Diversão e Arte

Em novo trabalho, cantora Mariana Aydar se joga no forró de vez

Influenciada pelo ritmo nordestino ao longo da trajetória, a cantora Mariana Aydar entra de vez no gênero com o projeto Veia nordestina

Adriana Izel
postado em 21/04/2019 06:30

A relação da cantora paulista Mariana Aydar com o forró é antiga. Filha do músico Mario Manga, do grupo Premê, e da produtora Bia Aydar, que trabalhou com nomes como Luiz Gonzaga, ela cresceu em meio ao som da sanfona, da zabumba e do triângulo do Rei do Baião. ;Minha mãe trabalhava com o Luiz Gonzaga, então eu conhecia aquela figura, e eu era muito curiosa em relação a ele. Fui ouvir as músicas dele e logo me apaixonei pelo forró;, lembra a artista em entrevista ao Correio.

Depois, em São Paulo, a primeira experiência musical foi em uma banda de forró, a Caruá, da qual fez parte durante três anos. Anos depois se casou com o multi-instrumentista Duani, também artista do forró. No cinema estreou como diretora no documentário Dominguinhos, de 2014. Há dois anos comanda o bloco Forrozin no carnaval paulista. ;Sempre esteve em minha vida. Casei com um forrozeiro, minha filha é fruto do forró. Estou no forró toda semana;, explica Mariana.

Neste ano, Mariana Aydar abraçou o forró de vez com o lançamento do projeto Veia nordestina, com produção musical de Marcio Arantes e patrocínio da Natura Musical. Álbum que será lançado de forma completa em outubro, mas desde 5 de abril já pode ser escutado nas plataformas digitais em formato pocket, com a divulgação do EP Veia nordestina I. Até outubro, Mariana lançará mais EPs,completando o disco com 12 faixas. Além disso, o projeto conta com um minidocumentário dirigido por Dellani Lima e Joaquim Castro com quatro vídeos que rodeiam a história de Mariana com o forró. O primeiro será lançado em maio no canal do YouTube da cantora.

Veia nordestina I reúne por três faixas: a canção título, Se pendura e Forró do ET, essa última gravada com participação de Elba Ramalho, para a qual se inspirou em um caso que aconteceu com ela e Elba Ramalho, que disseram ver na mesma noite um OVNI nas praias de Caraíva e Trancoso. Ao Correio, Mariana Aydar fala sobre forró, a experiência com OVNI e o empoderamento feminino na música.


Veia nordestina I
De Mariana Aydar. De Natura Musical, três faixas. Disponível nas plataformas digitais.

Entrevista// Mariana Aydar

O forró está presente em vários pontos da vida de Mariana Aydar: da infância ao casamento

Como se deu essa sua relação com o forró?

Na verdade, começou quando eu era muito pequenininha. Minha mãe trabalhava com o Luiz Gonzaga, então eu conhecia aquela figura, e eu era muito curiosa em relação a ele. Fui ouvir as músicas dele e logo me apaixonei pelo forró. Depois vindo para São Paulo. A minha primeira banda profissional foi de forró. Sempre esteve em minha vida. Casei com um forrozeiro, minha filha é fruto do forró. Estou no forró toda semana. Ele nunca saiu da minha vida e acho que agora olhei a dimensão e a importância que ele tem na minha vida. Como amo cantar forró, tocar triângulo e dançar forró, resolvi avançar e aprofundar mais. Mas da minha maneira, com uma relação subversiva.


Em Veia nordestina você traz o forró repaginado com batidas eletrônicas e influências do kuduro e da axé music. Houve essa intenção de modernizar o ritmo?

Eu sempre quis fazer forró e seria um pouco falso da minha parte fazer um forró pé de serra. Eu já tive influências de muitas outras coisas. Tive essa vontade de experimentar, de tentar e adicionar esses elementos, de subverter. Desde a minha primeira banda, eu já colocava outras coisas que não eram do forró mesmo. Então sempre foi uma vontade genuína, até com o samba. Nos discos em que cantei samba sempre teve essa mistura. Então, chamei o Marcio Arantes, que entendeu esse objetivo e fez as canções pensando assim. Só que tudo isso sem perder a minha alma. Essa era uma preocupação. A música sempre tem que manter a sua alma, ter o seu DNA preservado. Você sente que tem alguma coisa do ;rastapé;, da veia nordestina e forrozeira. Esse será um álbum com muitos universos que vão constituir um jeito de pensar.


