Diversão e Arte

O cinema sem Rubens Ewald Filho

postado em 20/06/2019 04:19


Conhecido como ;o senhor Oscar;, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho morreu, ontem, aos 74 anos. Ele estava internado desde maio no Hospital Samaritano, em São Paulo, quando deu entrada no local após ter desmaiado e sofrido um grave acidente. A informação da morte por problemas cardíacos foi confirmada pelo hospital.

Pelo grande conhecimento do cinema norte-americano e do seu sistema de premiação, Rubens Ewald Filho foi mestre de cerimônias em diversas emissoras de televisão para comentar a entrega do Oscar. Passou pela TV Globo e a casa mais recente foi o canal por assinatura TNT.

Com essa atividade televisiva, Rubens se tornou o crítico de cinema mais famoso do país, ajudando a divulgar o ofício de escrever, comentar e interpretar filmes por mais de 30 anos. Ficou conhecido pela cultura cinematográfica enciclopédica, tendo visto mais de 30 mil filmes ao longo da vida. Dono de memória privilegiada, sabia de cor o nome do diretor, do elenco, da equipe técnica e até do mais humilde extra dos filmes famosos.

Começou no jornal A Tribuna, em Santos (SP), e passou por outros jornais, como o Jornal da Tarde. No currículo, tinha mais de 30 publicações ligadas ao cinema, como o livro O Oscar e eu, publicado em 2003. Assina também o famoso Dicionário de cineastas e a coleção Aplauso, criada em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e que se tornou referência de pesquisa e leitura.

Ao longo da trajetória, assinou o roteiro de duas versões da novela Éramos seis (adaptação do romance de Maria José Dupré) e de produções como Gina (1978), Um homem muito especial (1980) e Drácula, uma história de amor (1980). Como ator esteve em Amor estranho amor (1982) e Independência ou morte (1972).

Também mostrou a faceta de gestor ao criar o Polo Cinematográfico de Paulínia (SP), com estúdios, escola de cinema e um festival que, em pouco tempo, alcançou prestígio nacional. O complexo cinematográfico de Paulínia colocou a cidade petroleira no mapa cultural, produziu vários filmes importantes e manteve um festival entusiasmante. Era curador da 47; edição do Festival de Cinema de Gramado, ainda a ser realizada.

No ano passado, foi protagonista de uma polêmica durante a transmissão do Oscar, na hora da premiação do longa Uma mulher fantástica, de Sebastián Lelio, ao identificar a protagonista, descuidadamente uma transexual mulher, como ;um rapaz;. Depois, se retratou publicamente.


"Tive a felicidade de conviver com ele em coberturas de festivais de
cinema, especialmente em Gramado. Sempre gentil e simpático.
Uma verdadeira enciclopédia sobre cinema.
Vai fazer falta"

Lucas Salgado,
jornalista e crítico de cinema


"Ele é o maior e mais respeitado crítico de cinema que o Brasil já teve,
nos acompanhou nas 15 transmissões do Oscar na TNT. Sentiremos
muito a sua falta"

Silvia Fu Elias,
diretora sênior de conteúdo da Turner

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