Diversão e Arte

Toda a fineza de Safia

Mostra em Pirenópolis homenageia a artista goiana que está prestes a completar 90 anos de idade

Correio Braziliense
postado em 06/06/2019 04:08 / atualizado em 19/10/2020 14:58





A  história de Celestina Teixeira Siqueira será celebrada na sua cidade natal, Pirenópolis (GO), a 150km de Brasília. A artesã/artista, que começou a modelar o barro com 7 anos de idade, inspirada pelos avós, completa 90 anos neste sábado. Para comemorar a data, uma exposição das peças e produções de Safia — como é conhecida popularmente — será realizada pela Associação Cultural e Ecológica dos Artesãos em Prata de Pirenópolis (Aceapp), em parceria com a prefeitura da cidade.           

Reconhecida por utilizar a técnica da cerâmica para explorar e representar a contemporaneidade presente em Pirenópolis, a artista também tem produções esculturais em miniatura de pessoas. Marisa Pacheco é a responsável pela curadoria da exposição marcada para o Museu do Divino, mas também é uma admiradora da arte da amiga de longa data. “Eu conheço a Safia desde que vim para cá, há 32 anos. Também trabalho com cerâmica e sempre admirei as obras dela. Ela vai fazer 90 anos, mas escuta pouco e enxerga mal, além de estar um pouco doentinha. Então, queremos mostrar a importância que ela tem nas artes plásticas. É uma mulher simples, de alfabetização incompleta, autodidata e realiza um trabalho muito bonito”, conta.            



Completando nove décadas de vida, não consegue mais produzir ou trabalhar. Então, para realizar a homenagem, um árduo esquema foi montado por meses para encontrar pessoas que pudessem emprestar obras da artesã para exposição. E colaboradores de Pirenópolis e Brasília, onde Safia realizou diversas exposições, aceitaram participar. “Safia nunca teve uma grande exposição na cidade em que nasceu. Fizemos uma na comemoração dos 80 anos, mas em pequena escala. Dessa vez, a prefeitura cedeu o espaço do museu, que é o único grande prédio da cidade, com uma arquitetura linda. Essa galeria vai reunir peças emprestadas de colecionadores dela de todo o país”, explica a curadora.

O pintor Elder Rocha Lima, contemporâneo da homenageada, definiu-a como uma artista naif (que inventa um jeito pessoal de expressar as emoções) que fugiu da normalidade encontrada nas produções da década de 1930 para frente, empregando um padrão estético no artesanato sem os ensinamentos de ninguém, desenvolvendo por conta própria. “Era capaz de produzir objetos que nos comoviam e emocionavam esteticamente. Sua produção poderia fazer parte de museus respeitáveis.”

A artista, de origem e família humilde, vive apenas com um salário mínimo atualmente. Então, para ajudar a melhorar a qualidade de vida de Safia, três peças serão leiloadas durante a exposição e um catálogo da artista será vendido pelo valor de R$ 30. Na abertura, bandas locais se apresentam para animar o evento. “É o momento certo para fazer uma grande homenagem, enquanto ela está viva. Depois disso, pouco importa. Temos que valorizar e reconhecer todo esse trabalho agora, que tem um valor além do artesanato. É uma arte”, disse Marisa Pacheco. 

* Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco

Exposição 
Sofia, a poesia do barro e a sabedoria do serMuseu do Divino, Pirenópolis (GO) — Rua dos Pireneus, 7- Beira Rio — Centro Histórico. Abertura sábado, às 17h. Presença de Safia e apresentação de bandas locais. A exposição será aberta ao público no domingo e segue até até o dia 16, das 10h às 20h.
 
 

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