Houve essa intenção de modernizar o ritmo?

Eu sempre quis fazer forró e seria um pouco falso da minha parte fazer um forró pé de serra. Eu já tive influências de muitas outras coisas. Tive essa vontade de experimentar, de tentar e adicionar esses elementos, de subverter. Desde a minha primeira banda, eu já colocava outras coisas que não eram do forró mesmo. Então sempre foi uma vontade genuína, até com o samba. Nos discos em que cantei samba sempre teve essa mistura. Então, chamei o Marcio Arantes, que entendeu esse objetivo e fez as canções pensando assim. Só que tudo isso sem perder a minha alma. Essa era uma preocupação. A música sempre tem que manter a sua alma, ter o seu DNA preservado. Você sente que tem alguma coisa do ;rastapé;, da veia nordestina e forrozeira. Esse será um álbum com muitos universos que vão constituir um jeito de pensar.


Você resolveu lançar o álbum primeiro em EPs, que tem sido uma tendência entre os artistas atualmente. O que te motivou a fazer dessa forma?

Enquanto produtora de CDs, eu gosto de fazer a coisa pensada como um disco. Mas comecei a ver, enquanto consumidora, uma forma diferente de consumo com os streamings. Eu não ouço mais música do mesmo jeito, não ouço mais um álbum inteiro. Eu quis experimentar esse novo jeito de consumir. E entre os EPs vamos ter um conteúdo no YouTube, faixa a faixa, making off e um minidocumentário, que vai falar de temas que rodeiam o universo do forró comigo. A minha relação com o ritmo, a relação do forró com São Paulo, a minha chegada no forró, o novo jeito de dançar dessa nova geração.


Para você, qual é a importância de falar do forró, um ritmo que muitas vezes ficou preso no Nordeste?

Acho muito importante e sinto que é como se fosse uma missão. O forró pé de serra virou uma espécie de resistência. É uma cultura muito valorizada, não só no Nordeste, mas no Brasil. A gente tem que tirar essa ideia de cultura nordestina, é a cultura brasileira, que é maravilhosa, que é nossa. É nossa responsabilidade cuidar dela.


Como é ser mulher dentro do cenário do forró e como isso influencia no seu trabalho?

É um desafio, porque o forró, assim como todos os meios de patriarcado, é bastante machista. Então, realmente é um desafio, que eu abraço com muita paixão e amor. Acho que a gente vive hoje uma cena do feminismo, das mulheres, que é muito linda. É muito importante estar e ter voz em todos os meios mesmo, tanto de comunicação, como em casa, com as amigas. A gente, como mulher, tem que se informar e desconstruir os pequenos detalhes. Então ,colocar isso numa música é muito forte. Parece que não, mas as músicas têm esse poder e isso é um tema bastante forte para mim, que vai desde a capa (com ilustração da artista Dani Accioli) do EP até as músicas. É a voz da mulher, a participação da mulher.


Você gravou com Elba Ramalho. Como se deu essa parceria?

Essa é uma mulher poderosa. A Elba, pra mim, é minha rainha, minha maior influência. Ela sempre foi uma pessoa muito generosa comigo e sempre me incentivou a ir para esse lado (do forró). Eu não podia pensar em fazer um disco sem a presença dela, que tanto me ajudou. E a gente viveu uma história juntas. Vimos uma luz muito forte no céu e uma história que passamos juntas. Achei que era legal convidar Elba para cantar essa música, Forró do ET, que tem a ver com essa nossa história.


E como foi essa história?

A Elba foi fazer um show em Caraíva e ela tem muito conhecimento de vidas extraterrestres. Ela conta vários casos, estudou bastante. Eu e Duani estávamos andando, quando olhamos no céu e vimos várias luzes. Ligamos na hora para a Elba. Eram três e meia da manhã e ela viu as mesmas luzes que a gente.

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