Diversão e Arte

Adriana Calcanhotto se reencontra com o mar no álbum 'Margem'

Em 'Margem', a cantora gaúcha encerra a trilogia em que celebra a paixão pelas águas iniciada há mais de 20 anos. Show do disco passa por Brasília em outubro

Adriana Izel
postado em 16/06/2019 06:15
Cantora Adriana Calcanhotto
;Minha terra é o mar;. Assim canta e, de certa forma, explica Adriana Calcanhotto em O príncipe das marés, sexta música do recém-lançado álbum Margem, o magnetismo que sente pela combinação de água, sal e areia. A paixão pelo mar é antiga e vem sendo celebrada pela artista em suas composições desde 1998 quando lançou o disco Maritmo, o primeiro de uma trilogia que teve ainda Maré, de 2008, e se encerra agora com Margem.

;Eu não tinha certeza se eu completaria essa trilogia. Ela poderia ficar incompleta. Quando eu estava lançando Maré começou a surgir o Margem. Logo apareceu esse nome e eu comecei. Ele nasceu ainda com o Maré, mas é um disco diferente, que tem uma cara própria. Cada um dos três discos tem uma identidade. Apesar de ser uma trilogia, não são uma sequência. Cada um, é um;, revela a artista em entrevista ao Correio.

Adriana Calcanhotto levou mais de 10 anos para encerrar Margem. O que, no mundo da música, é muito raro. ;Pela primeira vez na vida, o disco está saindo porque ficou pronto. E não estou reclamando, porque às vezes ajuda ter uma agenda, um dia. Mas também é muito bacana lançar um disco porque ficou pronto;, afirma sobre o CD divulgado no último dia 7 nas plataformas digitais.

;Eu tive todo esse tempo desde o lançamento do Maré, mas fiquei trabalhando paralelamente, com registros ao vivo, disco para crianças, antologia de poema... Tudo que ia trabalhando, em paralelo eu fazia o Margem. Essa foi a vantagem de trabalhar deixando decantar. Gosto dessa ideia do álbum, do equilíbrio. Essa é a grande qualidade desse trabalho, eu ter tido todo esse tempo para chegar a essas nove faixas;, analisa.

Referências


Assim como fez em A mulher do Pau Brasil, single e turnê divulgados no ano passado em que revisita o show de 1987
, Adriana faz uma autorreferência em Margem ao se inspirar no tema usado há mais de 20 anos. ;De certa forma, nós vamos criando os nossos repertórios e as referências, que nos marcam para o resto da vida. Mesmo que se vá alargando o repertório, são eles que balizam nossas ideias. Então acho que dentro da minha trajetória, o mar é uma das referências que eu visito e dou continuidade;, completa.

Das nove faixas que compõem o disco, apenas duas não foram escritas pela cantora: Os ilhéus, de José Miguel Wisnik, e O príncipe das marés, de Péricles Cavalcanti. Em relação à sonoridade, Adriana Calcanhotto navega por vários ritmos. O samba aparece na faixa título, a batida do funk está em Meu bonde, até o fado, tem uma certa influência nas canções, o que é natural já que a gaúcha está há alguns anos morando em Coimbra, cidade de Portugal onde ministra aulas e faz pesquisas como parte do corpo acadêmico da universidade.

Capa do CD Margem, de Adriana Calcanhotto

Além de um álbum, Margem também é o nome da nova turnê de Adriana Calcanhotto, em que a cantora passará por 13 cidades, entre elas, a capital federal. A série de shows têm início em agosto e segue até outubro. O encerramento ocorre exatamente em Brasília com apresentação em 18 de outubro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). ;Vai ser muito bom, porque vou poder fazer mais cidades do que consegui fazer com A mulher do Pau Brasil, que era uma coisa menos planejada, era a conclusão de um período acadêmico. Agora é o lançamento de um álbum;, diz.

Sobre o show, Adriana explica que será focado no repertório da trilogia e contará com a presença dos artistas que participaram da gravação de Margem. ;Os músicos Bem Gil, Bruno Di Lullo e Rafael Rocha estarão comigo. Isso é muito legal, primeiro, pela admiração que tenho por eles, na música e em tudo. Depois, o fato de ter feito o disco com eles e poder fazer isso também na estrada... Realmente é uma ideia muito encantadora. E eu diria que é algo bem raro;, acrescenta.

Álbuns da trilogia

Maritmo: Lançado em 1998, o material foi o quarto álbum da carreira de Adriana Calcanhotto. O disco vendeu mais de 150 mil cópias no país e é formato por 14 faixas. Entre os principais sucessos do CD está Vambora e Mais feliz.

Maré: Gravado em 2007 e lançado em 2008, o álbum, que é o sétimo da trajetória da artista gaúcha, tem 11 faixas. Destas, as canções que tiveram mais destaque foram Mulher sem razão, Três e Um dia desses.

Margem
De Adriana Calcanhotto. Sony Music, 9 faixas. Disponível nas plataformas digitais.

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