Diversão e Arte

Um espetáculo de atriz!

Com quase 40 anos de carreira artística, Claudia Raia demonstra toda a versatilidade na telinha e nos palcos

postado em 15/06/2019 04:38
Com quase 40 anos de carreira artística, Claudia Raia demonstra toda a versatilidade na telinha e nos palcos


Aos 52 anos, Claudia Raia não pensa em parar. Pelo contrário, a atriz acredita estar em seu melhor momento da carreira, que se iniciou quando ela ainda tinha 13 anos e largou o país de origem para investir na vida de bailarina em Nova York. ;Olho para trás e tenho muito orgulho do que construí. E isso me dá uma alegria imensa e ainda mais fôlego e energia para continuar me realizando artisticamente. Aposentadoria não faz parte do meu vocabulário;, garante.

Atualmente, ela pode ser vista na telinha em dois momentos. Primeiramente interpretando a autêntica Lidiane, em Verão 90. A atriz ainda está no Domingão do Faustão, onde é jurada da competição Show dos famosos. Em meio a isso, a atriz prepara um novo musical ao lado do marido, Jarbas Homem de Mello, o espetáculo Conserto para dois, com texto de Ana Toledo.

Em entrevista ao Correio, Claudia Raia fala dos desafios de interpretar Lidiane, faz uma análise dos mais de 30 anos de carreira e ainda destaca a importância da arte e da cultura nos dias de hoje: ;Acho que a arte, de uma maneira geral, é muito importante. Porque seja por meio do teatro, da tevê, do cinema, da música, da pintura... Você não só preserva a identidade nacional, também faz com que as pessoas aprendam a realidade e se inspirem para transformá-la;.

>> entrevista Claudia Raia

Você retornou às novelas como a Lidiane de Verão 90, uma
personagem que tem nuances de comédia e
representa também
a força feminina. Como foi ganhar esse papel e como
você se preparou para interpretá-la?
Lidiane é um presente! Ela é um furacão, uma mulher que sonha, que corre atrás, é extremamente apaixonada tanto pela vida quanto pela filha, Manuzita (Isabelle Drummond). E essas características dela permitem que eu trabalhe muitas coisas com essa personagem. Ela vai da comédia ao drama muito rapidamente. E mostrar essa versatilidade em cena é um desafio instigante como atriz. Eu me preparei para Lidiane a partir do texto delicioso da Izabel de Oliveira e da Paula Amaral, nossas autoras. Nessa empreitada, conto também com meu querido amigo Jorge Fernando, que dirige a novela. Minhas lembranças da década de 1990, que foi um período tão maravilhoso, também me ajudam a ambientar Lidiane. E o sotaque e os trejeitos dela vêm de pessoas conhecidas, que fazem parte da minha vida e que me inspiram na hora de interpretar a personagem. Para Lidiane existir, há uma junção de várias partes do meu repertório de vida e como atriz.

Lidiane tem um lado vilã impedindo a relação da filha e ao
mesmo tempo é uma mãezona e uma personagem com uma
carga cômica forte. Como foi criar as nuances da personagem?
Pois é. Parece até contraditório, né?! Não acho que Lidiane se vê como vilã quando age assim. Ela realmente acredita que está protegendo a filha, que está fazendo o que é melhor para Manuzita. É um jeito meio torto de amar, mas acho que o público também vê assim, mais como um jeito torto do que como vilanias. Ela não é uma coisa só, está longe de ser uma personagem unidimensional. E mostrar todas as tonalidades da personalidade de Lidiane é maravilhoso, é um exercício artístico muito grande. Gosto também que a personagem não é definida por uma coisa. Lidiane é uma mãezona apaixonada, professora de dança, ex-atriz de pornochanchada, que tem seus amores... Ela é uma mulher em sua completude. Acho isso muito interessante também. Porque nós somos muitas em uma. Eu sou mulher, mãe, esposa, atriz, dançarina, produtora... É muito bom levar justamente isso para a tevê.

Verão 90 se passa nos anos 1990. Que
lembranças você têm desse período?
Os anos 1990 me despertam lembranças maravilhosas. Havia um frescor naqueles anos. Estávamos retomando um país democrático, havia uma crença que dias melhores viriam. Sinto que as pessoas queriam ser felizes e não estavam preocupadas com a vida alheia, nem queriam impor sua maneira de viver. Resgatar esse sentimento é muito gostoso, dá uma sensação boa de que pode ser diferente e nos lembra também de que temos muita força para seguir adiante. Além disso, é bom relembrar a moda da década de 1990, a dança... É resgatar uma época muito boa da nossa história.

