Nahima Maciel
postado em 14/05/2019 06:13
Foi com Que sera sera que Doris Day ganhou o mundo e juntou cinema e música em uma dobradinha que a levou a se tornar a queridinha da América por, pelo menos, duas décadas. A atriz e cantora morreu ontem, pela manhã, aos 97 anos, em sua casa em Carmel Valley, na Califórnia. O anúncio foi feito pela Doris Day Animal Foundation, criada pela atriz em 1978 para lutar pelos direitos dos animais. Segundo a fundação, a atriz sofria de pneumonia e morreu em casa, amparada pela família.
Ela já havia feito mais de 20 filmes, incluindo Romance em alto-mar, quando Alfred Hitchcock a convidou para viver uma mãe que tem o filho levado por espiões durante uma viagem ao Marrocos em O homem que sabia demais. O papel foi talhado para Day: ao lado de James Stewart e de Daniel Gélin, ela encarnou uma ex-cantora da Broadway que entoava Que sera sera como se fosse um hino à liberdade. No filme, é a música cantada por Day para avisar que o fim da agonia estaria próximo. A música, assinada por Jay Livingston e Ray Evans, acabou por ganhar um Oscar.
Day nunca chegou a levar uma estatueta para casa, mas foi indicada para melhor atriz, em 1960, por Confidências à meia-noite. Em 1991, recebeu da American Comedy Awards o prêmio pelo conjunto da obra e, ao longo da carreira, foi contemplada com seis prêmios Globo de Ouro.
Rosto emblemático dos musicais românticos de Hollywood nas décadas de 1940, 1950 e 1960, a atriz esteve à frente de filmes como A indomável, Ama-me ou esquece-me e Ardida como pimenta, que costumavam ser reprisados inúmeras vezes nas Sessões da Tarde dos anos 1980. Sempre cantando, se tornou uma das atrizes mais populares da era dourada dos musicais hollywoodianos. Chegou a gravar 29 discos e atuou em mais de 44 filmes.
Boa parte dessa produção foi sucesso inquestionável de bilheteria. Na tela, Doris Day encarnava a figura de loira inocente ; sempre no papel de mãe, esposa ou mocinha ; que renderia o apelido de ;Virgem da América;. Na vida real, a atriz se casou quatro vezes e chegou a comentar, na autobiografia publicada em 1976, Doris Day: sua própria história, que suas ideias sobre o casamento poderiam chocar os fãs. Dois desses casamentos resultaram em relação abusiva e violenta e, em um deles, Day foi praticamente à falência.
Foi graças à televisão, à qual chegou de forma trágica, que ela se recuperou. Após a morte do terceiro marido, o produtor Martin Melcher, Day descobriu que fora roubada pelo próprio e que precisaria cumprir um contrato assinado por ele sem seu conhecimento. Assim, a atriz, então com 44 anos, se afastou do cinema e passou a fazer o The Doris Day Show, programa de sucesso na CBS entre 1968 e 1973.
Além do cinema, Day era uma ativista conhecida. Embarcou com determinação em causas como a defesa dos direitos dos animais ao fundar a Doris Day Animal Foundation, instituição sem fins lucrativos para atuar na proteção dos animais, e foi uma voz de apoio aos portadores do HIV nos anos 1980, ao ajudar Rock Hudson, de quem era muito amiga e com quem contracenou, a passar pela doença. Eventualmente, Day também se tornou um ícone gay por conta do papel de vaqueira em Ardida como pimenta, embora nunca tenha realmente defendido as causas dos homossexuais.
Veja alguns dos filmes protagonizados por Doris Day
; Romance em alto- mar (1948)
; No, no, Nanette (1950)
; Conquistando West Point (1950)
; Rouxinol da Broadway (1951)
; Meus braços te esperam (1952)
; Combinação invencível (1952)
; Ardida como pimenta (1953)
; Lua prateada (1953)
; Com o ceú no coração (1954)
; Corações enamorados (1954)
; Ama-me ou esquece-me (1955)
; O homem que sabia demais (1957)
; Um pijama para dois (1957)
; Viuvinha indomável (1959)
; Confidências à meia-noite (1959)
; Já fomos tão felizes (1960)
; Carícias de luxo (1962)
; A mais querida do mundo (1962)
; A indomável (1967)
; Tem um homem na cama da mamãe (1968)