Adriana Izel
postado em 05/06/2019 07:00
Há 20 anos, a voz grave da mineira Ana Carolina arrebatou o Brasil. A cantora havia lançado o álbum homônimo que logo teve três músicas entre as mais tocadas nas rádios e que se tornaram trilhas sonoras de novelas da Globo: Garganta, em Andando nas nuvens; Tô saindo, no folhetim Vila Madalena; e Nada pra mim, na temporada da época de Malhação. A partir daí, a artista se tornou sinônimo de composições românticas e marcou seu espaço na música brasileira. ;Nunca imaginei quando comecei a fazer música que poderia ter a carreira que tenho hoje. Me sinto realizada, vitoriosa, feliz. Ao mesmo tempo, sei que tenho que aprender muito ainda;, analisa em entrevista ao Correio.
Em celebração à marca, Ana Carolina lançou na última sexta-feira o EP Fogueira em alto mar, o primeiro de três volumes que completarão um álbum, formado por 12 faixas, sendo 10 inéditas e compostas por Ana Carolina e duas regravações que darão origem a uma turnê, que passará por Brasília em agosto. ;Comemorar os 20 anos de carreira é olhar para trás e ver a beleza de onde acertei, onde errei e para onde tenho que ir agora. Tenho que formular novas perguntas para manter minha curiosidade sobre a música. Acho que esses 20 anos foram mais ou menos isso. Como eu disse no material de divulgação do disco, eu viveria minha vida infinita vezes;, afirma.
O EP volume 1, que já está disponível nas plataformas digitais, é formado por seis músicas, destas quatro românticas que remetem ao trabalho de 1999. São elas, as canções Não tem no mapa, Fogueira em alto mar, O tempo se transforma em memória e Canção antiga. ;Fiquei seis anos sem compor. Fiquei nesse hiato e em 2018 fiquei compondo as canções de Fogueira em alto mar. Ele surge depois dessa espera e num momento frutífero, em que voltei a compor, fazer canções no violão. Acho que é um trabalho que me aproxima muito do início da minha carreira, do disco Ana Carolina, que é baseado no violão e nas canções de amor;, explica.
Samba
As demais faixas do EP formam um bloco de samba (Da Vila Vintém ao Fim do Mundo e 1296 mulheres), um desejo de Ana Carolina, que há alguns anos mostra aos poucos a aproximação com o estilo musical. ;Sempre tive uma relação com o samba, mas não nos primeiros discos. Comecei a minha relação, acho que de forma estampada, quando gravei Não fale desse jeito, uma parceria minha com Seu Jorge. No último disco #AC, apesar de ser para dançar e eletrônico, tinha Resposta da Rita que gravei com Chico Buarque, que é uma resposta ao samba dele, A Rita. Nesse disco atual eu queria um bloco de samba;, revela.
Isso aconteceu graças a um pedido de Elza Soares em 2017 para que Ana Carolina escrevesse uma canção para ela. Nervosa, a cantora não teve condições de fazer na época ; algo que ela diz que acontece sempre que alguma diva lhe pede: ;eu fico paralisada, nervosa e não consigo;. Mas, ao lado do compositor pernambucano Zé Manoel, conseguiu escrever a faixa Da Viola Vintém ao Fim do Mundo, uma homenagem a Elza, com quem ela divide os vocais na canção. ;Fiz esse samba, em que ela canta junto comigo, que é um dos momentos mais emocionantes do disco;, lembra. ;Foi como estar no pódio na Olimpíada. Foi o momento mais importante do disco. Ela tem uma energia muito incrível, canta muito, é alto-astral, uma pessoa legal, bacana. Fiquei toda boba;, explica sobre a participação de Elza Soares no EP.
O outro samba que compõe o disco é 1296 mulheres, de Moreira da Silva. A canção entrou no repertório indicada pelo pesquisador e escritor Rodrigo Faour. ;Ele me soprou a ideia dessa música. Daí consegui fazer esse bloco de samba. Tenho me aproximado cada vez mais do samba. Eu queria que o disco tivesse esse bloco de samba, eu corri atrás disso;, garante.
Próximos lançamentos
Dividir o lançamento de Fogueira em alto mar coloca Ana Carolina numa estratégia adotada por muitos artistas nos últimos anos. Os próximos EPs chegam em 28 de junho e 26 de julho, respectivamente, e assim formam o álbum completo. ;Hoje em dia o público entende a música vinda da internet muito mais nesse tipo de processo de EP. E eu gostei dessa maneira que o EP foi dividido, apresentando seis canções agora e ainda gerando uma curiosidade com mais dois EPs. Acho que é a melhor maneira, a mais apropriada de lançar;, comenta.
A turnê nacional de Fogueira em alto mar começa antes mesmo da divulgação dos dois EPs. O primeiro show será em 15 de junho em Belo Horizonte. A capital federal está entre as cidades que integram a série de shows. Em Brasília, Ana Carolina desembarca em 31 de agosto, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no Eixo Monumental.
[FOTO2]
[FOTO2]
Fogueira em alto mar
De Ana Carolina. Sony Music, 6 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
Show Fogueira em alto mar ; Ana Carolina
Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Em 31 de agosto, às 21h. Ingressos a R$ 100 (poltrona superior), R$ 120 (poltrona especial), R$ 140 (poltrona vip), R$ 160 (poltrona gold) e R$ 200 (poltrona premium). Valores de meia-entrada e primeiro lote. Assinantes do Correio têm 50% de desconto no valor da inteira. À venda na Bilheteria Digital. Não recomendado para menores de 14 anos.