Diversão e Arte

Backstage da música: conheça os profissionais por trás dos shows

Ainda que os artistas sejam as estrelas do show, quem dá suporte e faz toda a magia acontecer são as pessoas que trabalham atrás do palco

Tarcila Rezende - Especial para o Correio
postado em 20/04/2019 07:30
Marcel Papa, rodie do Natiruts,veste a camisa das bandas que trabalha
O mundo da música é mais amplo do que se pode imaginar. Não é somente dos artistas tocando seus instrumentos e soltando a voz no palco que é feito um show, por exemplo. Mas existem profissionais imprescindíveis para que uma apresentação seja bem-sucedida. Ainda que os artistas sejam as estrelas do show, quem dá suporte e faz toda a magia acontecer são as pessoas que trabalham atrás do palco.

Para que um show ocorra, primeiro é necessário uma produção competente. E existem vários tipos de produção: a artística, a executiva e a cultural. Luna Moreno passou por todas essas etapas. Hoje, é produtora da cervejaria Criolina, mas também trabalha com a produção da banda Surf Sessions. ;São coisas parecidas, mas diferentes;, explica Luna. ;Na Criolina, eu cuido de tudo para que a casa fique pronta para receber a banda e o público. Com o Surf Sessions, eu tenho que fazer com que tudo esteja pronto para que a banda não passe por nenhum imprevisto na hora de tocar;, completa a produtora.

E, para que uma banda fique pronta para tocar, existem muitas providências a tomar nesse processo. Depois da produção, vêm os roadies, os técnicos de som, os operadores de som e os iluminadores. Tudo vai depender do tamanho do show ou do festival. Quando as apresentações são maiores, a quantidade desses profissionais aumenta e também vão surgindo outros, como cenografistas e VJ;s (responsáveis pelas projeções no palco).


Trabalho braçal

O roadie é uma das peças-chaves de uma banda, já que ele é quem apoia ou substitui os músicos nas montagens do espetáculo que os artistas fizeram, garantindo que tudo fique tecnicamente ligado de acordo com o gosto dos músicos. Entre outras coisas, o roadie também faz o trabalho braçal de uma montagem, como descarregar e carregar o carrinho com o material e a montagem de todos os equipamentos no palco.;O roadie tem essa de faz-tudo. Mas nós somos responsáveis por afinar os instrumentos e deixar tudo pronto para a banda tocar;, explica Marcel Papa, roadie da banda Natiruts.
E nada seria da música sem o som. E Frango Kaos é o maior destaque da cena musical de Brasília sem estar à frente dos palcos. Técnico de som e vocalista do Galinha Preta, Frango começou a trabalhar com Hamilton de Holanda, quando o conheceu na Universidade de Brasília (UnB). ;Eu sou bom em acústica porque sei o que eu estou fazendo. Eu estudava física e curtia muito trabalhar com ondas, acho que esse é o meu diferencial;, conta Kaos.

Frango Kaos é vocalista da banda Galinha Preta e técnico de som: ele estudou física

Frango viaja o mundo ao lado de Hamilton, além de trabalhar bo Clube do Choro ;há um tempão;, afirma. Nos shows de Holanda, ele é responsável por controlar o retorno dos músicos e também o que o público vai escutar. ;O som é o produto. Se o som tiver ruim, o público pode pedir o dinheiro de volta;, comenta Frango.

;A gente não está lidando com o pop, é um trabalho braçal, corriqueiro e pesado. É gratificante, porque você está fazendo todo mundo gostar do som. As únicas coisas que afinam o tempo é a lembrança e a música. A gente lida com uma coisa que ninguém come, não se toca, não tem validade e as pessoas ainda compram;, afirma Frango.

Múltiplas funções

Quem trabalha nesse ramo já fez de tudo. Luna é produtora, mas já foi coordenadora artística e até social media do festival Cerrado Jazz, por exemplo. ;Em Brasília, a cultura não é o foco. O nosso meio é muito solto e sucateado e, por isso, a gente tem que fazer um pouco de tudo. E aí vira uma cultura do ;faz-tudo;. O mercado consegue desenvolver, mas é muito difícil, porque a gente tem que se virar para conseguir;, relata Luna.

Luna é produtora, mas já foi coordenadora artística e até social media

Frango Kaos foi coordenador de palco nos aniversários de Brasília, fez manutenção de equipamento e trabalhou 20 anos no backstage do Porão do Rock. ;Quem trabalha na área tem que saber fazer de tudo um pouco. E quem fica são os melhores, porque muita gente entra nesse ramo e vê a banda, cervejinha e deslumbra: esquece equipamento, perde horário. Não é assim, não é esse brilho todo;, destaca Frango Kaos.

Marcel Papa é roadie, mas também é produtor executivo da banda brasiliense Alarmes e trabalha no backstage da Scalene.;Bandas surgem e acabam, mas os técnicos se mantêm, e por ter sempre algum artista novo, é um mercado que renova. Se uma banda acaba agora, eu poderia migrar para outra, porque já tenho experiência em roadie e produção. É um mercado de networking, não pode ter vergonha, é o espírito de ;vamos fazer o show acontecer;;, opina Marcel.


O melhor para os artistas

Para Marcel, vestir a camisa da banda é uma das coisas mais importantes. ;Por mais que eu não esteja tocando no show, eu também faço parte da banda na qual estou trabalhando. Quem chega primeiro ao palco sou eu. Se chego lá e trato mal as pessoas, a impressão que dá é de que a banda trata mal. Você leva no peito o nome da banda;, explica.

Já Frango entende que o técnico de som é importante para que a apresentação dos músicos seja completa e redonda. ;A galera do som contribui para a qualidade do show. Ninguém aguenta um som ruim, né? A gente ajuda a transmitir o que o músico quer, é quase tão importante quanto o artista;, completa Frango.

Para Luna, ser produtor significa resolver e conseguir organizar todas as demandas e especificações que existem num evento ou banda.;É entender que cada músico funciona de uma maneira diferente, um fica nervoso e o outro questiona;. Para ela, o principal da função é não deixar que os músicos sejam afetados de forma alguma.

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