrose cística, foi a base de toda a proposta da obra. Entre as obras mais lidas nos Estados Unidos, ao longo de três meses, o livro conta o controle e descontrole de uma distância física entre os adoecidos Stella Grant e Will Newman. Com muita alteração nas funções dos pulmões, a adolescente Stella administra incontáveis remédios, enquanto aguarda transplante.

Manter-se livre dos riscos de infecção leva a moça a ter de manter, ao menos, dois metros de distância de pessoas como o jovem Will Newman, impaciente pela descoberta do mundo (fora das alas hospitalares), e paciente de um tratamento alternativo. Foi justamente o personagem dele, interpretado na telona por Cole Sprouse (de Riverdale), que mais deu trabalho à autora: criou muitas outras possibilidades, à parte das descritas no roteiro.

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