Além da dança, o que acha que Lidiane tem em comum com você?
Eu e Lidiane temos uma paixão pela vida muito grande, uma vivacidade, uma vontade de ver as coisas acontecerem, e temos disposição para correr atrás dos nossos sonhos, do que queremos. Temos isso em comum. E também somos mães muito apaixonadas pelos filhos. A questão é que exercemos a maternidade de maneiras bem diferentes.

Você está como jurada do Show dos famosos. Como é essa experiência
e o que você leva em consideração na hora de avaliar os participantes?
O papel do jurado nunca é fácil, e eu o encaro com muita seriedade. Na hora de comentar uma apresentação, de julgar aquele artista que está ali, analiso o conjunto do que está sendo apresentado, mas também as questões específicas: caracterização, canto, expressão corporal... Tudo isso conta. É uma experiência muito rica. E a gente vê artistas multitalentosos em ação. Já chamei gente dali para trabalhar comigo, por exemplo. O convite para Helga Nemeczyk participar de Chaplin, o musical, que eu produzi junto com o Sandro Chaim, veio justamente do contato que tive com ela no Show dos famosos.

Você retorna aos palcos em breve com a comédia Conserto para dois. O que podemos esperar desse espetáculo? Vocês podem esperar se divertir muito. É um espetáculo um pouco diferente dos últimos que eu fiz. Conserto para dois é uma comédia musical estrelada por mim e por Jarbas (Homem de Mello), com um texto ótimo da Ana Toledo. Nossa ideia é sair em turnê com o espetáculo pelo Brasil, algo que já estamos planejando há um tempo. Nossa previsão é começar as apresentações no segundo semestre deste ano. Estamos muito animados!

Você é uma artista que produz bastante no teatro e luta
por esse lado artístico. Para você, qual é a
importância do
teatro para a cultura do Brasil?
Acho que a arte, de uma maneira geral, é muito importante. Porque seja por meio do teatro, da tevê, do cinema, da música, da pintura... você não só preserva a identidade nacional, você também faz com que as pessoas aprendam a realidade e se inspirem para transformá-la. Cultura é uma maneira de conhecermos a nós mesmos, de saber de onde viemos e pensar sobre para onde estamos caminhando. Não podemos perder isso de vista, o exercício que isso nos proporciona.

Você entrou muito jovem na vida artística. Quais foram os maiores desafios no seu início?
Primeiro, entrei como bailarina. Acho que meu primeiro desafio foi driblar minha mãe para ir para Nova York aos 13 anos, ainda tão nova, estudar balé. Foi o começo de tudo. O maior desafio, eu acredito, é persistir. Porque não é fácil, as coisas não acontecem do dia para noite. E é preciso muito pé no chão e ideia de onde você quer chegar para seguir adiante apesar das adversidades.

Com mais de 30 anos de carreira, que balanço faz desse período?
Tem alguma personagem ou trabalho que seja seu xodó?
Olho para trás e tenho muito orgulho do que construí. E isso me dá uma alegria imensa e ainda mais fôlego e energia para continuar me realizando artisticamente. Porque eu já fiz muitas coisas, mas ainda quero fazer muito mais (risos). Aposentadoria não faz parte do meu vocabulário. Estou no meu auge e tenho muitos projetos ainda para realizar. De tudo que já fiz, acho que Tonhão (de As presidiárias, da TV Pirata) tem uma coisa especial para mim. Não achavam que eu conseguiria fazer a personagem, porque era uma atriz bonita, um símbolo sexual. O Guel (Arraes, diretor) dizia que eu não era uma atriz de comédia. Mas eu insisti tanto que, para se livrar de mim, ele me deixou fazer. E deu muito certo.


"Eu e Lidiane temos uma paixão pela vida muito grande, uma vivacidade, uma vontade de ver
as coisas acontecerem, e temos disposição para correr atrás dos nossos sonhos;

"Cultura é uma maneira de conhecermos a nós mesmos, de saber de onde viemos e pensar sobre para onde estamos caminhando ;

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