Diversão e Arte

Stranger things ganha expansão do universo com livro 'Raízes do mal'

Sucesso da Netflix terá ampliação da saga com o lançamento de uma coleção que conta histórias ligadas à série. Primeiro livro, aborda o passado da mãe de Eleven, personagem de Millie Bobby Brown

Adriana Izel
postado em 05/06/2019 04:08
Terceira temporada de Stranger things estreia em 4 de julho na Netflix
A um mês da estreia da terceira temporada de Stranger things, que chega à plataforma em 4 de julho, os fãs da série, criada e escrita pelos irmãos Duffer, podem começar a se preparar para a divulgação dos novos episódios de uma forma diferente. Em maio deste ano, foi lançada no Brasil a primeira obra de uma coleção literária que amplia a narrativa das telinhas com histórias inéditas envolvendo enredos e personagens ligados à série em formato de livro. A ideia é entregar aos espectadores informações além do produto televisivo.

Raízes do mal é o primeiro livro da coleção ; com tem três obras confirmadas ; que expande o universo de Stranger things e aborda uma história bastante importante para a narrativa da série: a origem de Eleven, personagem vivida por Millie Bobby Brown, que tem superpoderes e participa de experimentos feitos pelo Dr. Martin Brenner (Matthew Modine) no Laboratório Nacional de Hawkins ; cidade em que se passa a série ;, que criam o mundo invertido para onde Will (Noah Schnapp) é levado na primeira temporada. Para isso, a obra gira em torno de Terry Ives (interpretada na série na segunda temporada pela atriz Aimee Mullins), a mãe de Eleven, e como a jovem no fim dos anos 1960, em meio à Guerra do Vietnã, acabou se envolvendo com o projeto ultrassecreto do governo chefiado por Brenner, o MKULTRA.

[SAIBAMAIS]Com consultoria dos próprios irmãos Duffer e participação de Paul Dichter, que trabalha na equipe de roteiristas da série, a narrativa ficou a cargo da escritora norte-americana Gwenda Bond. ;Meu editor da Del Rey, que trabalha em parceria com a Netflix, entrou em contato com o meu agente para avaliar o meu interesse. Claro que eu disse sim, que estava interessada;, lembra Gwenda Bond em entrevista ao Correio.

Fã da série, ela conta que começou a assistir logo depois da primeira semana do seriado ter sido lançado no serviço de streaming, graças a um tuíte de Stephen King. ;Acho que os Duffers e eu compartilhamos muitas influências. Enquanto eu escrevia o livro, assisti ao programa (novamente) para que todos os detalhes, como as portas do laboratório, o tipo de luminárias, o papel de parede entendiante, fossem iguais;, lembra.

Protagonista forte

Autora de livros como Girl on a wire, Lois Lane e Double down, a estadunidense tem como característica desenvolver histórias com personagens femininas fortes. E é exatamente desse jeito que Terry Ives é mostrada. Estudante universitária e extremamente curiosa, ela acaba assumindo a vaga no experimento no lugar de uma das melhores amigas, que desiste.

O principal incentivo dela é poder participar de algo que imagina ser importante. Além disso, a quantia em dinheiro recebida pelos voluntários após os testes aos quais são submetidos com alucinógenos. No entanto, no meio do projeto, Terry, que está grávida do namorado, descobre, ao lado dos outros voluntários Ken, Alice e Glória, que os testes os colocam em risco e podem ser uma arma perigosa para os Estados Unidos.

;A amizade é uma parte tão central de Stranger things, que me pareceu a oportunidade real de dar a Terry uma gangue de garotas. Alice e Glória surgiram imediatamente para mim. Por ter todos esses personagens vindos de diferentes origens, me dei a liberdade de explorar diferentes partes para construir essa amizade única e profunda desse grupo, que surge em meio a um ambiente perigoso e negativo, no qual eles estão envolvidos;, explica Gwenda Bond.

O livro ainda revela o verdadeiro pai de Eleven, que, na verdade, foi batizada de Jane ; algo também abordado na produção da Netflix ;, e mostra outra personagem do seriado, a jovem Kali (interpretada pela atriz Linnea Berthelsen na série), que, na obra literária, também é apresentada como Eight, e tem papel primordial na narrativa de Raízes do mal.

Stranger things: Raízes do mal
De Gwenda Bond. Editora Intrínseca, 304 páginas. Preço médio: R$ 34,90 (e-book) e R$ 49,90 (impresso).

Três perguntas //Gwenda Bond

Escritora norte-americana Gwenda Bond
Houve alguma interferência da Netflix e dos criadores na construção
da história ou você teve uma certa liberdade para escrever?
Trabalhar com todos os envolvidos foi um presente. Os irmãos Duffer foram claros que os escritores dos livros (cada livro da coleção tem um autor) tinham liberdade para colocar as próprias marcas nas histórias. Nós tivemos um escritor que está na equipe da série de Paul Dichter, que trabalho comigo e meu editor para se certificar de que cada passo era consistente com o seriado. Mas eu tive muita sorte de poder contar a história que eu queria. A maioria das mudanças foram ajustes para os elementos sobrenaturais, que eu estava muito feliz em fazer.

Embora o livro não seja sobre a Guerra do Vietnã isso é abordado na obra,
assim como o papel das mulheres nos anos 1960. Por que você decidiu
trazer esses assuntos no meio dessa história e quais
foram os desafios dessa inclusão no enredo?
A série se passa nos anos 1980, e eu e meu editor concordamos desde o início que queríamos fundamentar o livro em 1969 e 1970. Os experimentos da MKULTRA usados na série são retirados de uma história real de experimentos que muitas vezes envolveram estudantes universitários. Então, muitos aspectos sugeriram que a vida de Terry e dos amigos delas está influenciada pela ameaça diária da guerra e das estruturas sociais que estavam na época. Os desafios, claro, foram porque eu não tinha nascido ainda naquela época. Então fiz um pouco de pequisa. Algumas das experiências de Terry foram extraídas das histórias que minha mãe me contava, porque ela estava na universidade na época.

Seus trabalhos geralmente envolvem mulheres protagonistas. Para você, qual é a importância de criar personagens femininas fortes?
Acho que essas são as histórias que me interessam. Ainda há tantas histórias sobre mulheres que nós não vimos, tantas variações que só caracterizam os homens. Eu amo escrever personagens masculinos também, mas não costumo colocá-los como protagonistas. Minha meta é sempre criar tipos de mulheres complexas, incríveis e inspiradoras que conheço na vida nas páginas dos livros.

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