postado em 06/06/2019 14:50
A 35; Feira do Livro de Brasília (FeLIB) abre as portas nesta quinta (6/6) com um desfalque. Segundo o curador do evento, Maurício Melo Jr., a falta de recursos levou ao cancelamento de boa parte da programação do Café Literário. Boa parte dos autores convidados não haviam recebido passagens nem confirmação de hospedagem até hoje. Alguns resolveram então anular a participação e outros foram avisados pela organização do cancelamento do convite. Até autores locais acabaram desconvidados.
Marcadas para sexta (7/6), a participação de Renato Janine Ribeiro, Dad Squarisi, colunista do Correio Braziliense, e Sandra Dualibi foram canceladas. Ignácio de Loyola Brandão, que dividiria a mesa com Josélia Aguiar e Francis Hime na próxima semana, também foi desconvidado. "Ao longo da vida tenho tido vários desconvites
por múltiplas razões", explica o autor de Não verás país nenhum. "O problema maior é que sabemos porque estamos sendo desconvidados. Porque os meios oficiais nem estão aí. Mas verba para lagosta no Supremo, tem, ah, isso tem. Porque um governo que não tem ministério da cultura, despreza ensino, corta verbas da educação e cultura, é um governo analfabeto, sem preparo, sem primeiras letras, desprezível. Um governo que em lugar de ir lutar no Parlamento pelas sua causa maior, a previdência, fica fazendo decretos sobre trânsito."
Até ontem, Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo (USP), não havia recebido passagens nem confirmação. Hoje, soube do cancelamento. "Na última hora e só depois de vários telefonemas meus que ficaram sem resposta, finalmente cancelaram minha participação e a de outros convidados", conta. Alberto Mussa, que também estaria no Café Literário e dividiria a mesa com Lúcia Bettencourt e Mary del Priore , desistiu de participar porque até hoje, quando a feira abre as portas, não havia recebido confirmação de sua participação. ;Não cheguei a ser desconvidado, eu e Lúcia Bettencourt informamos ontem que não iríamos mais por não termos recebido passagens e confirmação de hospedagem e transfer pedidos;, conta Mussa.
Na página da 35; FeLIB na internet, um comunicado oficial avisa do cancelamento da programação. "Resiliência. Esse é o sentimento que tem norteado a realização de ações de cultura em nosso país desde há muito. Quando se trata de literatura então, a tarefa se torna ainda mais desafiadora. Num momento em que o mercado editorial diminuiu pelo quinto ano consecutivo, em que as livrarias estão fechando, em que os investimentos privados são ainda pouco significativos e esparsos, em que as políticas públicas do livro, da leitura e bibliotecas estão aquém do necessário, ainda assim, conseguimos mais uma vez colocar de pé, com altivez, a tradicional 35; FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA ; FeLiB. Mas a tarefa a cada ano mostra-se mais hercúlea. Fomos forçados a fazer diversos e dolorosos cortes indigestos. Entregamos a melhor FeLiB possível, mas não a que desejávamos", diz o texto.