Diversão e Arte

Efeitos visuais com toque brasileiro, no blockbuster Detetive Pikachu

Megaprodução Pokémon: Detetive Pikachu traz o maranhense Fellipe Beckman como líder dos efeitos visuais, nos bastidores

Adriana Izel
postado em 04/06/2019 07:12
Fellipe Beckman: toque brasileiro em blockbuster

Em cartaz nos cinemas, o filme Pokémon: Detetive Pikachu, de Rob Letterman e protagonizado por Justice Smith e Ryan Reynolds, tem uma pitada brasileira. É o que a equipe responsável pelos efeitos visuais do longa-metragem foi liderada pelo maranhense Fellipe Beckman, que está há alguns anos radicado no Canadá trabalhando na MPC, um dos maiores estúdios de VFX (sigla para efeitos visuais) do mundo.

A produção da saga foi o primeiro trabalho de Beckman na chefia desse tipo departamento. Antes, ele já havia atuado nas equipes de filmes como Alita: Anjo de combate, que também estreou neste ano nos cinemas, e da série The boys, que vai ser lançada por uma plataforma de streaming. ;Foi uma experiência única, por dois motivos: um por ser fã da franquia (Pokémon), e o segundo porque foi o meu primeiro filme como um dos leads (líder) do nosso departamento. E essa função traz consigo uma grande responsabilidade. Agradar aos fãs foi a maior delas;, revela sobre a experiência em Detetive Pikachu.
Por ser tratar de uma versão em live action de uma animação, o filme contou com efeitos visuais para criar essa cidade em que pokémons e humanos convivem normalmente. ;Misturar os dois mundos é sempre um grande desafio e criar algo que não existe também. Foram inúmeros os desafios, infelizmente não posso citar muita coisa. Mas o que eu posso dizer é que chegamos no resultado desejado;, afirma Fellipe Beckman.
Blockbuster universal tem Fellipe Beckman na engenharia dos efeitos
Produção

O trabalho do brasileiro começou bem antes da pré-produção dos efeitos visuais do longa-metragem. Beckman explica que foi responsável por definir as tecnologias e os softwares que seriam usados no decorrer da produção. ;Algumas decisões precisam ser bem concretas, pois mudar no meio do projeto pode dificultar a execução;, explica. De acordo com o ele, o trabalho ainda consiste em fazer o orçamento das cenas, escolher o time e definir quantos dias serão gastos para a execução do serviço.
No caso dele também atuou como concept artist, que é a pessoa que ilustra uma representação visual. ;Tive a oportunidade de criar algumas coisas que, infelizmente, só posso citar após o filme sair do cinema. A produção em si começa depois que o filme já foi filmado, mas muita coisa muda no decorrer da produção, isso tudo depende da visão e mudanças de ideias do diretor, pois ele sempre tem a palavra final;, completa.
Essas experiências serão compartilhadas por Fellipe Beckman com os brasileiros em setembro. Ele foi confirmado como uma das atrações do Unhide Conference, considerado o maior festival de arte digital de América Latina, que será de 27 a 29 em São Paulo. ;Estou ansioso para participar do evento, por vários motivos. Um deles é que já se passaram quase cinco anos desde a minha última visita ao Brasil, e segundo por ser minha primeira participação em um evento dessa escala. O convite surgiu do Milton Menezes, CEO do evento, que é um cara supertalentoso que eu passei a admirar mais ainda como pessoa por ser visionário e levar esse tipo de conteúdo para o Brasil, dando assim oportunidade e acesso aos artistas brasileiros para participarem de algo tão bacana como a Unhide Conference;, diz.


Duas perguntas // Fellipe Beckman

Você atualmente está radicado no Canadá trabalhando em um dos maiores estúdios de efeitos visuais. Mas como foi a sua trajetória até aí?
Eu nasci e fui criado em São Luís (MA). Sempre gostei muito de desenhar e tinha como foco ser um quadrinista. Trabalhar com revistas em quadrinhos era o meu sonho, porém a minha realidade era outra e acabei tendo o desenho apenas como hobby. Quando entrei na universidade, tive o meu primeiro contato com um software 3D e foi ali que surgiu a minha paixão pelo CG (computação gráfica). Nos anos seguintes, fui me dedicando bastante, mas ainda era algo que não fazia parte do meu mundinho, onde todos só falavam em fazer concurso público e ter um trabalho estável. Tive que enfrentar muito desafios para enfim entrar no mercado. Resumindo, foram bons longos anos.

Para quem gostaria de seguir seus passos, que conselhos daria?
Foco e muita determinação, o trajeto para a maioria não será fácil, principalmente se você não tiver apoio da família. Eu sempre usei as dificuldades como combustível para me manter motivado, pode até ser difícil, mas quando você aprende a canalizar e transformar em energia positiva, as coisas começam a dar certo.

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