Diversão e Arte

'Kardec' estreia com história do criador do espiritismo

Longa de Wagner de Assis lembra os 150 anos da morte de Kardec

Ricardo Daehn
postado em 16/05/2019 06:30

Kardec (Leonardo Medeiros): espírito de observação, em uma série de pesquisas em torno de fenômenos inexplicáveis

A ampliação da consciência, a perpetuação de vidas e a superação da morte são elementos que trazem grande visibilidade e enorme mobilização de muitos que seguem os preceitos da doutrina espírita. Só no Brasil, são contabilizados mais de 15 mil centros de pessoas compromissadas com ideais propostos, desde o século 19, pelo francês Allan Kardec. No cinema, a conjuntura que somou esforços do diretor Wagner de Assis e a difusão do espiritismo, há quase 10 anos, confirmou a popularidade do tema, em Nosso lar, filme assistido por mais de 4 milhões de espectadores. Na nova realização, o longa Kardec, que chega às salas de cinema hoje, Wagner de Assis, numa afinada parceria com o escritor Marcel Souto Maior (de livros como As vidas de Chico Xavier e Kardec: A biografia), coloca em evidência, praticamente 150 anos após a morte de Kardec, dose de desconfiança e fontes de pesquisa que auxiliaram na formatação da doutrina em pauta.


;Kardec começa como um cético, movido por razão, baseado em bom senso, que se recusava a presenciar fenômenos inexplicáveis ainda ; mas que eram dados a crendices, superstições. Permite-se assistir a um desses fenômenos e depois se engaja numa jornada de vida que literalmente vai mudar até seu nome;, explicou Assis, em recente entrevista ao Correio. Nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, Kardec era discípulo do pedagogo Johan Pestalozzi, e um renomado professor, quando o despontar de um chamado fenômeno ; batizado de ;mesas girantes; ; fisgou a atenção dele.

Entre abusos que apontavam para crendice e acusações de mera ilusão, os fenômenos fizeram brotar questionamentos, ameaçando a reputação e a estabilidade de Kardec, disposto a empregar métodos científicos para entender as sessões inexplicáveis que presenciava. Ator de filmes como Cabra cega e Budapeste, Leonardo Medeiros diz ter mantido a cabeça aberta e adotado um modelo intuitivo para dar vida, na telona, ao representante máximo do espiritismo. ;O mundo dele é o mundo interior;, explicou, em material de divulgação do filme. Quem cuidou da caracterização de Medeiros foi Anna Van Sten, lembrada pelo trabalho nas séries Coisa mais linda e Elis.


Filtro emocional

O diretor do filme Wagner de Assis faz questão de diferenciar Kardec, muitas vezes confundido com médium, de um homem racional e responsável pela codificação da doutrina espírita, a partir de uma base: O livro dos espíritos. Elementos de determinação do protagonista e um filtro emocional do personagem balizaram a pretensão dos realizadores do filme, já idealizado desde o lançamento de Kardec: A biografia, em 2014. Enfatizando que seus livros advêm do resultado de muita pesquisa, o escritor Marcel Souto Maior, à época do lançamento, assumia a identidade junto aos grupos reunidos pelo espiritismo da solidariedade ; ;é aquele que mobiliza milhões de pessoas;, comentou. O roteiro do longa Kardec traz a assinatura de L.G. Bayão (Minha fama de mau e Irmã Dulce), do próprio Assis (diretor de A menina índigo e um dos autores da novela Espelho da vida).

Com pequena parte da produção filmada à beira do Rio Sena e em paisagens francesas, o filme teve que se render aos efeitos da computação gráfica. No elenco estão nomes conhecidos como Dalton Vigh, intérprete de Dufaux, e Guida Vianna, que vive a madame De Plainemaison. Vencedora do prêmio de melhor atriz, no Festival de Cannes (pelo longa Linha de passe e intérprete da mãe de Renato Russo, em Somos tão jovens), Sandra Corveloni dá vida a Amélie-Gabrielle, mulher de Kardec, além de professora e musicista, e uma grande apoiadora dos preceitos filosóficos defendidos pelo marido. Na tela, o ator francês Christian Baltauss compõe enigmático personagem identificado como general; Genézio de Barros vive o padre Boutin e Guilherme Piva faz as vezes de P.P. Didier, editor dos livros de Allan Kardec.

Outras estreias

A grande dama do cinema
; De Juan José Campanella. Estrelado por Graciela Borges e Oscar Martínez, revela as maquinações de uma dupla de contraventores que pretende saquear uma antiga estrela de cinema que vive em propriedade rural.



John Wick 3 ; Parabellum
; De Chad Stahelski. Depois de incriminado pela morte de um mafioso, o personagem-título (Keanu Reeves) tem a cabeça posta a prêmio, por US$ 14 milhões. A vencedora do Oscar Halle Berry está no elenco.



Uglydolls
; De Kelly Asburry. Animação mostra, por meio da convivência de Moxy e os amigos dela, como é importante ser singular, independentemente de padrões reinantes.


O sol também é uma estrela
O sol também é uma estrela
; De Ry Russo-Young. Natasha e Daniel se apaixonam, a despeito das enormes diferenças entre eles; e tudo acontece, às vias da deportação dela para a Jamaica.



A espiã vermelha
; De Trevor Nunn. Diretor de cinema bissexto, com ampla atuação no teatro e autor do clássico Hedda (1975), Trevor Nunn conduz a trama estrelada por Judi Dench em que uma estudante é arregimentada para servir, no Reino Unido, como espiã russa.


O último lance
; De Klaus H;r;. Um negociante de arte, às vésperas da aposentadoria, vê a chance de sua vida, ao topar com obra que imagina estar muito subavaliada, durante um leilão.



Antártica por um ano
; Documentário de Julia Martins. Quinze pessoas são destacadas para servir a pesquisas na base brasileira do continente gelado.

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