Devana Babu*
postado em 29/04/2019 10:51
Após 45 anos de espera, os fãs da cultuada banda Ave Sangria finalmente podem ouvir Vendavais, segundo álbum de inéditas da cultuada banda psicodélica. Disponibilizado nas principais plataformas de streaming, o álbum traz canções compostas entre 1969 e 1974, mas nunca registradas em estúdio. Após o lançamento de um single, Dia a dia, e de uma campanha de financiamento coletivo para lançar o álbum em vinil, os músicos finalmente liberaram, na sexta-feira (26/4), o disco completo.
[SAIBAMAIS]Se o primeiro single anunciava uma qualidade contemporânea nos timbres e na mixagem, a audição da obra completa revela que as características que tornaram o primeiro disco um clássico ainda estão lá: o rock clássico com ritmos nordestinos, poética afiada e estética psicodélica. Mesmo com uma masterização mais moderna, os riffs e timbres característicos da guitarra do primeiro álbum ainda estão lá, em baladas, canções líricas e rocks como no primeiro álbum.
Em termos de psicodelia, Ave Sangria é uma banda pioneira no Brasil. O primeiro álbum, homônimo, lançado em 1974, tornou-se cult ao lado de clássicos como Paebiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes; No sub-reino dos metazoários, de Marconi Notaro; Flaviola e o bando do sol, de Flaviola; e Satwa, de Laílson e Lula Côrtes, marcos da psicodelia pernambucana. O então sexteto interrompeu a trajetória no mesmo ano, por causa da censura. Em 2008, graças a internet, uma nova geração passou a conhecer e também cultura a Ave, que se animou a ensaiar novo voo com um show em 2014.
"Esse repertório persegue as características recorrentes do grupo, indo do divertimento escrachado à morbidez de temas sombrios, da crítica social implacável ao mais delirante psicodelismo e da agressividade dos rocks pesados ao lirismo acústico das baladas", afirma, no site da banda, o compositor e vocalista Marco Polo, que ao lado de Almir de Oliveira (voz, guitarra base, composições) e Paulo Rafael (guitarra solo e viola) é um dos três integrantes da formação original da banda à frente do retorno. Em junho, aterrissarão em Brasília, no Festival Criolina, divulgando o novo trabalho e executando clássicos.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel